Crise vermelha

Quem acompanha o esporte de um modo geral, especialmente o futebol, sabe muito bem que quando um clube, franquia ou atleta não alcançam os resultados desejados, quase que invariavelmente a primeira cabeça a rolar é a do treinador. São raríssimos os casos em que os "professores" sobrevivem a seguidos insucessos. E esse modelo de gestão parece estar entrando na F1 por uma certa porta italiana. A Ferrari comunicou hoje que Stefano Domenicali não é mais o diretor geral da escuderia.

A notícia foi trazida pelo jornal Gazzetta Dello Sport e, posteriormente, confirmada pela cúpula de Maranello, por meio de uma nota onde se afirmava que Domenicali havia pedido demissão de seu cargo. Apesar da baixa, os italianos agiram rápido e logo confirmaram Marco Mattiaci, presidente da marca nos EUA, como substituto já a partir deste fim de semana, no GP da China.

Concordar com a saída de Domenicali (não acredito que ele tenha se demitido e sim sido demitido) pode não ter sido a atitude mais correta tomada pela cúpula ferrarista, mas é possível entende-la. Seu papel na escuderia, mal comparando em alusão ao primeiro parágrafo, não era como o de um técnico. Estava mais para algo como diretor. Mas ainda assim serve para ilustrar a situação. Como líder, ele não conseguiu ser capaz de trazer os resultados esperados e cobrados pelos mandatários e pelos fãs. Nos seis anos em que esteve à frente da equipe, o único triunfo foi o mundial de construtores de 2008. No mais, somente frustrações e uma crescente desconfiança sobre seu modo de conduzir o time. A atitude vem mais como uma resposta para todos, de que a Ferrari procura por mudança. E outras devem acontecer durante a temporada.
Claro que o agora ex-chefe da Ferrari não é o único problema da escuderia, afinal, o automobilismo também é um esporte coletivo, onde vence o grupo e não somente o piloto, ou o projetista, ou o investidor, ou seja lá quem for. Stefano não pode ser diretamente culpado, por exemplo, pelos carros mal nascidos dos últimos anos. Aliás, o trabalho de Domenicali deveria ser um dos mais desgastantes da F1, tendo que lidar com os mais diversos tipos de confusões. Mas ele serviu como bode expiatório, pois é sempre mais fácil mudar um ou dois nomes do que uma equipe inteira de uma vez.

Quanto ao futuro da Ferrari, não sei até que ponto vai a aposta em Marco Mattiaci, alguém que vem de outra área para assumir essa bomba. Ele deve ter a confiança da FIAT, maior acionista da escuderia, mas ainda me parece um tapa buraco enquanto Montezemolo e seus comandados procuram por alguém mais experiente. Ainda assim, pode funcionar momentaneamente, uma vez que ele trará outro modo de trabalhar. 

A Ferrari precisa mesmo de uma chacoalhada no ambiente para ver se as coisas se aprumam.

Foto: GPUpdate.net
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