Seis por meia duzia

Neste fim de semana, a F1 volta à pista na Espanha para a quinta etapa do mundial. No entanto, o assunto que mais me chamou à atenção hoje tem relação com o campeonato do ano que vem. Ao jornal britânico "The Independent", Bernie Ecclestone confirmou que o GP da Coréia do Sul não estará no calendário da F1 no ano que vem e o Azerbaijão (!?!?!?) vai ocupar essa vaga.

Falemos primeiro sobre a saída definitiva do GP da Coréia do calendário, algo que era questão de tempo acontecer. Desde a primeira vez que a F1 desembarcou por aquelas bandas, a prova sempre sofreu mais criticas do que elogios. Mais do que as corridas chatas e insossas protagonizadas em Yeongam, sempre faltou uma melhor estrutura no entorno do circuito para receber o circo. Mesmo de longe, nós que acompanhamos a categoria percebíamos isso. E esse foi um dos motivos apontados por Bernie Ecclestone para a não renovação com os organizadores da etapa.

Segundo o velhinho, os coreanos até estavam bem intencionados, fizeram um bom trabalho com a pista, mas... esqueceram do restante, do entorno. E francamente, ele tem razão. O autódromo fica no meio do nada (a mais de 300km da capital, Seul), fato que dificultava a vida de quem queria ir ao circuito e também de todos os envolvidos com a corrida no fim de semana de sua realização. Reflexo disso era o diminuto público das edições da prova que, além disso, não tem lá grande atrativo para se interessar pela categoria. O saldo disso foram os rumores de que a prova dava mais prejuízos do que lucros e a consequente sua saída definitiva.
E por mim, já vai tarde. A saída do GP da Coréia do Sul, que já estava fora do calendário desse ano, não é uma grande perda.

Agora, sobre a adição da prova no Azerbaijão.

Não surpreende de forma alguma esse acerto. Quem acompanha a F1 dos últimos anos sabe muito bem que a estratégia de Ecclestone é levar a categoria para países que paguem bem por uma etapa. Para ele, essa é uma expansão da marca (e de sua conta bancária), especialmente no mercado asiático, que não faz (ou que não fazia) parte do grande mercado da categoria. Por isso vemos corridas nas Coréias, Índias, Bahreins, Cingapuras e Abu Dhabis da vida e não mais em locais com mais tradição automobilística como Argentina, México, Portugal, entre outros.

Muitas vezes, essas localidades não têm a estrutura suficiente para abrigar uma prova da F1, ou mesmo não possuem condição de pagar o que pede o tio Bernie. Então, acabam relegadas ao esquecimento, enquanto existem países, onde parece brotar dinheiro, que atendem todas as exigências do baixinho e tomam esses lugares vagos. Faz parte da nova estratégia do homem que controla a F1 e também de uma realidade econômica no mundo. Particularmente não gosto, mas não se pode fazer nada contra isso. Bernie vai atrás da grana pouco importando o vínculo que o local tem com o automobilismo ou outras questões. Ponto final.
No caso do Azerbaijão, que segundo a matéria do "The Independent"  vai desembolsar, anualmente, £ 24 milhões, ou que representa quase R$ 90 milhões na cotação atual, até estão tentando fazer alguma coisa nesse sentido. O país abriga a final do Blancpain Sprint Series, que possui marcas como Audi, BMW, Ferrari, Lamborghini e Porsche. Mas é muito pouco em se tratando de tradição no esporte a motor.

O que dá para esperar dessa nova etapa, que deverá acontecer em um circuito montado nas ruas da capital do país, Baku, é mais do mesmo. Algo meio insosso, como são as corridas nesses locais que citei. Vez ou outra acontece algo de bom, mas a maioria das edições é uma chatice só.

A F1 está trocando uma prova nonsense por outra. Nada mais do que isso.

PS: Um fato curioso e que também não surpreende: segundo o periódico, por trás desse acerto está Flavio Briatore, que foi banido da F1, mas que ainda age bastante nos bastidores. De acordo com o jornal, foi o italiano que colocou na cabeça do presidente do país que ele deveria ir atrás de Bernie para tentar um acordo de levar a F1 pra lá. Deu certo.

É, certas coisas nunca mudam.

Fotos: GPUpdate.net
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