Grandes passos rumo aos tetras

Lewis Hamilton comemora vitória improvável em Singapura e disparada no campeonato/ Foto: GPUpdate.net
Ao fim da prova de classificação para o GP de Singapura, os tempos mostravam a seguinte ordem para o grid de largada: a pole position - a 49ª na cerreira - era de Sebastian Vettel, com Max Verstappen dividindo a primeira fila com o alemão. Na segunda fila, apareciam Daniel Ricciardo e Kimi Räikkönen. Lewis Hamilton, líder do campeonato mundial, era apenas o quinto, ao lado de seu companheiro Valtteri Bottas. Sim, como o previsto ao longo da semana, as flechas de prata encontraram muitas dificuldades para se adaptar ao circuito urbano de Marina Bay e, pelo menos na classificação, não tinham ritmo suficiente para acompanhar Ferraris e Red Bulls.

Com esse cenário, Lewis Hamilton soube - assim que saiu do carro após a classificação, que iria precisar de um milagre para sair do país asiático não na liderança do mundial, mas sim com a menor desvantagem possível para o favorito Vettel, já que não era provável que ele vencesse a 14ª etapa do calendário. Se o top 5 terminasse com os pilotos mantendo suas posições de largada, uma situação plausível, a vantagem de três pontos que o tricampeão sustentava até ali se tornaria uma desvantagem de 12. Talvez, se Hamilton contasse com uma pitada de sorte e aproveitando uma boa estratégia, fosse possível para ele salvar um pódio, o que reduziria o prejuízo diante de uma vitória de Seb, deixando a diferença em quatro ou sete pontos. De qualquer forma, a situação era complicada e parecia que Lewis não tinha muito a fazer a não ser diminuir ao máximo a prejuízo para poder voltar a lutar para retornar ao topo da tabela nas etapas seguintes.

No entanto, o domingo se tornou um grande dia para o inglês. Antes de o GP de Singapura começar, veio a primeira grande surpresa do dia: a chuva. Pela primeira vez, desde 2008 - quando estreou no calendário da Fórmula 1, a etapa noturna em Marina Bay teria pista molhada, uma novidade que traria um certo grau de imprevisibilidade à prova, algo benéfico para Hamilton e para a Mercedes, já que isso poderia equilibrar um pouco a situação. Grande parte do grid optou por calçar os compostos intermediários, já que a chuva não era forte. E assim foram para a largada.

Quatro curvas após as luzes vermelhas se apagarem, contudo, toda a esperança que Hamilton tinha de ver uma corrida mais equilibrada por conta da chuva transformou-se em um milagre muito maior do que aquilo que era imaginado. Àquela altura, o inglês já era líder e via Vettel abandonar. Creio que nem na noite anterior à prova, tendo o melhor dos sonhos, ele imaginasse que estaria em tal posição sem esboçar o mínimo esforço. Tudo o que ele fez foi largar bem para superar o terceiro colocado no grid, Daniel Ricciardo. No resto, contou com sua sorte e com o azar do tetracampeão ferrarista.

O contexto da largada, você já sabe se assistiu a corrida ou acompanhou o noticiário. Vettel largou de forma a sustentar sua posição, assim como Verstappen. Räikkönen, entretanto, partiu muito bem do quarto posto e já se preparava para assumir, pelo menos, o segundo lugar. Contudo, Seb veio trazendo o carro um pouco para a esquerda, tentando dificultar a vida de Max, que por sua vez, também deu uma leve mudada de direção para evitar qualquer contato com a Ferrari que vinha à direita. Porém, Kimi estava do outro lado e aí as Ferraris acabaram ensanduichando a Red Bull de Verstappen. O toque entre os três carros foi inevitável, com o finlandês e o holandês ficando ainda na primeira curva - e levando consigo Fernando Alonso, outro que largara muito bem. O espanhol ainda permaneceu na pista, mas abandonou pouco depois. Já Vettel ainda conseguiu manter a liderança, mas com o carro bastante avariado, rodou sozinho, bateu o bico do carro no muro e abandonou antes da quarta curva.

Sem os rivais, a Hamilton restou fazer a sua parte muito bem feita. E como tem sido praxe, ele o fez, sem sustos e sem maiores complicações, obtendo o terceiro triunfo consecutivo e 60º na carreira.
Vantagem de Hamilton agora é de 28 pontos e lhe permite um melhor controle na ponta do mundial/Foto: GPUpdate.net
Com a vitória, Lewis abre 28 pontos de vantagem diante de Sebastian, e dá um passo importante para consagrar-se tetracampeão ao término do mundial. É essa "gordura" acumulada que garante ao piloto da Mercedes a oportunidade administrar suas próximas corridas até de forma mais cautelosa, se for necessário. Não que ele passará a adotar uma postura mais conservadora a partir de agora. Conhecemos a agressividade do inglês e duvido muito que ele não vá em busca das vitórias nas seis etapas restantes. Porém, ele ganha a possibilidade de encarar o restante do campeonato por uma outra perspectiva.

Já Sebastian Vettel precisará seguir o caminho oposto ao de Hamilton, tendo de arriscar mais. Para voltar a pressionar o britânico, um pouco de sorte se fará necessária, assim como atuações perfeitas do alemão. A perspectiva para as próximas provas não apontam pistas que favoreçam a Ferrari mais do que a Mercedes. Dessa forma, o tetracampeão não poderá perder terreno e nem desperdiçar chances.

É bom frisar ainda que o campeonato ainda terá componentes bastante variáveis, já que ninguém está imune a problemas mecânicos, acidentes, ou outros que tais. Vettel pode trazer a diferença pra três pontos novamente já na próxima corrida. Ou pode ver a desvantagem aumentar caso tenha que enfrentar mais alguma adversidade.

O campeonato ainda não acabou e promete ter ainda boas doses de emoção até Abu Dhabi. Hamilton é o favorito, deu um ótimo passo rumo ao título, mas tem em Vettel um grande e perigoso rival.

Mercedes se aproxima do tetra


Mas não foi só Hamilton que saiu de Singapura com um sorriso de orelha a orelha. Ninguém na Mercedes deve ter saído triste de Marina Bay. Tudo porque a escuderia germânica abriu mais 40 pontos de vantagem em relação a Ferrari no mundial de construtores, graças a vitória de Hamilton, ao terceiro lugar de Bottas e aos abandonos de Vettel e Räikkönen.

Com 475 pontos ganhos contra 373, fica claro que o time alemão levará o título de equipes neste ano. Os dois pilotos que guiam as flechas de prata formam hoje uma dupla muito mais consistente do que os pilotos do time vermelho. Kimi Räikkönen tem sido o ponto de desequilíbrio da escuderia de Maranello.
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