Alguns pensamentos sobre o GP do Brasil

Nem a largada do GP do Brasil trouxe algum tipo de emoção. Não lembro de corrida tão chata em Interlagos

Aqui vão umas palavrinhas sobre o modorrento GP do Brasil do último fim de semana e alguns comentários sobre o que ocorreu no pós corrida.

Uma prova chatíssima


Fazia tempo que não assistia a um GP do Brasil tão chato como esse de domingo. Faltou emoção, faltaram disputas mais intensas, faltou até mesmo aquela chuva (que vem da represa, amiiiiiigo) e sempre dá um toque de imprevisibilidade às provas. Faltou muita coisa.

Nas 71 voltas que assistimos, pudemos ver poucos brilharecos, proporcionados por pilotos que vinham mais da parte de trás do grid. Max Verstappen, Romain Grosjean, Felipe Nasr e Pastor Maldonado até fizeram algumas boas ultrapassagens, sendo combativos. Mas nada além disso.

Enquanto isso, os carros que iam a frente se dividiram em blocos, com as Mercedes na frente, a Ferrari de Vettel logo atrás, os finlandeses Kimi Räikkönen e Valtteri Bottas os seguindo, e um grupinho formado por Hulkenberg, Kvyat e Massa fechando o top 8, sem ninguém conseguindo atacar o rival que ia imediatamente a frente com mais veemência.

Pra mim, o GP do Brasil foi apenas a síntese dessa temporada 2015. Um ano chato de alguns poucos brilharecos.

Rosberg vence. E merecidamente!


Lewis Hamilton reclamou que a Mercedes não deixou que ele mudasse a estratégia para tentar surpreender e superar Nico Rosberg. Mas creio que, mesmo que essa mudança fosse autorizada, o tricampeão não conseguiria ultrapassar seu companheiro. Nico guiou muito no domingo e não deu a menor chance de reação a Lewis, triunfando de forma mais que merecida.

Nico Rosberg dominou o GP do Brasil e venceu de forma merecida. Alemão vive seu melhor momento na temporada

Ao meu ver, o alemão controlou a prova de forma magistral, não dando o menor espaço para o rival. Nico só foi incomodado pelo companheiro durante poucas voltas e mostrou-se muito inteligente para controlar os ensaios de ataques do inglês, tal como aconteceu no México. Tinha total controle da situação. Nem o erro da Mercedes em sua primeira parada foi suficiente para atrapalha-lo. E no fim, ainda abriu uma boa vantagem para vencer com tranquilidade.

Agora, Rosberg tem cinco poles e duas vitórias consecutivas e vive o seu melhor momento no ano, com o vice-campeonato assegurado, ainda que essa reação seja muito tardia, pois vem numa hora em que pode-se alegar que não vale muita coisa. Contudo, penso de forma um pouco diferente. 

Essa série de boas performances pode recobrar sua confiança, tão abalada durante toda a temporada por conta do domínio de Hamilton, fazendo dele um adversário mais combativo em 2016, pelo menos. Claro que o cenário para a próxima temporada ainda não é certo e fazer qualquer previsão é pensar muito à frente. Entretanto, Rosberg dá mostras de que pode ressurgir. E isso será bom para o próximo campeonato.

Polêmicas das estratégias


Um dos assuntos mais comentados no pós-corrida foi a estratégia adotada pela Mercedes, que elaborou táticas iguais para seus dois pilotos, como já vem fazendo durante a temporada. E foi exatamente essa falta de, digamos, flexibilidade estratégica que gerou criticas por parte de Lewis Hamilton, segundo colocado.

O inglês, que ficou a prova toda atrás do companheiro Nico Rosberg, disse que queria tentar algo diferente, uma tática que pudesse leva-lo a surpreender o adversário. Porém, sua equipe não permitiu e preferiu garantir mais uma dobradinha a arriscar perder o lugar para Sebastian Vettel. 

Pra mim, a situação da Mercedes é muito confortável, portanto não dava pra esperar algo diferente. Por mais que o campeonato já esteja decidido, é muito mais negócio para os alemães seguirem conquistando dobradinhas do que se arriscarem, ainda que seja pelo "bem do esporte". É aquela velha história do "em time que está ganhando não se mexe".

Entendo que dar estratégias iguais para seus dois pilotos serve para que a cúpula germânica mantenha ambos sob rédeas curtas, ainda que um ou outro possa reclamar aqui e ali, evitando que o clima se deteriore ainda mais levando a episódios como o da Bélgica/2014 onde a equipe sai perdendo. Por isso preferem ou não têm a necessidade de arriscar. Se fosse em outro cenário, onde precisassem de um resultado, talvez tivessem tomado outro tipo de decisão.

