Guerra Interna

Ao saberem que Jenson Button, campeão da F1 em 2009, iria se transferir da Brawn GP para a McLaren em 2010, nove entre dez fãs da categoria devem ter pensado o seguinte: "Ele é louco de enfrentar o Hamilton na McLaren. Será massacrado". Para muitos, inclusive esse blogueiro, Button estava entrando na cova do leão, sem proteção alguma. Era loucura, suicídio.

Hamilton, apesar de ter tido antes dessa apenas três temporadas na F1, já colecionava um título, um vice, uma boa recuperação e alguns desafetos, o maior deles, Fernando Alonso, seu companheiro na equipe inglesa em 2007, ano de seu vice campeonato logo em sua estréia. E além disso, ele sempre foi considerado um dos grandes pilotos, extremamente rápido e talentoso, mas com um grave defeito: não consegue administrar bem a pressão.

Button sabia que teria um páreo duro pela frente, mas aceitou o desafio. Chegaria a uma equipe que já a três anos, girava em torno do jovem e talentoso Hamilton. E pra piorar, o relacionamento de Lewis com a equipe era excelente.

Jenson foi inteligente. Chegou sem pretensões e foi conquistando pouco a pouco a equipe. Ganhou seu espaço sem se arriscar a tirar o de Hamilton. Durante a pré-temporada, tudo andou bem. Aí chegou a estréia no Bahrein.

Na prova, Hamilton foi o terceiro enquanto Button foi o sétimo. Começamos a imaginar. "O massacre começou". Ali começava a surra do campeão de 2008 no campeão de 2009. Lewis iria passar como um rolo compressor pelo pobre Jenson.

Mas o jogo começou a mudar já na prova seguinte, na Austrália. Jenson arriscou mais do que todos e foi recompensado com a vitória, enquanto Lewis foi o sexto. Acaso? Coincidência? A prova seguinte poderia dar uma pista. E novamente, a juventude e a agressividade de Hamilton lhe deram a vantagem sobre o companheiro. Foi o sexto. Button, oitavo.

Contudo, foi uma vitória mínima de Hamilton. E Button tratou de lhe dar o troco logo em seguida, e em grande estilo. Voltou a arriscar muito na China. E venceu outra vez. Hamilton, chegou logo na sequencia. Dobradinha da McLaren.

Com quatro provas disputadas, temos um empate nesse confronto. Hamilton terminou duas a frente de Button e Button duas a frente de Hamilton. Mas o empate é só no número de chegadas. Na realidade, a vantagem é toda do atual campeão. Jenson lidera o mundial, tem 11 pontos de vantagem para o companheiro e VENCEU duas provas. O que pressiona Hamilton a vencer o mais rápido possível, para não ficar para trás. E como eu disse um pouco acima, ele não se dá bem com isso.

O embate entre os companheiros de McLaren tem caracteristicas dos outros três confrontos entre companheiros das principais equipes do grid. Assim como na Mercedes de Michael Schumacher e Nico Rosberg, Hamilton e Button são da mesma nacionalidade e correm por uma equipe de seu país. Assim como na Red Bull de Sebastian Vettel e Mark Webber, um é jovem e talentoso e o outro era experiente mas vinha desacreditado. E assim como na Ferrari de Felipe Massa e de Fernando Alonso, a briga entre eles será decidida nos detalhes e na capacidade de superar o rival nos momentos cruciais.

Jenson Button tem mostrado uma grande maturidade nesse início de ano e está conseguindo jogar a pressão para Lewis Hamilton. Discreto, vem fazendo seu trabalho muito bem e conseguindo resultados que poucos esperavam. Button não é bobo e com sua experiência pode reverter um quadro que se desenhava completamente adverso no início da temporada.

Lewis Hamilton precisa abrir o olho.

Fotos: Autosport.com

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