Red Bull: juventude pra tentar se manter nas cabeças

Pré-temporada 2015 da Red Bull foi melhor do que em 2014. Entretanto, equipe não escapou dos problemas

A Red Bull teve seus altos e baixos na Formula 1. De 2005, ano em que a equipe estreou na categoria após a marca dos energéticos comprar a Jaguar, a 2008, a escuderia teve anos de "touros magros", sendo superada inclusive por sua filial, a Toro Rosso, no ano dos Jogos Olímpicos de Pequim. Todo o investimento feito pelo time não vinha dando muito efeito. Foi só a partir de 2009 que, enfim, a RBR começou a dar passos para frente.

Naquela temporada, a equipe resolveu promover o jovem e talentoso piloto alemão Sebastian Vettel, que no ano anterior tinha sido o principal responsável por fazer a Toro Rosso superar a Red Bull, com uma vitória incrível em Monza e apresentações extremamente consistentes. Ao seu lado, estava o experiente australiano Mark Webber. E a partir daí, veio o salto, com os vice campeonatos de Vettel e de construtores. 

Já nos quatro anos seguintes, o alemão mandou na F1, conquistando quatro títulos seguidos para ele e para a escuderia. A Red Bull estava no topo da categoria e vinha como grande favorita no ano passado, até se iniciar a pré-temporada. Durante as baterias de testes coletivos, o time enfrentou muitas dificuldades que acabaram atrapalhando demais seus pilotos. Junte isso ao projeto vencedor da Mercedes e voilá: a RBR perdeu a coroa. Mas ainda incomodou, vencendo três vezes e sendo vice campeã entre os construtores.

O desafio para 2015 seria então voltar ao topo. Mas com uma Mercedes que parece mais dominante do que nunca, talvez a missão da RBR mude. Será que eles conseguem se sustentar como vice campeões de novo?

Balanço dos testes


A Red Bull foi, nesta pré-temporada, bem melhor do que em 2014 (se bem que não tinha como ir muito pior), apesar de ainda ter sido bastante discreta. Os problemas que infernizaram o pessoal de Milton Keynes no ano passado, especialmente com os motores Renault - que ainda estão bem atrás dos propulsores fabricados por Mercedes e Ferrari - voltaram a aparecer, ainda que em menor escala, e foram parte do foco de trabalho dos touros. O ritmo de corrida do RB11 também foi bastante testado.

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Não é segredo que os rubro-taurinos estão com a pulga atrás da orelha com relação a sua parceira, a Renault, por conta de todos os problemas envolvendo os componentes franceses na pré-temporada passada. Por isso, o time tentou ganhar quilometragem para entender como seu novo carro se comporta com o conjunto de sua parceira, utilizando 'long runs'. Dessa forma, não vimos o RB11 constantemente entre os bólidos mais velozes.

Os dois pilotos da escuderia, Daniel Ricciardo e Daniil Kvyat tiveram uma programação bastante parecida e percorreram praticamente a mesma distância durante os ensaios. O australiano ficou um pouco mais na pista, tendo andado por 2243 km em 486 voltas, ao passo que o jovem russo percorreu 2109 km em 456 giros. Juntos, somaram 4352 km em 942 voltas para os Touros Vermelhos. Bem mais do que os 1705 km dos testes coletivos de 2014.

Quanto a questão de voltas rápidas, em Jerez, Ricciardo e Kvyat foram, respectivamente, o 12º e o 14º mais velozes na tabela de tempos combinados. Suas melhores voltas foram conquistadas com pneus médios nesta sessão. Na primeira semana em Barcelona, o australiano foi o quarto mais veloz enquanto o russo marcou o décimo melhor tempo, com a dupla já utilizando os compostos macios. Já na bateria derradeira, também na Catalunha, Ricciardo voltou a ter apenas a 12ª melhor marca, e Kvyat terminou com a 17ª volta mais veloz. Aqui, Daniel usou os pneus macios para conquistar seu tempo e Daniil o fez com os compostos médios.

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Em uma primeira analise, a RBR parece estar um pouco atrás das principais rivais, mas não tão atrás que represente uma grande desvantagem. O pessoal rubro-taurino terá algum trabalho, porém, acredito que deverão estar em um patamar parecido com os principais rivais, podendo assim lutar por boas posições.

Expectativas para 2015



Como se acostumou aos triunfos nos últimos anos, as expectativas para uma temporada da Red Bull nunca podem ser menores do que as de lutas por vitórias e pelo título. Mas se a Mercedes comprovar o domínio que parece ter sobre as rivais, será muito difícil para que qualquer equipe bata as flechas de prata. Dessa forma, vejo que o objetivo mais realista para a RBR seja lutar para andar o mais próximo possível da equipe alemã. 

