Max Verstappen iniciou sua trajetória na RBR com uma vitória no GP da Espanha de 2016 - Foto: Site Oficial da Red Bull Racing |
2020 mal começou e eis que já temos a primeira grande notícia do ano na Fórmula 1. Na última terça-feira (7), a Red Bull confirmou que Max Verstappen seguirá como piloto da equipe pelos próximos anos, renovando o vínculo do holandês, que se encerrava no fim deste ano, até o final de 2023. E fazendo uma breve reflexão sobre essa notícia, tal movimento faz sentido para todas as partes envolvidas.
Do ponto de vista da Red Bull, o novo acordo firmado com Max Verstappen é benéfico em vários sentidos, a começar pelo fato de reafirmar a posição da escuderia entre as grandes forças da principal categoria do automobilismo mundial.
Sim, ao meu ver a permanência de Verstappen - piloto extremamente talentoso e que poderia escolher para qual equipe guiar nas próximas temporadas - na Red Bull é, além de um grande acerto, uma reafirmação do time sobre seu status na F1. Isso porque o holandês tem sido o protagonista da maior parte das vitórias dos touros vermelhos na categoria desde a mudança de regulamento que deu início à era híbrida - e a consequente hegemonia da Mercedes, vencedora dos últimos seis mundiais de pilotos e construtores. Mesmo estando estabelecida há uma década entre as principais equipes da Fórmula 1 e de saber muito bem o que é ser o grande bicho papão do grid, os austríacos tornaram-se coadjuvantes nos últimos anos, aparecendo apenas em meio a alguns brilharecos quando era possível superar as flechas de prata. E isso aconteceu, em grande parte devido ao desempenho do holandês de 22 anos. Só para ilustrar a importância de Max para a RBR, desde que estreou pela equipe, no GP da Espanha de 2016, o piloto do carro #33 somou oito dos 12 triunfos da escuderia rubro-taurina em 79 corridas. Números bastante significativos.
Por esse motivo a renovação com Max é fundamental para manter o status da equipe intacto. Caso perdesse seu principal piloto para alguma de suas rivais, seria difícil para a Red Bull substituí-lo à altura. Ainda que o mercado de pilotos ofereça opções interessantes, uma vez que o atual grid possui muitos pilotos talentosos, não sei se a escuderia conseguiria atrair um piloto fora de série e capaz de transformar uma equipe como parece ser o caso de Verstappen. Talvez um retorno de Sebastian Vettel fosse um passo cabível e possível, mas ainda assim não seria o ideal porque a RBR estaria recorrendo a uma solução que segue um caminho oposto a política proposta pela marca de formar seus próprios pilotos e dar uma chance a eles enquanto ainda são jovens.
Aliás, ao manter o holandês na equipe, a Red Bull justifica mais uma vez os investimentos que faz em seu programa de desenvolvimento de jovens talentos, iniciado em 2001. Uma das ótimas propostas da marca na Fórmula 1, o programa já revelou ótimos nomes para a categoria. Entre os 20 pilotos que alinharão no grid para o GP da Austrália, em março, sete foram formados com o apoio da empresa austríaca. Além de Verstappen e Vettel, Alexander Albon, Carlos Sainz Jr., Daniel Ricciardo, Daniil Kvyat e Pierre Gasly são oriundos do programa. E a exceção do espanhol, todos já passaram pela RBR.
Em 2019, o holandês somou três vitórias e mostrou grande amadurecimento - Foto: Site Oficial da Red Bull Racing |
Por fim, com a manutenção de um dos principais pilotos da categoria, a Red Bull pode fazer de Verstappen o ponto focal de seu projeto para retomar o caminho dos títulos na F1. Ainda que em 2020 a tendencia seja de repetição na divisão de forças na categoria vista nos últimos anos, ou seja, com a Mercedes partindo da posição de favorita, seguida por Red Bull e Ferrari, a partir de 2021 uma nova mudança de regulamento deverá chacoalhar o grid. Assim, garantindo os serviços de Max para os próximos quatro anos, o time austríaco pode se adiantar e, quem sabe, sair na frente de suas principais concorrentes.
