Vamos falar de Sérgio Sette Câmara. O mineiro, de 19 anos, trouxe o Brasil aos holofotes do automobilismo internacional no último fim de semana, em Spa-Francorchamps. Havia muito tempo que um piloto brasileiro não vencia pela Fórmula 2 (antiga GP2). Felipe Nasr, ex-Sauber, foi quem realizou o feito pela última vez.
Foi no mesmíssimo circuito que Sette Câmara cruzou a bandeirada em primeiro, em Spa. No dia 24 de agosto de 2014, o brasiliense venceria a corrida curta da rodada dupla na Bélgica, seguido de Johnny Cecotto Jr. e Jolyon Palmer (conhece?). Nasr foi o terceiro colocado na temporada e, em 2015, estrearia na Fórmula 1.
Sette Câmara em seu primeiro momento no alto do pódio da F2 |
Mas eis que somos acordados pela notícia de que Sérgio Sette Câmara venceu pela F2 em Spa-Francorchamps e o fez de forma madura, administrando a ponta que tomara na largada - após ser o terceiro no grid invertido para a segunda prova. Sette Câmara foi o oitavo piloto diferente a vencer na Fórmula 2, categoria amplamente dominada pelo monegasco Charles Leclerc.
Dá pra dizer que esta vitória do mineiro é um sopro de esperança para o seu futuro? Sim, dá. Seu talento existe (até porque se não existisse seria de se imaginar que não estaria pilotando na categoria de base mais próxima da F1) e vencer em meio a uma categoria disputada e cheia de bons valores é um diferencial para um estreante.
Sette Câmara teve de batalhar até chegar à F2. Sabemos bem que a falta de apoio à base no automobilismo brasileiro é um impeditivo na maioria das vezes, mas quando o talento e a força de vontade se sobressaem aos obstáculos, é porque algo de bom tem de ter. A concorrência na Europa é forte, pois Alemanha, Grã-Bretanha e França, tradicionais forças do automobilismo europeu, estão cada vez melhores na formação de pilotos, assim como outras frentes europeias.
O mineiro chegou na F3 Europeia, em 2015, e alternou muitos resultados discretos e ruins com boas apresentações - quatro pódios incluídos, sendo um em segundo lugar no GP de Pau, na França. Sérgio mostrou seu valor ao marcar dois terceiros lugares no Masters de Fórmula 3, em Zandvoort, na Holanda. Somou um terceiro lugar no tradicional Grande Prêmio de Macau, estando atrás de profissionais como António Félix da Costa e Felix Rosenqvist, hoje pilotos da Fórmula-E.
Sette Câmara, ao lado de António Félix da Costa, vencedor do GP de Macau de 2016 |
Mesmo encarando uma forte concorrência, com nomes muito bons na pista, Sette Câmara provou que pode evoluir e ser competitivo. A vitória na F2 é uma amostra. Após resultados bastante discretos até Spa, Sérgio demonstrou evolução na volta das férias e pontuou nas duas provas belgas, com uma vitória na corrida curta, coisa que até então não havia conseguido. Hoje, Sette Câmara é o brasileiro mais próximo da F1, talvez ao lado de Felipe Nasr, que tira ano sabático. Mas considerando apenas a base, Sérgio é o mais próximo.
Seria um absurdo cogitá-lo na Fórmula 1 em dois ou três anos? Levando em conta a turma que tem entrado nos últimos anos, como Rio Haryanto, Jolyon Palmer, Roberto Merhi, Will Stevens, Marcus Ericsson, Esteban Gutiérrez e Max Chilton, não seria absurdo algum ter Sette Câmara na F1. É claro que, para chegar lá, o mineiro terá de se provar mais competitivo e ter algum patrocínio que o sustente, pois esta, infelizmente, é a realidade da categoria máxima.
É muito cedo, todavia, para cravar que Sérgio Sette Câmara chegará na Fórmula 1. Potencial para tal, não duvido que tenha. Só terá de mostrar que é capaz de competir no nível da turma que está ao seu lado na F2, assim como Lucas di Grassi, Nelsinho Piquet, Bruno Senna e Felipe Nasr já conseguiram mostrar em seus tempos de GP2. Tendo resultados aliados a desempenho competitivo, não haverá a menor chance de nos constrangermos em dizer que Sette Câmara está habilitado para ingressar na Fórmula 1.
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