Ferrari: tempo de reconstrução

Novo modelo da Ferrari aparenta ter bom potencial e equipe deve brigar por pódios com Williams e RBR em 2015

1993. Esse havia sido o último ano em que a Ferrari não venceu nenhum GP na Formula 1. Naquela temporada, o F93A, guiado por Jean Alesi e Gerhard Berger conseguiu apenas três pódios e terminou o mundial na quarta posição. Uma das piores temporadas recentes da escuderia.

Vinte e um anos depois, a história voltou a se repetir, quase que de forma idêntica. Com Fernando Alonso e Kimi Räikkönen atrás dos volantes do F14T, os italianos voltaram a amargar a quarta posição do mundial de construtores, dessa vez com apenas dois pódios conquistados. A pior temporada da equipe em termos de desempenho nas últimas duas décadas.

Os maus resultados (não apenas em 2014 mas nos últimos anos), levaram então o time de Maranello a fazer algumas mudanças em seu staff. Alonso e Ferrari também resolveram terminar seu 'casamento', abrindo assim espaço para a chegada de Vettel. E assim, a equipe 'rossa' começa um processo de reformulação, necessário para que volte a ocupar o topo.

Será que os italianos vão começar a se acertar?

Balanço dos testes


Se as três baterias de testes coletivos da Formula 1 serviram para animar uma equipe, com certeza esse time é a Ferrari. Não que a escuderia de Maranello tenha mostrado uma evolução a ponto de eleva-la a favorita a vitórias. Longe disso. Contudo, depois do desastre que foi a última temporada dos italianos, ver que o novo modelo, o SF15-T, tem potencial para conquistar bons resultados em 2015 já deve ser um alento e tanto.

Logo na primeira bateria de ensaios, em Jerez de la Frontera, a equipe vermelha deu mostras de que seu novo carro é sim promissor. Kimi Räikkönen registrou a melhor marca da semana, com pneus macios, enquanto Sebastian Vettel, em seu debute pela escuderia, ficou com a segunda marca, utilizando os compostos médios. E ambos ficaram bem à frente do terceiro colocado, no caso o brasileiro Felipe Nasr da Sauber.

Kimi Räikkönen liderou testes em Jerez. Finlandês parece estar mais confortável e deve melhorar desempenho
O bom ritmo impressionou muita gente, ainda que todos saibam que testes coletivos não sejam grande parâmetro para uma avaliação mais profunda. Só que a última semana de praticas, em Barcelona, voltou a mostrar que o bólido tem potencial, colocando os italianos já no lugar onde eles deverão começar a temporada: logo atrás de Mercedes e Williams. Räikkönen foi o quinto, seguido de Vettel. E ambos não ficaram muito distantes dos tempos conseguidos por Bottas e Massa, utilizando os pneus supermacios. Um bom prenuncio para a equipe que busca se reerguer.

Outro ponto que anima é a durabilidade do carro. A Ferrari foi a quarta equipe que permaneceu na pista durante essa pré-temporada, acumulando 5423 km rodados sem demonstrar grandes problemas. Com isso, a escuderia pôde testar diversos cenários, o que é sempre muito útil para o desenvolvimento do carro. Vettel foi o quarto piloto que mais andou, com 602 voltas ou 2768 km, enquanto seu companheiro rodou 2655 km em 580 giros, ficando em sétimo nesse quesito.

A Ferrari parece ter voltado a dar um passo a frente. 

Expectativas para 2015


Mais do que voltar a vencer, creio que o principal objetivo da Ferrari em 2015 seja se organizar. Esse é até mesmo um consenso dentro do time que, nos últimos anos, vivenciou momentos de muita confusão e falta de comando. Membros importantes da escuderia, como o ex-chefe Stefano Domenicali, e outras figuras do staff ferrarista, deixaram o time. Nem mesmo o ex-presidente Luca di Montezemolo escapou, e também deixou a equipe. E com isso, caras novas chegaram.

