Olha a coluna aqui de volta. Após um certo hiato, por conta da falta de tempo deste blogueiro que vos fala, e não por falta de assunto, a coluna #ForaDasPistas retorna com um assunto que eu particularmente não gostaria de estar abordando aqui, mas que é necessário em vista do que ocorreu. Sim, o Palmeiras, meu time de coração, acabou protagonizando mais um episódio vexaminoso em sua história, que neste ano se torna centenária, sendo eliminado pelo modesto Ituano na semifinal do campeonato Paulista depois de conquistarmos a segunda melhor campanha do torneio na fase classificatória.
O resultado, vergonhoso e inesperado, acabou jogando um balde de água fria nos sonhos dos torcedores e nas pretensões do time em conquistar um título no ano em que completaremos 100 anos. Porém, não vejo motivos para iniciar uma caça às bruxas dentro do clube. Pelo contrário. Por mais que esse revés tenha nos trazido de volta à realidade, mostrando que o elenco ainda não está totalmente pronto, vejo uma certa evolução dentro da Sociedade Esportiva Palmeiras, analisando de cabeça mais fria. E o tropeço deste domingo pode trazer lições valiosas para o futuro.
Claro que nenhum torcedor palmeirense está feliz hoje. O que todos nós vimos no último domingo foi algo totalmente inesperado. Ainda que o Palmeiras tenha nos acostumado a vexames históricos nos últimos anos, foi surpreendente perder para o Ituano. O time que vinha apresentando um futebol coeso, com padrão e que parecia ter um elenco mais forte do que teve nos últimos quatro anos deu lugar a um bando de jogadores que, com o passar do jogo, pareciam não saber o que fazer com a bola para fugir da marcação imposta pelo time interiorano. O futebol do Palmeiras simplesmente sumiu, evaporou. Não estou tirando os méritos do Ituano, que conseguiu fazer com que sua proposta se sobressaísse à imposta pelo Palmeiras. A equipe cumpriu muito bem o seu papel. Mas convenhamos, a eliminação veio muito mais por demérito do Palestra.
Contudo, fazendo um balanço mais frio de todo esse período, não podemos dizer que não houve evolução dentro e fora de campo.
Dentro das quatro linhas, a equipe palestrina apresentou um futebol bem mais convincente nesses primeiros três meses de 2014 do que no ano passado, durante o Paulista, a Libertadores e todo o calvário da Série B - em que se pese o nível desse campeonato Paulista, que não é dos maiores. Mantivemos a base, o entrosamento e a diretoria trabalhou bem nas férias, conseguindo a contratação de reforços para quase todas as posições, dando mais corpo ao grupo.
Sim, ainda não somos tão competitivos como o segundo lugar geral na fase de classificação do campeonato sugeriu. Mas para um time que começou o ano vindo da Série B, cheio de desconfianças e relegado ao quarto lugar entre as principais forças do Estado, demos um grande passo. Se não podemos nos gabar de estarmos muito à frente dos rivais da capital, não devemos em nada ao elenco deles, pelo menos. Acho até que estamos em melhores condições.
Reconhecemos que fortalecer o plantel é necessário, pois todos nós conhecemos as principais carências do time, quais são os jogadores que correspondem menos e o que é preciso para dar mais um ou dois passos à frente. Entretanto, o trabalho que foi feito até aqui não é ruim, em que se pesem também as ressalvas que possamos ter com um ou outro jogador ou mesmo com o estilo de trabalho do técnico Gilson Kleina. Eu, por exemplo, não concordo com muito do que ele faz, mas também não acho esteja desempenhando um papel ridículo com o elenco que tem, apesar do vexame de domingo. Foi algo circunstancial.
Fora de campo, o Palmeiras passa por um momento de reformulação estrutural. A atual gestão liderada pelo presidente Paulo Nobre tem tentado colocar a SEP em ordem, mas não tem sido fácil, devido ao caos deixado por administrações passadas. Esse é um trabalho que demanda um tempo que, muitas vezes, não existe dentro do futebol onde o imediatismo impera. E com a eliminação de domingo, tudo tende a ficar mais complicado por conta da pressão política que nessas horas cresce bastante dentro dos bastidores. Aliás, abro um parenteses aqui para indicar o ótimo texto escrito pelo jornalista da ESPN Gian Oddi exatamente sobre o quanto a política palmeirense pode atrapalhar o clube. Vale a pena ler.
No entanto, acredito que o trabalho que vem sendo executado de forma até mais tranquila do que o habitual, pode render frutos mais à frente. É bom lembrar que Nobre conseguiu trazer jogadores sem muitos recursos financeiros e que o Palmeiras ainda vislumbra coisas boas, como a inauguração do Allianz Parque, além de um patrocinador master. Serão duas boas fontes que poderão contribuir para que esse processo de reestruturação seja mais ágil. Penso que, pouco a pouco, a casa vai sendo arrumada.
Obviamente, a frustração pela desclassificação no Paulista vai pesar por algum tempo e o resultado vai pressionar todo mundo. Porém, não podemos ser radicais e extremistas querendo uma mudança total. Só estaríamos voltando à estaca zero e tendo de recomeçar todo um trabalho novamente. O importante neste momento é manter os pés no chão e não se afobar, pois essa reestruturação do clube vai levar um tempo para acontecer. Temos de cobrar empenho de todas as áreas do clube, mas sempre de forma racional, pois nada é feito do dia para noite. Por mais que todos nós queiramos comemorar títulos, ainda mais no ano do centenário, o mais importante é fazer com que o Palmeiras volte a ser forte para vencer sempre e não esporadicamente. Acho que o trabalho que vem sendo feito é nesse sentido.
Fotos: Terra.com.br
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