Pareceria entre McLaren e Honda gerou muitas expectativas, mas desempenho em pista decepcionou a todos |
Foram quase duas décadas de uma parceria bem sucedida com a Mercedes e, nesse período, a equipe conquistou três títulos mundiais. Mas chega uma hora que é necessária uma mudança. E é esse o momento que vive a McLaren atualmente.
O tradicional time inglês, dono
de oito títulos de construtores, doze de pilotos, além de 182 vitórias e 155
poles em 767 corridas, iniciou uma nova parceria com a Honda, que no passado
teve muito sucesso. Contudo, os tempos são outros e a primeira impressão
deixada pela sociedade nipo-britânica não foi das melhores. Nos testes
coletivos, a equipe mais teve problemas do que ficou na pista e ainda viu Fernando
Alonso, grande contratação do time, sofrer um forte acidente que o deixará de
fora da etapa de abertura do mundial.
A expectativa de todos é que a
McLaren melhore e que essa parceria com a Honda dê muitos frutos. No entanto, parece
que a equipe terá de enfrentar um ano difícil em meio a essa nova transição.
Balanço dos testes
Se em 2014 quem sofreu durante o
período de testes foi a Red Bull, em 2015 a grande vítima dos problemas foi a
McLaren. O time inglês, que agora tem a Honda como parceira, foi de longe a
equipe que menos permaneceu na pista durante os testes coletivos. Ao todo, os
carros prateados percorreram somente 1751 km, juntando as três baterias de
praticas. Um péssimo sinal para o início de temporada.
Só para deixar claro os dados
individuais, Jenson Button foi quem mais andou com o MP4-30. O campeão de 2009
percorreu 1033 km em 224 voltas. Só andou mais do que seu companheiro, Fernando
Alonso, que andou por 536 km após 117 giros, que o piloto de teste da
escuderia, Kevin Magnussen, que percorreu 182 km em 39 voltas e que outros dois
pilotos de testes. Daí já dá pra sentir o drama vivido em Woking.
Aliás, na questão velocidade,
pouco foi visto também. Em nenhuma das três baterias, os pilotos da equipe inglesa
estiveram entre os dez melhores tempos combinados da semana. E ainda tivemos o estranhíssimo
acidente sofrido por Fernando Alonso ao fim da segunda semana de ensaios, que ainda
não foi totalmente (e convincentemente) explicado e que tirará o espanhol da etapa
de abertura do mundial, neste fim de semana.
Experiência de Jenson Button pode ser uma grande aliada no desenvolvimento do MP4-30 durante a temporada |
Por tudo o que (não) vimos da
McLaren, não dá para fazer uma avaliação dos ensaios nipo-britânicos, ainda que
haja um pequenino alento: ao menos o tempo de pista da equipe foi aumentando
durante as baterias, o que indica que alguns problemas vão sendo solucionados,
mesmo que lentamente. Talvez isso indique que as coisas vão melhorar. Só não se
sabe quando.
Expectativas para 2015
O 2015 da McLaren é um ano de
transição. Depois de encerrar uma parceria de quase 20 anos com a Mercedes, é
normal que a equipe tenha certa dificuldade de fazer uma nova sociedade
funcionar de imediato, como vimos nos testes. Por isso, a temporada vai servir
para que ingleses e japoneses consigam desenvolver algo já pensando em 2016.
De volta à McLaren, Fernando Alonso não teve um bom início: andou pouco e sofreu um grave acidente em Barcelona |
Esse promete ser um ano de muito
trabalho para a McLaren, mas visando, prioritariamente, o desenvolvimento de um
equipamento que possa ser mais confiável e competitivo para 2016. Obter bons
resultados nesse ano seria formidável, mas não devem estar no topo da lista da
equipe nas atuais circunstâncias.
Os pilotos
Jenson Button – O experiente
piloto inglês permaneceu por mais uma temporada por sua bagagem na categoria. E
ela será bastante importante nesse primeiro momento, pelo visto.
Button já trabalhou com a Honda quando
correu pela BAR e depois pela própria equipe de fábrica da montadora nipônica.
Então, ele sabe muito bem qual é a metodologia de trabalho empregada pelos
japoneses. Junte isso ao tempo de pista que ele tem e isso o torna uma peça
fundamental no desenvolvimento do carro desse ano, e também no bólido da
próxima temporada.
Não sou grande fã do estilo de
pilotagem do campeão de 2009, mas é inegável que sua experiência pode ajudar e
muito a McLaren neste momento. Por isso o acho uma peça fundamental para essa
transição. Assim como não espero grandes performances do time neste início de
temporada, não se pode cobrar o mesmo de seus pilotos. Porém, creio que Button
poderá ser bastante útil para que o time de Woking consiga evoluir.
Fernando Alonso – O bicampeão,
que já tinha passado pela McLaren em 2007, voltou ao time inglês após cinco
temporadas frustradas na Ferrari. Aliás, o espanhol, que conquistou seu último
título em 2006 na Renault, só teve passagens frustradas desde então. Em 2007, decidiu
deixar o time após uma ferrenha batalha contra Lewis Hamilton (e contra Ron
Dennis) dentro da equipe. Na Renault, em 2008 e 2009, não conseguiu ser
competitivo. E ainda teve aquele caso do Cingapuragate... já na Ferrari, ficou
no quase duas vezes, ante o domínio da Red Bull de Sebastian Vettel.
Depois de tantos momentos
frustrantes, Alonso resolveu voltar à McLaren para recomeçar sua busca pelo
tricampeonato. Contudo, não será uma tarefa fácil, pelo visto. Logo em sua
volta, quando o time inglês inicia uma parceria com a Honda, o espanhol vê em
suas mãos um carro pouco confiável e que dificilmente irá lhe dar condições de
brigar por vitórias nessa temporada. Além disso, ele já sofreu um acidente
grave nos testes e teve que ficar hospitalizado por três dias. E as consequências
da batida ainda não foram totalmente esclarecidas. O que se sabe é que ele não
corre em Melbourne. As perspectivas não são as mais animadoras.
Claro que, para os próximos anos,
o cenário pode mudar. Alonso é um piloto competente, seu companheiro também é,
assim como os engenheiros britânicos e japoneses. E todos vão trabalhar para
extrair o melhor do equipamento. Só por isso já se pode esperar evolução por
parte da McLaren. Entretanto, é preciso tempo para que tudo comece a se
encaixar e para um piloto que está mais próximo do fim de sua carreira do que
do início, isso pode pesar na questão motivação.
Não acho que o espanhol vá
desistir ou se empenhar menos por conta dos problemas vividos pela escuderia. Só
que o bicampeão já não parece ter tanta paciência para esperar novamente por um
carro competitivo.
Fotos: GPUpdate.net e F1Fanatic.co.uk
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