Estratégias iguais para os dois pilotos irritaram Hamilton, porém funcionaram para Mercedes alcançar mais uma dobradinha

Quanto a Hamilton, entendo sua frustração e não vejo suas reclamações como choro ou algo parecido. Assim como veria da mesma forma se fosse com Rosberg ou qualquer outro piloto do grid. E até concordo que, neste momento, com tudo decidido, a Mercedes poderia sim arriscar mais. Mas aí cai naquilo que disse acima: a cúpula alemã não me parece muito disposta a causar mais rusgas dentro de um ambiente que não é dos melhores. Já pensou se Hamilton recebe uma estratégia diferente e vence, sem que Rosberg tivesse o mesmo tratamento? Iria parecer favorecimento a um em detrimento do outro, tudo o que a equipe não quer no momento.

Enquanto estiver funcionando este tipo de abordagem, a Mercedes continuará seguindo este caminho.

Hamilton x Rosberg = Senna x Prost?


Pra finalizar esse resumão Mercedes/Hamilton/Rosberg, uma comparação feita por Paddy Lowe, diretor-técnico da equipe alemã.

“É muito importante para a equipe ter dois pilotos fortes, dois pilotos totalmente motivados. (...) Isso inclui a fé de que se pode vencer, não apenas corridas, mas também campeonatos. Temos muito talento nesta equipe que não posso me lembrar de nada igual desde Senna e Prost com a McLaren”

Paddy Lowe

Sobre isso, serei sucinto: MENOS LOWE, MUITO MENOS!

Vejo essas declarações do inglês mais como uma forma de inflar os egos de seus pilotos, comparando a situação a quem vivem a uma outra vivida por dois dos maiores pilotos da história, do que algo sério. Até porque, creio que outras rivalidades recentes foram até mais intensas do que essa, como a do próprio Hamilton com Fernando Alonso em 2007.

E convenhamos, mesmo que eu corra o risco de parecer saudosista, Lewis não se compara ao nível de Senna e muito menos Nico ao de Prost.

Felipe Massa desclassificado


O fim de semana de Felipe Massa não foi dos melhores. Sem obter um bom desempenho durante os treinos e a corrida, o brasileiro não passou de um oitavo lugar no domingo, que virou uma desclassificação já que, segundo a FIA, seus pneus apresentaram irregularidades. A Williams vai recorrer, mas é provável que não dê em nada.

McLaren: melhor fora do que dentro da pista


Se as coisas não estão boas para a McLaren dentro das pistas neste 2015, pelo menos fora delas o time foi um dos que chamou a atenção nesse fim de semana, graças a sua dupla de pilotos. Nos treinos de sexta-feira, Fernando Alonso teve um motor estourado. Na classificação do dia seguinte, outro propulsor foi embora, durante o Q1. E o que o espanhol fez? Foi pegar um sol sentado numa cadeira.

Sem poderem fazer muito na pista,  Alonso e Button resolveram encarar a situação ruim da McLaren com humor

E não parou por aí. Ao voltar aos boxes, o bicampeão encontrou-se com seu companheiro, Jenson Button, e ambos foram tirar fotos no pódio (de onde ficaram muito longe em 2015) pra terminar a zoeira do fim de semana, que quebrou um pouco a chatice dessa etapa.

Pelo menos o pessoal de Woking não perdeu totalmente o senso de humor...

Notas soltas


Max Verstappen foi um dos poucos que levaram alguns brilharecos ao GP do Brasil, como na bela ultrapassagem, por fora no S do Senna em Sergio Perez. Cada vez mais gosto desse moleque, que se mostra um piloto atrevido e arrojado. Estou ansioso para vê-lo em um carro que lhe dê melhores condições;

A Force India garantiu o quinto lugar no mundial de construtores, seu melhor resultado até hoje na categoria. É um time que vem trabalhando sério e que tem uma boa dupla de pilotos. Perez foi ao pódio duas vezes e Hulkenberg, se não vem tendo o destaque de anos anteriores ou resultados mais expressivos, segue sendo extremamente consistente. Torço muito pelo sucesso continuo de Vijay Mallya e seu grupo na categoria;

Felipe Nasr bem que lutou, mas as limitações do carro da Sauber impediram que ele pudesse conquistar um resultado melhor. Contudo, ele ainda vem tendo um saldo positivo na temporada. 2015 foi um ano de bom aprendizado para o brasiliense. Se tiver um carro melhor em mãos na próxima temporada, pode ser mais consistente ainda.

Fotos: GPUpdate.net e Antena3.com
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