Acabou?

Após vitória em Monza, Hamilton abriu 53 pontos de vantagem para Rosberg e caminha a passos largos para o tri

Não, não é o blog que acabou – De volta ao batente após quatro (quase cinco) meses sem postar nada por aqui, cá estou para reativar o blog. E reabro com uma temporada 2015 da Fórmula 1 possivelmente finalizada. Lewis Hamilton venceu o GP da Itália do último domingo, 12ª etapa do mundial, e se colocou a uma distancia quase que inalcançável perante seu companheiro de equipe e principal rival na luta pelo título, Nico Rosberg, que com problemas no motor nas últimas voltas, abandonou a corrida. Agora, os dois estão separados por 53 pontos com apenas sete provas restando para o término do campeonato.

E como não poderia deixar de ser, diante de uma vantagem tão grande entre líder e vice líder, muitos especialistas já dão esse mundial por finalizado em favor do bicampeão.

Partilhando de uma opinião semelhante, tento fazer uma analise nas linhas abaixo do porquê considero que Hamilton tem tudo para comemorar o tri e se ainda há alguma esperança para que Rosberg consiga uma virada improvável.

Pontuação que traz conforto a Hamilton


Comecemos com os números e as frias estatísticas. De um lado temos Lewis Hamilton, com 252 pontos conquistados ao longo de 12 provas, o que lhe dá uma média de 21 pontos ganhos por corrida. Do outro está Nico Rosberg, com 199 pontos nas mesmas 12 etapas e com uma média de 16,58. Entre os dois pilotos das flechas de prata estão 53 pontos.

Números postos, comecemos a dimensionar os tamanhos da tranquilidade que eles trazem para um e o estrago que eles representam para as pretensões do outro.

Fazendo uma analogia simplória, Nico só teria condições de superar Lewis em no mínimo três corridas. Dessa forma, Hamilton poderia ficar em casa (ou se esbaldando nas festas em que ele tem comparecido ultimamente) nas etapas de Cingapura e Japão que ainda voltaria como líder no GP da Rússia, independente dos resultados de Rosberg. E esse é um 'gap' mais do que significativo, pois ambos possuem o mesmo equipamento e, em tese, as mesmas condições.

Com carro superior a concorrência, Hamilton pontuou em todas as corridas e só não foi uma vez ao pódio, na Hungria
Mas a situação do alemão é bem pior do que isso, pois ele não depende mais de seus próprios esforços. Mesmo que baixe um santo em Nico Rosberg e ele saia ganhando corrida atrás de corrida, vencendo assim todos os GPs até o fim do mundial e somando 374 pontos ao fim de uma sequencia que seria excepcional, ele ainda perderia o título caso Hamilton termine as sete etapas restantes em segundo lugar. 

Nesse cenário, o dono do carro #44 finalizaria sua campanha com 378 pontos, quatro a mais que o seu companheiro. E ele poderia até se dar ao luxo de terminar uma dessas etapas em terceiro, que ainda comemoraria o tri por um ponto.

Os números estão, definitivamente, ao lado de Hamilton, o que lhe traz uma situação de muita tranquilidade.

Desempenho favorece o bicampeão


Outro ponto que deve ser considerado nesta analise é o desempenho da dupla neste mundial. Desde o início da temporada já sabíamos que a disputa pelo título ficaria restrita entre Hamilton e Rosberg. Pela forma com que a Mercedes dominou o campeonato passado e pelas poucas mudanças técnicas e de regulamento de 2014 para 2015, era certo que os alemães seriam poucas vezes ameaçados, como tem acontecido. Assim, a única duvida que ainda restava era sobre a disputa interna: teria mesmo Nico Rosberg condições de superar Lewis Hamilton na pista? Bem, 12 etapas depois do início do mundial, a resposta parece clara.

Foram poucos os momentos neste ano em que o alemão conseguiu fazer frente ao inglês. Hamilton tem sido muito superior há exatamente um ano, desde o GP da Itália do ano passado. De lá pra cá aconteceram 19 corridas, com 13 vitórias do britânico contra quatro do germânico. Mais que o triplo. E nas duas provas que não tivemos pilotos da Mercedes no topo do pódio nesse período (ambas vencidas por Sebastian Vettel), Lewis terminou à frente de Nico. Ou seja, o bicampeão chegou 15 vezes à frente do companheiro entre as duas etapas italianas.

Não bastasse isso, Hamilton tem batido Rosberg em um quesito que o alemão dominou no ano passado: as pole positions. Só neste ano são 11 poles do piloto do carro #44 contra apenas uma do dono do carro #6. À titulo de comparação, Nico marcou 11 poles em 19 etapas no mundial de 2014, o que mostra como ele tem sido engolido por Lewis até mesmo nas situações onde ele se sobressaia.

Bicampeão já venceu sete provas neste ano e marcou 11 poles. Seu rival ganhou apenas três vezes e tem uma pole
O fato é que Nico Rosberg não tem conseguido dar respostas consistentes a performance do companheiro. Por mais que ele tenha ameaçado o inglês com vitórias nos GPs da Espanha, Mônaco e Áustria (suas três únicas até aqui em 2015) em uma série de quatro provas, que incluiu o GP do Canadá, vencido por Hamilton.

Aliás, podemos dizer que Nico ganhou com "méritos próprios" somente na Espanha, quando fez a pole e venceu com autoridade, e na Áustria, onde superou seu rival com uma bela ultrapassagem na largada. Sua vitória nas ruas de Monte Carlo, no entanto, caiu em seu colo, após um erro de estratégia da Mercedes, que chamou Lewis para um pit que muitos julgaram desnecessário. O inglês tinha aquela etapa sob controle.

