Force India: uma temporada de incertezas

Force India deve integrar o pelotão intermediário do grid, mesmo passando por grave crise financeira neste ano

Uma das equipes que conseguiu se estabelecer bem na Formula 1, a Force India passa por um momento complicado. Apesar de sempre estar competindo bem no grupo intermediário do grid, a equipe vive um drama financeiro que apenas aumenta com o passar dos meses.

Com um orçamento muito apertado, a escuderia resolveu não participar da primeira sessão de testes coletivos do ano, em Jerez de la Frontera, e utilizou seu carro de 2014 na primeira bateria de ensaios em Barcelona. O modelo do ano, o VJM-08, só foi para a pista na última semana de testes e apesar de parecer ser um carro que poderá acumular alguns pontos ao longo de 2015, o time ainda tem um futuro bastante nebuloso. Há quem diga que o time não terá dinheiro suficiente para completar a temporada.

Dessa forma, mais do que ir bem dentro das pistas, a Force India vai precisar de um bom aporte financeiro para completar o orçamento de 2015 e conseguir caminhar sem sustos dentro do mundial. Missão difícil nos dias atuais. Será que os indianos conseguirão sair dessa?

Balanço dos testes


Das equipes que participaram da pré-temporada, a Force India foi a única que não participou das três baterias. Vivendo uma crise financeira, o time hindu-britânico resolveu não participar dos testes em Jerez de la Frontera, usar seu modelo de 2014 na primeira rodada de praticas em Barcelona, e só levar o novo VJM-08 para pista durante a última semana na Catalunha. E até por isso, a escuderia foi a segunda que menos permaneceu na pista, tendo acumulado 3114 km.

Nico Hulkenberg é um dos pilotos mais consistentes do grid. Expectativa é de mais um bom ano do alemão 
Ainda assim, a FI parece ter conseguido cumprir bem sua programação. Utilizando o bólido de 2014, a equipe conseguiu coletar alguns dados importantes na primeira semana em Barcelona, contando com seus dois pilotos titulares, Nico Hulkenberg e Sergio Perez, e também com o reserva da Mercedes, Pascal Wherlein. Já com o novo bólido, o time finalizou seus testes no circuito catalão tentando andar o máximo possível para testar a durabilidade do equipamento. E o VJM-08 não fez feio.

Ao todo, Sergio Perez acabou permanecendo um pouco mais na pista do que Nico Hulkenberg (1327 km para o mexicano em 285 voltas, contra 1262 km em 271 giros do alemão). Wehrlein completou os testes com 525 km e a Force India não apresentou maiores problemas.

Quanto a velocidade, não há ainda um parâmetro muito definido. Com apenas uma bateria de testes e procurando andar o máximo possível, é bem capaz que a escuderia não tenha testado todo o potencial do bólido. Nos tempos combinados, Hulkenberg e Perez ficaram com a 13ª e a 14ª posições, respectivamente, na última sessão de praticas, que é a que realmente valeu para o novo carro. Ambos usaram compostos supermacios.

A Force India deve ser uma das equipes que ficarão no meio do grid.

Expectativas para 2015


Muito dos resultados que a Force India terá na temporada passam pela questão financeira. Como é e conhecimento geral, as equipes consideradas médias passam por dificuldades e poderão não ter o orçamento suficiente para seguir investindo em melhorias ao longo do ano. A situação preocupa tanto que pode ser até que essas escuderias tenham dificuldade de terminar o mundial. Por isso, não dá para esperar muito desses times.

Sergio Perez recomeçou sua carreira na Force India. Mas o mexicano precisa dar um passo adiante novamente
No caso da Force India, a vejo num nível semelhante a de Sauber, Lotus e Toro Rosso. São equipes que se equivalem e que deverão ficar no meio do grid lutando tanto para conseguirem chegar ao Q2 nas classificações quanto brigando pelo que sobrar de lugares na zona de pontuação. Acho difícil, por exemplo, ver a FI indo ao pódio, como aconteceu no GP do Bahrein do ano passado, com Sergio Perez. Ou até mesmo ter uma sequencia de chegadas na zona de pontuação como teve Nico Hulkenberg em 2014. Creio num maior equilíbrio entre as medianas, o que pode gerar batalhas divertidas.

O que pode decidir essas disputas é justamente o orçamento de cada time e como será trabalhado o desenvolvimento de seus carros. Se um desses times conseguir caminhar sem erros, o que significa desenvolver bem o bólido sem desperdiçar a minguada verba de que dispõem, poderá ter uma vantagem a partir do meio da temporada.

Os pilotos


Nico Hulkenberg – O piloto alemão, campeão da GP2 em 2009, segue sua sina de só pilotar em equipes medianas. Desde sua estreia na categoria, em 2010, até hoje, Hulkenberg ainda não teve chances em um time melhor estruturado, que lhe desse condições de pilotar com mais regularidade entre os ponteiros, ainda que seu desempenho nas escuderias por onde passou tenha sido ótimo.

Essa será a terceira temporada completa dele na Force India, onde correu em 2011 e no ano passado. E mais uma vez o que se espera dele é muita regularidade. Hulk é um piloto de muito talento, que consegue extrair tudo o que pode de um carro. Basta ver seus resultados na Williams, na Sauber e na própria FI. Ele está sempre ali, na zona de pontuação, muitas vezes desafiando rivais de equipes maiores.

Ainda não foi possível ver todo o potencial do VJM-08, mas se o carro for bom, podemos esperar performances consistentes do alemão.

Sergio Perez – Depois de uma passagem frustrante pela McLaren, o mexicano teve um recomeço em sua carreira em 2014 na Force India. E logo na terceira corrida pela nova equipe, ele conseguiu um pódio no Bahrein. Contudo, Perez se mostrou muito inconstante e acabou não conquistando os resultados esperados.

Que Checo é um piloto veloz, isso é inegável. No entanto, seu estilo agressivo de pilotagem, por vezes, lhe é prejudicial, fazendo com que ele não atinja a consistência necessária para acumular bons resultados. Em comparação com seu companheiro na última temporada e apesar do pódio conquistado, Perez não saiu na foto perto de Hulkenberg.


Perez precisa dosar melhor sua velocidade e agressividade para voltar a chamar a atenção e dar um passo adiante na carreira, ainda mais porque ele já teve uma oportunidade de ouro e não conseguiu aproveita-la. Se conseguir fazer isso, quem sabe ele não volta a correr por um time grande?

Fotos: GPUpdate.net e F1Fanatic.co.uk
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