Nelson Piquet: 60 anos em 10 momentos

Fiquei ontem matutando uma forma de homenagear o sexagésimo aniversário de nosso PRIMEIRO tricampeão na F1, Nelson Piquet. Um texto sobre sua primeira vitória na F1, sobre sua estreia, sobre a última vitória, um especial sobre um de seus campeonatos, seu acidente em Indianapolis e a posterior recuperação para participar da prova no ano seguinte... 

Pois bem, decidi juntar tudo isso em um TOP 10 momentos de Nelson Piquet, elegendo aquelas cenas que acho memoráveis na carreira do tricampeão. Uma pequena homenagem a um grande piloto. Espero que gostem.

10º - Homenagem e provocação


No ano passado Nelson Piquet recebeu uma bela homenagem por conta das comemorações dos 30 anos de seu primeiro título mundial. Antes do GP do Brasil, em Interlagos, Piquet pôde guiar, por algumas voltas no circuito paulistano, sua Brabham BT49. Uma cena que emocionou vários fãs do piloto. Contudo, o sempre irreverente Piquet não ficou sem aprontar das suas. O tricampeão pendurou em seu carro uma bandeira do Vasco da Gama, time para o qual ele torce. Uma pequena provocação aos paulistas, mais precisamente aos corintianos, que estavam no autódromo. Na época, Vasco e Corinthians disputavam o título do Campeonato Brasileiro. No fim, o alvinegro de Parque São Jorge levou a melhor sobre os Cruz Maltinos. Entretanto, Piquet tirou uma casquinha naquele dia.


9º - Sustos


Todo piloto, seja de qual categoria for, sabe que ao entrar em um bólido está sujeito a sofrer acidentes. Esses podem ser de pequena ou grande proporção. E Nelson Piquet, como grande piloto que era, também não escapou disso. Lembro aqui dos dois principais acidentes sofridos por ele, um na F1 e outro na Indy. Na F1, o pior de todos os seus acidentes aconteceu no circuito de Imola, na curva Tamburello, que tantas más recordações traz aos brasileiros. Um dos pneus da Williams de Piquet furou e ele perdeu o controle do carro, batendo de lado. Nelson teve ferimentos na cabeça, no tórax e nas pernas, mas se recuperou em pouco tempo. Porém, o próprio tricampeão afirma que ficou com algumas sequelas daquela batida.
Já o outro grave acidente de Nelson aconteceu em 1992. Após deixar a F1, Piquet foi tentar participar das 500 Milhas de Indianapolis, na Indy. O tricampeão participava dos treinos para a etapa a bordo de um carro da Menard quando perdeu o controle do bólido e foi de encontro ao muro da curva 4, batendo de frente. O impacto foi muito forte e Piquet acabou fraturando seus pés e pernas em diversas partes, correndo o risco de ter até de amputa-las, além de ter tido lesões na cabeça e no tórax. No fim, o excelente trabalho dos médicos norte-americanos evitou o pior e Piquet pôde se recuperar.


8º - Recuperações


Após os sustos, vieram as recuperações. Em 1987, depois da batida na Tamburello, Nelson não teve muitos problemas para se recuperar, apesar das sequelas. O tricampeão afirmava que tinha perdido algumas referencias e a noção de distancia nas entradas de curvas. Isso dificultava sua pilotagem. Ainda assim ele conseguiu conquistar o título mundial daquele ano, sendo, de acordo com o próprio, “mais inteligente do que Nigel Mansell”, seu companheiro e rival naquela temporada. Já a recuperação do acidente em Indianápolis levou mais tempo. O piloto teve partes de seus membros inferiores reconstruídas e passou por longas sessões de fisioterapia durante um ano. Mesmo assim, ele ainda conseguiu voltar a Indianápolis para terminar, em 1993, aquilo que começou no ano anterior.

7º - Número redondo


Ultima etapa da temporada de 1990. Ayrton Senna, no GP anterior, tinha garantido o seu bicampeonato com aquela manobra controversa em cima de Alain Prost. O clima na F1 era meio pesado. Então, nada melhor do que uma vitória do irreverente Piquet. Largando em sétimo, o brasileiro fez uma bela prova, escalando o grid até assumir a ponta, após o líder Senna bater sozinho. Nas últimas voltas, no entanto, ele teve uma bela batalha com seu eterno rival Nigel Mansell pela ponta. No último giro, o brasileiro foi duramente atacado mas fechou a porta na cara do inglês, rumando para a vitória que, além de lhe dar o terceiro lugar no mundial, colocou seu nome nas estatísticas da F1: aquele foi o 500º GP da categoria...


6º - A última vez...


Foi na Austrália também, em 1991, que Piquet correu pela última vez na F1. E não foi bem uma corrida. Chovia torrencialmente no circuito de Adelaide. Mesmo assim, os carros foram para a pista. Não é preciso dizer que aquilo foi um caos. A corrida teve de ser encerrada após 14 voltas, com Piquet em quarto. Na biografia de Ayrton Senna “O Herói Revelado”, escrita por Ernesto Rodrigues, há um capítulo contando essa história e que revela um pedido de Nelson para seu engenheiro, Giorgio Ascanelli: o de voltar a pista, para mais uma volta, para sentir o gosto de pilotar um F1 pela última vez. Segundo o livro, Ascanelli chegou a considerar o pedido, mas refugou, já que o circuito estava fechado o que poderia implicar em punições ao time.