Como vemos, desde a prova no circuito de Red Bull Ring que Rosberg não consegue superar seu adversário. E a contar daquela corrida em diante, Hamilton chegou todas às provas à frente do germânico, vencendo três delas.

Não bastasse a vantagem na tabela, o desempenho de Lewis tem sido superior ao de Nico no ano. E isso só traz mais segurança às opiniões de que o britânico será campeão.

Retrospecto também ajuda o inglês


Se os números e o desempenho de Hamilton já soavam como socos nas pretensões de título de Rosberg, o retrospecto vem como mais um golpe para desanimar o alemão, ainda que este possa ser o ponto de menor relevância nesta analise.

Das últimas sete provas do calendário, Lewis venceu cinco delas, sendo três (Cingapura, EUA e Abu Dhabi) por mais de uma vez. São pistas onde ele guia com muita propriedade. Já suas vitórias em Suzuka e em Sochi aconteceram no ano passado - o GP russo só aconteceu uma vez, é bom frisar. Dessa forma, somente em Interlagos o inglês não tem vitórias, bem como no autódromo Hermano Rodriguez, que retorna ao calendário somente neste ano.

Lewis já venceu em cinco das próximas sete pistas por onde a F1 passará até o fim do ano. Nico só ganhou em uma
Rosberg, por sua vez, nunca triunfou em nenhum dos circuitos listados acima, a exceção de Interlagos, onde venceu no ano passado. Seus melhores resultados em Marina Bay (2008), Suzuka, Sochi e Austin (todos em 2014) são segundos lugares, enquanto em Yas Marina sua melhor posição de chegada foi um terceiro lugar, em 2013.

Aliás, aqui vai um dado curioso sobre Nico: de suas 11 vitórias na F1, 10 foram conquistadas na primeira metade de um campeonato. Sua única vitória no pós-férias da F1 foi justamente no Brasil.

Por esses motivos, se quiser ser campeão o alemão vai precisar, além de ter sorte, quebrar alguns tabus em sua carreira.

Há ainda algum tipo de esperança pra Rosberg?


Não se pode dizer que as esperanças acabaram para Rosberg. Matematicamente, o campeonato ainda está em aberto e enquanto houver chances é possível acreditar. Contudo, conquistar o título será uma tarefa muito difícil. E o próprio atual vice-campeão da categoria admite isso, segundo a Sky Sports.

"Após a quebra do meu motor e a vitória de Lewis (Hamilton) seria necessário um pequeno milagre para ganhar o título mundial na Fórmula 1"

Nico Rosberg

Sendo otimista, para mim só há um jeito de Rosberg ganhar o título: contando com muita sorte de sua parte e azar da parte de Hamilton.

Como disse acima, as perspectivas do alemão são muito ruins. Já não depende mais de seus próprios esforços para ser campeão, tem sido superado por Hamilton de todas as formas possíveis e seu retrospecto nas pistas que vêm por aí é inferior ao do inglês. Então, só lhe resta torcer para que o companheiro tenha dificuldades nas pistas durante as próximas etapas. Enumero algumas delas.

Falhas mecânicas: ainda que a Mercedes tenha melhorado no quesito confiabilidade de 2014 para 2015, a equipe não está imune a problemas. E o próprio Rosberg sentiu isso na pele em Monza, com o motor de seu carro indo para o espaço. Por isso, não dá pra descartar essa hipótese apesar de que, à essa altura do campeonato, a Mercedes fará de tudo para minimizar possíveis falhas que afetem seus dois pilotos.

Apesar das poucas chances de título, Rosberg ainda pode ter esperanças. Problemas com Hamilton podem ajudar
Contudo, nem sempre é possível evitar problemas em um equipamento tão complexo quanto um carro de F1.

Erros de Hamilton: mesmo guiando de forma mais madura e com a tranquilidade trazida pela vantagem que possui, Lewis não é imune a erros. E dois episódios desta temporada ilustram isso. A dupla da Mercedes teve largadas ruins nos GPs da Inglaterra e da Hungria, perdendo as primeiras posições para Williams e Ferrari, respectivamente. Em Silverstone, Hamilton ainda conseguiu se recuperar durante a prova e vencer. Contudo, quase colocou tudo a perder ao exagerar em uma tentativa de ultrapassagem em Felipe Massa, durante uma relargada.

Já em Hungaroring, depois de cair da pole para o quarto lugar na primeira curva, o inglês tentava se aproximar para ultrapassar Rosberg. Entretanto, ele voltou a se precipitar e acabou saindo da pista e perdendo várias posições. Aliás, nesta mesma prova ele teve batalhas duras no meio do pelotão, cometendo alguns erros e perdendo terreno. Salvou um sexto lugar no fim, mas poderia ter ido bem melhor do que foi.

Ressalto que esses são casos isolados em uma temporada que Hamilton tem sido, de fato, o melhor piloto do grid. Mas erros acontecem. E muitas vezes acabam sendo onerosos.

Ações externas: coisas que fogem ao controle de pilotos e equipes também podem ajudar Rosberg. Uma chuva que caia na hora errada para o rival, um pneu furado, um erro de outro piloto que afete Hamilton, tudo isso pode acontecer e dar aquela mãozinha para Nico. Às vezes, são momentos como esses que mudam os rumos de um campeonato, mesmo que passem despercebidos.

Claro que contar somente com esse tipo de acontecimento na luta por um título é muito pouco. Sem contar que o alemão vai precisar também fazer sua parte, aumentando seu nível de pilotagem. Mas é só isso o que Nico tem no momento. E ele vai ter de se apegar a essas chances se não quiser amargar mais um vice campeonato.

Fotos: GPUpdate.net
Share on Google Plus

About Diego Maulana

    Blogger Comment
    Facebook Comment

0 comentários: