Umas palavrinhas sobre a temporada do WRC até aqui

Temporada do WRC teve início com o tradicional rali de Monte Carlo. Categoria já passou por Suécia e México também
Uma categoria que acompanho e gosto muito, mas que ainda não tinha ganhado um texto neste espaço é o WRC. Mas hoje, esse hiato de publicações sobre o mundial de ralis termina, com um breve resuminho do que vem sendo a temporada 2015 da categoria, que deverá confirmar que a dinastia dos ‘Tiões’ franceses só mudou de sobrenome.

Desde 2004, ou seja, a 11 temporadas, o campeão mundial atende pelo nome de Sebastien e vem da França. Só que agora não é mais Loeb que faz a alegria dos franceses e sim Ogier. E pelo andar da carruagem, ele continuará fazendo por muito tempo...

Ogier a caminho do tri


A temporada de 2015 do WRC deverá ficar marcada como o ano do tricampeonato de Sebastien Ogier. E não, não acho que seja cedo demais para cravar isso, baseado no que o francês tem feito até aqui.

O piloto da Volkswagen venceu os três ralis disputados no ano, conquistando 81 dos 84 pontos possíveis, o que lhe deixa com uma vantagem muito confortável em relação aos seus principais rivais na luta pelo título. Mas, o que impressiona nesses três triunfos do francês é a maneira com que ele vence.

Sebastien Ogier caminha tranquilamente para seu terceiro título mundial no WRC. Francês teve ano quase perfeito até aqui
Somente no último evento, o rali do México, que Ogier foi soberano diante dos rivais, terminando todos os dias à frente deles. Em Monte Carlo, aproveitou-se de um problema com Sebastien Loeb, que participava da prova como convidado, para assumir a liderança ainda no segundo dia e não perde-la mais. Fez isso muito bem. Na Suécia, entretanto, o bicampeão só liderou mesmo na última especial, graças a um erro de Andreas Mikkelsen, que tinha tudo para ter vencido.

Isso acontece por conta de sua habilidade e consistência como piloto. Ogier sempre está entre os líderes e dificilmente erra, estando sempre em posição de se beneficiar do erro alheio. Por isso, quando acontece algo semelhante ao que ocorreu com Loeb ou Mikkelsen, lá está o francês para se aproveitar. É uma característica que pilotos campeões têm. E Ogier tem de sobra.

O dono do carro #1 pode vir a ter problemas durante a temporada? Claro, ele não é imbatível ou infalível 9é só lembrar do erro que poderia ter custado a vitória na Suécia). Mas a julgar pelo seu histórico, é pouco provável que ele não consiga administrar o que já conquistou.

Pra mim, só uma tragédia tira o título das mãos do francês.

Andreas Mikkelsen se destaca


Vice-líder do mundial com três pódios e três terceiros lugares, Andreas Mikkelsen tem sido um dos bons destaques da temporada. O norueguês, que pilota pelo segundo time da VW, tem mostrado uma performance bastante constante e convincente e segue em clara evolução dentro a categoria.

Andreas Mikkelsen tem sido um dos bons destaques da temporada e está perto de vencer pela primeira vez na categoria
Mikkelsen é um ‘projeto’ para o futuro da marca alemã. Ainda muito jovem (tem 25 anos), o norueguês tem podido se desenvolver sem a pressão de brigar por vitórias, como têm Ogier e Latvala no time principal. E contando com um equipamento de primeira tem sido muito competente, ainda que cometa alguns erros, como por exemplo no rali da Suécia. Na oportunidade, Andreas liderava até a última especial. Mas um erro comprometeu aquela que poderia ser sua primeira vitória na categoria.

Andreas é um piloto em quem devemos ficar de olho. Tem talento de sobra para, no futuro, brigar de igual para igual com outros nomes importantes da categoria e quem sabe vencer um mundial. Certamente ele seguirá crescendo dentro do WRC, mesmo que novos erros voltem a acontecer. Eles fazem parte do aprendizado. Só que não vou me surpreender em vê-lo vencendo em breve. Tipo, nos próximos eventos.