O problema é que os austríacos irão disputar as posições de pódio com Williams e Ferrari, a principio, duas equipes que aparentaram estar em melhor forma para o início da temporada. Em 2014, apesar do vice campeonato de construtores, das vitórias, e de Daniel Ricciardo ter sido o terceiro colocado no mundial, a equipe não terminou como a segunda força do campeonato. Perdeu esse lugar para a Williams e não parece te-lo reconquistado ainda.

Daniil Kvyat, Christian Horner e Daniel Ricciardo: trio da Red Bull que tentará manter equipe nas cabeças
Será necessário também ver como os pilotos da escuderia irão se comportar com suas novas funções e status.

Se encontrar soluções para seus problemas, trabalhar bem o desenvolvimento de seu bólido e contar com o melhor de seus pilotos, creio que a Red Bull não deverá nada para as rivais e, quem sabe, faça frente a Mercedes eventualmente.

Os pilotos


Daniel Ricciardo - Grande sensação da temporada 2014, o australiano de sorriso fácil e largo terá um novo desafio nesta temporada: liderar uma equipe que se acostumou a vencer e quer voltar a fazê-lo. E essa tarefa não deverá ser das mais simples.

Que Ricciardo é um piloto talentoso, veloz e arrojado não há duvidas. Chegar em uma equipe nova, que já tinha como líder estabelecido um piloto tetracampeão e dar nele uma surra que lhe faz até perder o rumo de casa, é um feito para poucos. E o australiano fez isso com Sebastian Vettel, que foi procurar motivação em outro lugar, abrindo assim espaço para que ele pudesse assumir esse posto. Mas estaria o dono do carro #3 pronto para o desafio?

Volto a repetir: Ricciardo é um piloto talentoso, veloz e arrojado. Mas também é muito jovem. Claro que, em uma Formula 1 cada vez mais precoce a idade parece ter se tornado um fator bem menos importante do que já foi. A própria RBR é um exemplo disso com Vettel, que assumiu o papel de líder do time ainda muito cedo e se deu muito bem. Contudo, ainda que haja bons exemplos de pilotos que, mesmo com a pouca idade, conseguiram dar respostas positivas, não sabemos como será a reação de Ricciardo.

Ele não teve ainda uma experiência do tipo na categoria. Quando correu na HRT, não havia muito o que fazer. Sua passagem pela Toro Rosso foi uma espécie de preparação para o próximo degrau. E na Red Bull, ele veio como coadjuvante que acabou surpreendendo a todos, sem ter a responsabilidade que agora terá. 

Não dá pra cravar 100% que ele terá ou não sucesso. Por isso é bom ficar de olho no que ele fará em 2015. Por todas as suas qualidades, acredito que Ricciardo tem muitas chances de ser bem sucedido nesse novo desafio, conseguindo fazer dessa experiência mais um passo para seu amadurecimento como piloto. Vamos acompanhar.

Daniil Kvyat - Passos enormes. Esse tem sido o resumo da carreira do russo Daniil Kvyat até aqui. Em 2013, ele conquistava o título da GP3. Agora, em 2015, ele já está em uma equipe de ponta como a Red Bull. No meio disso, uma temporada de certo destaque pela Toro Rosso, como forma de preparação para o que estava por vir. E tudo isso antes de completar 21 anos. O rapaz é bem precoce.

Kvyat é tido como um dos grandes talentos do programa de desenvolvimento de pilotos da escuderia austríaca, mas talvez ainda não devesse ocupar a posição que tem hoje. Creio que a intenção da Red Bull era deixa-lo mais uma ou duas temporadas na sua filial antes de fazer uma possível transição para a equipe principal. Só que a saída de Sebastian Vettel abriu uma lacuna no time que ai teve de recorrer a sua política caseira de promover seus jovens pilotos. Com isso, o russo ganha uma oportunidade de ouro.

A RBR já não é mais a equipe dominante da F1, mas ainda luta lá no topo. Assim, é um lugar que dá a oportunidade de seus pilotos mostrarem serviço. É só ver os casos recentes do próprio Vettel e de Ricciardo. E é nisso que Kvyat deve se espelhar. 

Talvez não devamos esperar resultados excepcionais do russo logo no início, mas sim vê-lo evoluir com o decorrer da temporada. Vai haver pressão, mas ela também não deverá ser das maiores. Por isso, seu foco deve ser pontuar de forma constante e conseguir alguns pódios. Se vier algo a mais, aí ele já estará no lucro.

Fotos: GPUpdate.net
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