Coluna #ForaDasPistas - Uma reformulação é necessária

Posterguei, posterguei e posterguei este post mas, enfim, um dos assuntos que motivaram a criação desta coluna vai sair do forno: o Chicago Bulls. Sou torcedor da franquia de Illinois desde os cada vez mais longínquos anos 1990, quando comecei a acompanhar um tal de Michael Jordan barbarizar nas quadras americanas e conquistar seis títulos de maneira quase que consecutiva. Contudo, o melhor de todos os tempos parou e sem ele a fonte de títulos secou, apesar do time ainda ter tido bons momentos nos últimos anos. Mas hoje a situação é diferente. E complicada. A franquia baseada na cidade dos ventos vive diversos problemas com seus principais jogadores e parece estar estagnada, sem ter muito para onde ir. Seria hora de uma reformulação no elenco? Bem, não sou um especialista, mas deixo aqui meus pitacos de torcedor sobre o momento do Bulls e o que pode ser feito para que no futuro os touros voltem a ganhar títulos. Vamos lá.
Após dominar a década de 1990, Chicago Bulls tenta retomar o caminho dos títulos na liga. Equipe é forte, mas ainda não foi capaz de alcançar o sétimo troféu
Olhando para o elenco atual do time de Chicago e esquecendo os problemas físicos que alguns jogadores possuem, não dá pra negar que a equipe possui condições de ter sucesso na fraca conferência leste. Derrick Rose, Kirk Hinrich ou D. J. Augustin, Jimmy Butler, Carlos Boozer e Joakim Noah formariam um bom time inicial, deixando ainda opções de banco como Taj Gibson, Mike Dunleavy Jr., Hinrich ou Augustin e o novato Tony Snell. Este não chega a ser um grupo extraordinário e é fato que, para ser um concorrente de maior peso ao título da conferência, enfrentando o Miami Heat ou o Indiana Pacers, o Bulls precisaria de mais alguns jogadores de boa qualidade no banco. Porém, já seria possível incomodar os rivais e, dependendo da situação, supera-los.

O problema é que não se pode simplesmente esquecer as deficiências físicas de parte do elenco. Elas existem e têm sido um dos calcanhares de Aquiles do Bulls nos últimos anos. E o maior exemplo disso é visto na grande estrela da franquia. Indiscutivelmente, nosso franchise player, Derrick Rose, é um dos grandes da liga. O time é construído ao seu redor e ele tem um grande potencial ofensivo. Tanto que venceu o prêmio de MVP - dado ao melhor jogador da NBA - da temporada 2010-2011. Contudo, seus problemas físicos fizeram com que ele mais ficasse de fora do que em quadra nas últimas três temporadas, passando por situações complicadas como por exemplo o rompimento dos ligamentos cruzados de seu joelho esquerdo, que o fez perder a temporada passada inteira (apesar da liberação pelos médicos para que ele voltasse após o All-Star Game) e o rompimento do menisco de seu joelho direito, após 10 partidas nesta sessão. E é claro que sem seu líder em quadra, o Bulls é um time enfraquecido.

Outros jogadores do elenco, como Joakim Noah, Kirk Hinrich e Jimmy Butler também vivem envoltos em contusões. Os dois primeiros apresentam problemas um pouco mais crônicos, que vêm de outras temporadas. Já o garotão Butler tem tido algumas lesões e perdido jogos neste campeonato.  Atletas que já não fazem mais parte do elenco, como Luol Deng e Richard Hamilton, também tiveram dificuldades semelhantes quando vestiam o uniforme dos touros e foram ausências sentidas.
Derrick Rose, Joakim Noah e o treinador Tom Thibodeau formam a base do bom núcleo do Bulls. Elenco, contudo, precisa de reforços e peças mais importantes
Mas a parte física não é o único empecilho. A franquia de Illinois também não é um primor na parte ofensiva, fator que também prejudica qualquer chance de título. Ao mesmo tempo que possui uma defesa extremamente sólida e eficiente - méritos para o bom trabalho de nosso técnico, Tom Thibodeau, um tarado por defesa - os Bulls penam muito no ataque. Quando 100% fisicamente, cabe a Rose carregar a equipe nas costas quando está atacando, o que torna o time muito previsível e fácil de ser marcado. Claro, há auxilio de outras peças na parte ofensiva, mas não de forma tão eficiente e consistente.

Com essas duas grandes dificuldades, creio que o Chicago Bulls precisa repensar sua atual posição dentro da NBA e iniciar uma reformulação no grupo com pelo menos mais um jogador de alto nível, uma estrela que divida a responsabilidade e ajude Derrick Rose, e jogadores que possam compor um bom banco de reservas, que entrem e não deixem o pique diminuir. Sem um banco decente, será muito difícil gerenciar os minutos dos principais jogadores que ficarão novamente expostos a contusões sem necessidade. E há dois caminhos para se remontar a equipe.