Latvala sendo Latvala


Rápido, arrojado, corajoso. Jari-Matti Latvala tem todas essas qualidades, essenciais para um bom piloto de rali. No entanto, falta uma característica fundamental para que o finlandês possa ter sucesso (e o sucesso que eu digo é titulo) no WRC: consistência.

Por mais talento e velocidade que tenha para guiar um carro nas sinuosas trilhas de cada rali que participa, Latvala não consegue traduzi-la em vitórias porque ele não consegue conter sua agressividade e ficar longe de acidentes. Na Suécia, o finlandês escapou da trilha na SS9 e perdeu mais de oito minutos, o que acabou com qualquer chance de vitória. Já no México, ele acertou um banco de areia e quebrou a suspensão de seu Polo. Ele ainda voltou, mas não terminou na zona de pontuação.

Jari-Matti Latvala segue tendo problemas com acidentes e falta de consistência e deverá ficar longe do título mais uma vez
São erros como esses, pequenos até certo ponto, que fazem com que Latvala não dê um passo adiante em sua carreira, que tem dois vice-campeonatos (2010 e 2014). É velocíssimo, mas não consegue ser regular, o que é muito importante em competições desse tipo.

Na atual temporada, o finlandês soma apenas 19 pontos e ocupa o sexto lugar no mundial. Muito pouco para alguém do seu nível com o carro que tem. Brigar pelo título, no momento, parece impossível. Não e, de fato, mas seria uma missão extremamente complicada. Por isso, é bom que ele tente rever o que vem fazendo de errado para melhorar porque talento para vencer não lhe falta.

Hyundai evolui


A marca coreana, que voltou ao WRC no ano passado, tem tido bons resultados em 2015. Ainda não consegue fazer frente a Volkswagen, mas tem tudo para seguir melhorando nos próximos ralis.

Seu principal piloto, Thierry Neuville, é o terceiro no campeonato e foi ao pódio na Suécia. Os outros dois pilotos do time, Dani Sordo, do time principal, e Hayden Paddon, da equipe B, também conquistaram resultados interessantes que aprecem colocar a Hyundai como segunda força do certame, fato refletido na tabela de classificação.

Hyundai, que tem Thierry Neuville como principal piloto, tem evoluído bem e tem condições de voltar a vencer uma etapa
Talvez a equipe tenha condições de vencer ao menos um evento nessa temporada. Neuville ficou perto disso na Suécia.

Outros destaques


- Foi legal acompanhar Sebastien Loeb de volta par o rali de Monte Carlo. E principalmente em ver que o eneacampeão não perdeu o jeito da coisa, após dois anos longe dos ralis. Não fosse aquele pequeno erro, me arrisco a dizer que ele levaria o evento. Não tem como não ser fã do francês;

- Já a Citroen não tem tido o mesmo desempenho de anos atrás. Mads Ostberg até tem feito um bom trabalho nesse ano, sendo o quarto no mundial e tendo ido ao pódio no México, com a segunda posição. Mas ainda é pouco para a equipe que dominou o WRC por nove anos. Além disso, Kris Meeke está devendo bastante em 2015. Fica cada vez mais claro que ter um piloto como Loeb fazia a diferença para a equipe. E o que o francês fez em Monte Carlo só reforça essa tese;

- Robert Kubica ainda não completou nenhum rali na zona de pontuação em 2015. Uma pena;

- Alguém poderia dar uma chance ao tcheco Martin Prokop em um time de fábrica. É um piloto de extrema consistência que poderia contribuir muito com qualquer equipe;


- Olho no sueco Pontus Tidemand, enteado de Henning Solberg. Piloto de futuro;

Fotos: NexGen-Auto.com
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