Já para Verstappen, a permanência na Red Bull até o final de 2023 também parece vantajosa. Aos 22 anos de idade e com cinco temporadas completas no currículo, o piloto holandês segue evoluindo, como pode ser comprovado durante a última temporada, a sua melhor na Fórmula 1 até o momento. Mais consistente e ainda veloz e agressivo, características naturais de sua pilotagem, o dono do carro #33 fechou o campeonato mundial na terceira posição, com 278 pontos, três vitórias, duas poles, nove pódios e três voltas mais rápidas. E embora tenha cometido ainda alguns erros - algo natural e que faz parte de sua curva de aprendizagem, o filho do ex-piloto Jos Verstappen vai se tornando um piloto completo e capaz de ser o líder que a RBR espera.
E muito disso se dá pelo fato de Verstappen encontrar na escuderia austríaca um ambiente que lhe permita continuar seu desenvolvimento, já ocupando a posição de líder, ao contrário do que poderia acontecer, por exemplo, na Mercedes ou na Ferrari, os outros dois times que estão no topo da pirâmide atualmente. Se decidisse partir para uma nova aventura em qualquer uma dessas duas escuderias, o holandês teria de se provar dentro de um novo ambiente, provavelmente enfrentando uma dura disputa interna contra um companheiro tão forte quanto ele e talvez já melhor adaptado àquela realidade. E mesmo que isso não o assuste, devido a sua personalidade, seria muito mais trabalhoso do que permanecer em um time onde ele já é a principal estrela e que deve lhe oferecer condições semelhantes de competitividade.
Na Red Bull ele tem todo um contexto favorável e, em meio às incertezas que o novo regulamento pode trazer em relação à equiparação de forças na Fórmula 1, dar um voto de confiança ao time que o projetou e que, como foi dito acima, está entre as principais escuderias da categoria, parece ser bem válido.
Verstappen é visto como líder da Red Bull e deverá ser ponto focal da equipe em seu projeto para retornar ao topo - Foto: Site Oficial da Red Bull Racing |
Outro ponto que pode ter pesado na decisão de Verstappen é a promissora parceria entre Red Bull e Honda. Depois de colecionar fiascos em três anos de trabalho com a McLaren, a fábrica japonesa enfim encontrou paz ao se aliar à marca austríaca, primeiro via Toro Rosso, em 2018, e depois expandindo a sociedade para a Red Bull. E os frutos deste projeto foram colhidos já em 2019, pois além das três vitórias e inúmeros pódios de Verstappen, a STR - que em 2020 muda seu nome para AlphaTauri - fechou duas corridas com um carro entre os três primeiros colocados: na Alemanha, com Kvyat em terceiro, e no Brasil, com Gasly em segundo. À título de curiosidade, aqui vão dois fatos sobre a importância dos resultados da fábrica japonesa: o primeiro é que, até o GP da Alemanha, a última vez que dois carros equipados com motores Honda haviam subido ao pódio de uma mesma corrida havia sido em 1992, no GP de Portugal, com Gerhard Berger em segundo e Ayrton Senna em terceiro. E o segundo é que a última dobradinha dos japoneses na categoria, antes do GP do Brasil de 2019, tinha sido registrada no GP do Japão de 1991, novamente com o duo Gerhard Berger e Ayrton Senna, ocupando a primeira e segunda posições, respectivamente.
Após alguns anos de dor de cabeça com a Renault, ao que tudo indica a parceria entre Red Bull e Honda parece ser bem promissora e, se bem trabalhada, pode alçar a escuderia dos touros vermelhos novamente ao topo da categoria. Talvez seja nisso que Verstappen aposta, em busca de seu primeiro título mundial.
Já no mercado da Fórmula 1, temos uma peça importante a menos no quebra-cabeça que se desenha para as definições de vagas a partir de 2021. Porém, não faltarão especulações ao longo do ano uma vez que estrelas como Lewis Hamilton, Sebastian Vettel, Daniel Ricciardo e até um possível retorno de Fernando Alonso ao grid, irão movimentar os bastidores.
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