Atualmente, dois dos principais nomes do grupo são o novo chefe Maurizio Arrivabene e o diretor técnico James Allison. Essas são as duas cabeças que tentarão levar a Ferrari, juntamente com os pilotos e o staff, de volta ao topo.

Sebastian Vettel vai realizar sonho de pilotar pela Ferrari. Alemão pode ser fundamental na reformulação da equipe
Só que será preciso que a equipe pense em fazer um trabalho mais voltado para médio e longo prazo. O imediatismo prejudicou muito a Ferrari nos últimos anos e chega uma hora que é necessário admitir que o trabalho não está funcionando. Esse momento chegou e é hora de pensar em uma nova maneira de encarar as coisas, caso contrário, a situação não melhorará.  

Dentro das pistas, creio que a escuderia vermelha possa ter um desempenho parecido com o de Williams e Red Bull. Brigará por pódios e pelas posições da frente, mas diante do aparente domínio imposto pela Mercedes, vitórias só deverão acontecer em ocasiões bastante especificas, ao menos no início do campeonato. Entretanto, deverão ter um 2015 superior ao 2014.

Os pilotos


Kimi Räikkönen - O finlandês tentará neste ano reencontrar o melhor de sua pilotagem. Räikkönen ainda não conseguiu ter na Ferrari a mesma performance obtida em seus dois anos na Lotus, quando retornou à F1. Parte disso pode ser explicado pelo carro ruim produzido pelos italianos, que não favorecia o estilo de pilotagem do campeão de 2007. Isso parece ter desmotivado o nórdico.

Contudo, para essa temporada Kimi aparenta estar mais animado, ainda mais depois dos bons resultados obtidos nos testes. O finlandês parece estar mais confortável com o SF15-T e esse já é um bom primeiro passo para que ele possa reviver as boas performances que já teve na Ferrari e também em outras equipes.

Se mostrar a motivação que tinha na época da Lotus, Kimi Räikkönen tem tudo para voltar a andar muito bem com a Ferrari. Ele é um piloto inegavelmente talentoso e veloz. Mas precisa ter um carro à sua altura para poder alcançar os melhores resultados. Se o novo bólido ferrarista, que tem bom potencial, mostrar que realmente pode melhorar ao longo do ano, Kimi é um piloto a quem devemos observar.

Sebastian Vettel - Aos 27 anos, Sebastian Vettel resolveu mudar os rumos de sua carreira. O alemão deixou a Red Bull, equipe que o criou e onde conquistou seus quatro títulos mundiais, para realizar um sonho que ele dizia ter desde criança, o de pilotar pela Ferrari, seguindo assim os passos de seu ídolo Michael Schumacher. A escolha, óbvio, causou um certo furor, visto que a escuderia italiana não vive seus melhores dias.

Penso que Vettel escolheu a Ferrari porque, além do sonho, queria um desafio novo na carreira. Tentar levar a escuderia vermelha de volta aos dias de glória seria uma conquista e tanto para ele, elevando ainda mais seu status na história da categoria. E o alemão parece ser o piloto ideal para tal missão.

Seb ainda é muito jovem e tem, pelo menos, mais umas nove ou dez temporadas para pilotar em alto nível. Logo, a escuderia pode pensar em trabalhar tudo em torno dele a médio prazo. Claro que haverá pressão, tanto por parte do piloto, que não vai querer ser um mero coadjuvante por muito tempo, bem como por parte dos fãs,  imprensa e do corpo diretivo da Ferrari, que vão querer resultados. Entretanto, para que as coisas voltem a funcionar bem, é preciso tempo, como foi feito com Schumacher.

Acredito que Vettel andará bem, como sempre, já nesta primeira temporada. Vamos ver até onde o carro vai lhe permitir chegar e como será seu trabalho em um novo ambiente.

Fotos: GPUpdate.net
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