5º - A primeira vitória


O ano de 1980 foi marcante para Nelson Piquet. Primeiro piloto da Brabham, foi nesta temporada que ele venceu pela primeira vez na categoria, no GP do Oeste dos Estados Unidos, no circuito de Long Beach. Piquet dominou completamente aquele GP durante todo o fim de semana. No sábado, marcou a pole e no domingo sobrou. Em quase duas horas de prova, sendo completadas 80 voltas, ninguém sequer pensou em ameaçar o brasileiro, que colocou quase 50 segundos de vantagem sobre o segundo colocado, o italiano Riccardo Patrese, e por muito pouco não deu uma volta no terceiro, o bicampeão Emerson Fittipaldi. Do quarto pra baixo, todo mundo tomou volta. Domínio total. Detalhe: dos 24 carros que largaram, apenas 10 completaram o GP, sendo que Jean-Pierre Jabouille, o 10º, ficou a nove voltas do vencedor. Em 1980, Nelson foi o vice campeão.


4º - A última vitória


Se o ano de 1991 ficou marcado por ter sido a última temporada de Nelson Piquet na F1, ele também ficou marcado por ter sido o ano de sua última vitória na categoria. E ela veio de forma inesperada. Naquela temporada, McLaren e Williams dominavam. A equipe de Woking começou melhor o ano, vencendo as quatro primeiras provas do ano com Ayrton Senna. Entretanto, o time de Grove ensaiava uma reação, que começaria no quinto GP do ano, disputado em Montreal. Aquela tinha tudo para ser uma prova dominada pela Williams, que viu seus dois carros na primeira fila do grid, com Patrese na pole seguido de Mansell. Piquet, era o oitavo. E tudo se encaminhava mesmo para um fácil vitória de Mansell, que já tinha superado Patrese e visto Senna abandonar. Isso até a última volta. Já comemorando o primeiro triunfo naquele ano, o Leão acenava para o público, desconcentrado dos metros finais. Erro fatal. Mansell, que quase tinha dado uma volta em todo mundo, se atrapalhou com o câmbio de seu bólido e causou um problema elétrico, encostando o carro. Sem nada a ver com a história, Nelson, segundo depois de mais um GP brilhante, assumiu a ponta e venceu, mais uma vez às custas do eterno rival. O tricampeão ainda tirou uma com o velho adversário: "Quando vi o carro do Mansell parado, quase tive um orgasmo". Coisas do Nelson...


3º - Tinha um chileno no meio do caminho...


Uma das cenas mais pitorescas e engraçadas da história da F1 foi a briga entre Nelson Piquet e Eliseo Salazar. Piquet liderava o GP da Alemanha com sua Brabham-BMW quando na volta 18 preparava-se para dar uma volta no chileno Eliseo Salazar, retardatário. Na chicane Norte do circuito de Hockenheim, Piquet coloca o carro ao lado do guiado por Salazar, que, sem perceber que o brasileiro estava ali, tenta fazer a curva normalmente. Resultado: os dois se chocam e abandonam a prova. Inconformado, Piquet sai do bólido e vai pra cima de Salazar, primeiro xingando e gesticulando muito. Só que o melhor (ou não) estaria por vir. Ainda maluco da vida, Piquet vai em direção a Salazar e acerta socos e pontapés, no adversário, antes que fiscais chegassem para acalmá-los. Uma cena hilária. Anos depois, Piquet revelou que aquele acidente foi a melhor coisa que aconteceu para o time. Segundo ele, a telemetria indicava que o motor de seu carro explodiria em poucas voltas, o que seria um vexame para a BMW correndo em casa.


2º - As trincas do Mr. Regularidade


1981, 1983 e 1987. Esses são os anos da glória de Nelson Piquet na F1, piloto extremamente regular e que nunca foi campeão conquistando o maior número de vitórias em uma só temporada. Porém, vemos que ele sempre estava entre os primeiros em todos esses anos. Em 1981, foram sete pódios em 15 corridas. Em 1983, o número aumentou para oito pódios em 15 GPs. Já em 1987, foram onze provas finalizadas entre os três primeiros em 16 possíveis. E uma curiosidade: em todos os anos em que foi campeão, Piquet conquistou três vitórias.

1981


1983


1987

1º - A ULTRAPASSAGEM


Um dos grandes rivais, mesmo que não de forma tão direta, de Nelson Piquet foi outro brasileiro: Ayrton Senna. A rivalidade e até, inimizade, de ambos, que não tiveram seus auges na mesma época e que nunca dividiram uma equipe, deu-se mais fora do que dentro das pistas, por conta de declarações de ambos os lados. No entanto, os dois tiveram seus momentos de brigas no asfalto. E o melhor deles, sem dúvida, aconteceu no GP da Hungria de 1986, a primeira etapa da F1 naquele país. Largando na primeira fila, com Senna em primeiro e Piquet em segundo, a dupla brasileira deu um show a parte e dominavam a corrida, na mesma ordem de largada. Até que, após a parada para troca de pneus, Nelson, de Williams, resolveu atacar Senna, de Lótus. O ponto escolhido por Piquet foi o fim da reta dos boxes. Na primeira tentativa, Senna foi bem, deixando o lado de dentro para o compatriota, que o ultrapassou, mas espalhou, perdendo assim a posição. Contudo, duas voltas depois, Piquet atacou novamente. Ayrton, mais uma vez, deixou o lado de dentro para Nelson. Mas esse não teve duvidas. Mergulhou por fora, deixou para frear bem mais tarde, derrapou com as quatro rodas, controlou o carro e ultrapassou o rival, ainda segundo ele, mandando um gesto não muito amável. Depois disso, Piquet sumiu e venceu a prova, dando inclusive uma volta em Mansell, o terceiro. Pra mim, a melhor ultrapassagem da F1...
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2 comentários:

José Renato disse...

Piquet Forever!

O maior de todos.

Rangel disse...

Olá meu querido, estamos de volta!
Parabéns por mais esta publicação, a retrospectiva ficou perfeita, a intereação entre os vídeos e a escrita estão super legais, um grande abraço e até mais...