A primeira via para se ter bons jogadores a partir da próxima temporada seriam as escolhas no draft. Segundo os especialistas, a seleção deste ano será a melhor dos últimos tempos, com jogadores bastante talentosos e que podem causar impacto imediato na NBA. Mas para ter uma escolha interessante, a franquia de Illinois precisaria não ir aos playoffs e ter sorte na loteria do processo. Não seria ruim ficar de fora dos offs, uma vez que não há esperanças de chegar a final da conferência com esse elenco. Entretanto, acho muito improvável que o Chicago deixe de ir à pós-temporada devido a mediocridade da conferência leste. Acho que nem se quisesse aplicar o famigerado "tank" - que nada mais é do que perder "propositalmente" para ter boas chances na loteria do draft - o Bulls deixaria de estar entre os oito classificados. A esperança é torcer para que algumas escolhas de draft vindas de outros times (Sacramento Kings e Charlotte Bobcats) possam ser utilizadas. Com possíveis três escolhas de primeira rodada, poderia ser montado um banco bastante interessante.
Rivalidade entre Chicago Bulls, de Derrick Rose, com Miami Heat, de LeBron James, cresceu nos últimos anos. Equipe da Florida é uma das principais pedras no caminho dos touros
Outro caminho é o mercado de agentes livres. Os agentes livres são aqueles jogadores que ficarão sem vínculo com as atuais equipes que defendem ao fim desta jornada. Esta é, por exemplo, a medida mais simples para se trazer um jogador de alto nível, pois alguns jogadores que já têm um bom status dentro da liga estarão disponíveis para negociação. Porém, a contratação de atletas nesta situação dependerá de algumas decisões que ainda poderão ser tomadas com relação à flexibilidade financeira da franquia.  Quanto mais dinheiro tiver a oferecer, mais chamativo o Bulls poderá ser para uma estrela.

No momento, a direção do Chicago Bulls parece entender que esse processo precisa ser realizado e já fez o primeiro movimento neste sentido, na semana passada, com a troca do ala Luol Deng pelo pivô Andrew Bynum e escolhas do draft com o Cleveland Cavaliers. Apesar do Bulls liberar um bom jogador, de nível All-Star, vi a troca como boa para a franquia, pois o sudanês naturalizado britânico tem um contrato que termina ao fim desta temporada e provavelmente pediria um salário que atrapalharia a flexibilidade financeira da franquia na busca por um outro jogador de excelente nível. E se não fosse atendido, Luol sairia de graça. Com a troca ganhamos, ao menos, escolhas de draft, apesar de não serem boas, e um jogador que já foi dispensado, o que traz um refresco nas folha de pagamentos e a possibilidade de se aventurar com um pouco mais de ousadia no mercado de jogadores livres, quando este for aberto.

Há rumores também de que Kirk Hinrich e Mike Dunleavy Jr., também poderiam ser envolvidos em trocas. Mas por enquanto, são apenas rumores. Aliás, as trocas também poderiam ser um caminho a ser seguido. No entanto, as moedas de troca que possuímos podem não ser suficientes para atrair bons negócios. Outro rumor é que o Bulls poderá utilizar a clausula de anistia, que consta no novo acordo de negociações da liga, para liberar Carlos Boozer. Com isso, o ala pivô deixaria de aparecer na lista de salários da equipe, abrindo ainda mais espaço para novas contratações, apesar de continuar recebendo o salário de forma integral. Seria um movimento interessante ao meu ver.
D. J. Augustin foi uma das novidades do Bulls nesta temporada. O armador chegou com a temporada em andamento e vem fazendo bons jogos
Outra cartada que o Bulls tem é trazer o ala pivô Nikola Mirotic, que atualmente barbariza na Liga Espanhola atuando pelo Real Madrid. O sérvio foi draftado por Chicago em 2011, mas ficou na Europa ganhando experiência. Agora, parece pronto para fazer sua incursão na NBA. O único problema é que ele já não poderia vir com um contrato de calouro, que é mais baixo. Porém, pelo que vem demonstrando na Europa, parece valer o investimento.

Com mais uma temporada praticamente perdida, já que a equipe não parece ter força para buscar o título, resta a diretoria e aos torcedores do Bulls olhar para frente e pensar num futuro que, com as movimentações certas, poderá ser muito promissor. Espero que, pelo bem de uma das equipes mais conhecidas mundialmente entre todos os esportes, uma reformulação esteja a caminho. Caso contrário, é muito provável que o Bulls tenha mais uma temporada onde nadará, nadará, nadará e morrerá na praia.

Fotos: HDWallPapersCorner.com; BleacherReport.com; CBSSports.com e XNSports.com
Share on Google Plus

About Diego Maulana

    Blogger Comment
    Facebook Comment

0 comentários: