Schumacher x Hill

Adelaide, 1994. Michael Schumacher e Damon Hill disputavam o título mundial na última prova do ano. A vantagem era do alemão da Benneton, que liderava a corrida e a tabela de classificação. Porém, na volta 36 ele erra e bate, danificando seu carro. O inglês vinha em segundo, pronto para fazer a ultrapassagem e assumir a ponta, o que lhe garantiria o título. Mas em uma manobra polêmica, Schumacher joga seu carro contra o de Hill. Os dois batem e Michael abandona. Hill tenta seguir, mas sem condições, deixa a prova. Schumacher é campeão.

Mônaco, 2010. Em sua volta a F1, Schumi está em sétimo, na última volta, sob bandeira amarela. Damon Hill, aposentado, é um dos convidados do presidente da FIA, Jean Todt, para trabalhar como comissário nessa prova. Na última curva, com o safety car entrando nos boxes, Michael se aproveita de um vacilo de Fernando Alonso, o ultrapassa e termina em sexto. Manobra controversa e que foi colocada sob judice. Depois da prova, os comissários, Hill entre eles, julgariam a manobra.

Duas situações distintas, de diferentes épocas, mas que causaram um certo mal estar no circo da F1. Iria Damon Hill se vingar de Schumacher pela manobra que lhe custou o título de 1994?

Acho pura bobagem pensar dessa forma, como muitos o fizeram.

Assim que acabou a prova, começaram as especulações sobre uma possível punição a Schumacher. Ai lembraram que Hill era um dos comissários. E a história começou a ganhar força. Porém, punir Michael Schumacher, um heptacampeão mundial, detentor de quase todos os recordes da categoria, com a perda de uma SEXTA posição seria uma grande vingança? Só alguém com pensamento muito pequeno poderia agir dessa forma. Talvez, se a punição envolvesse a disputa do título, pudéssemos ter uma margem para pensar dessa forma. Mas a disputa era por uma posição intermediária. Não faz sentido.

Damon Hill, que veio a ser campeão em 1996, pode até ter rancor em relação a Schumacher, ressentimento com aquela vigarice que o alemão aprontou em 1994. Mas tenho certeza de que ele sabe separar as duas coisas e que isso não interviu na decisão, que, diga-se de passagem, foi tomada em conjunto com os outros três comissários. O próprio Hill se disse incomodado por ter de julgar um caso do antigo rival e que se “sentiu intimidado por alguns sorrisos tortos”. Ele sabia que isso geraria boatos como esses e que colocariam em xeque sua seriedade.

Mas o fato é que houve erro por parte do piloto e da equipe. Os comissários só seguiram o que o regulamento determina. E não podem ser criticados de forma alguma por isso.

Criou-se uma polêmica desnecessária e que não traz beneficio nenhum. Algo para se ter do que falar após um GP insosso. E conseguiram.

Fotos: Autosport.com e Tazio.com.br

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