Mercedes começa a temporada de 2015 como favorita. Será que a escuderia terá domínio tão avassalador como em 2014? |
Após entrar na Formula 1 almejando conquistar vitórias e títulos, mas sofrendo um bocado em suas três primeiras temporadas, a Mercedes, enfim, encontrou o caminho das pedras. Em 2013, os alemães já davam mostras de que estavam no rumo certo, ao vencer três corridas no ano e terminar a temporada com o vice campeonato de construtores, superada apenas pela mais que dominante Red Bull.
Mas então veio 2014 e quem começou a dominar foram as flechas de prata, comandadas por Lewis Hamilton, o campeão, e Nico Rosberg, o vice. Em 19 etapas, foram 16 vitórias para os alemães, com 11 triunfos de Lewis e 5 de Nico, além de 18 poles (somente Felipe Massa, na Áustria, quebrou a hegemonia bávara). Em nenhuma prova a escuderia deixou de ser representada no pódio. Quando um dos pilotos não terminava entre os três mais bem colocados, o outro estava lá para receber um troféu. E isso sem contar as dobradinhas, 11 no total. Um desempenho que todo time sonha em ter, não apenas por uma temporada, mas constantemente.
E esse é o grande objetivo da Mercedes. Os alemães querem continuar no topo.
Balanço dos testes
A Mercedes parece ter usado muito bem os testes coletivos em Jerez de la Frontera e em Barcelona para aperfeiçoar o W06, sucessor do excelente W05. Após terem sofrido com problemas de confiabilidade em 2014, os atuais campeões foram os que mais andaram, ao somarmos as três sessões de ensaios, e puderam tanto trabalhar nesta questão como também testando a velocidade do novo bólido. E quem acompanhou as praticas coletivas ficou com a sensação de que veremos uma nova temporada de domínio dos carros prateados.
Começando pela parte de confiabilidade, a Mercedes parece ter evoluído nesse quesito. Se lembrarmos de 2014, apesar do grande domínio que a escuderia teve, ela deu mostras de que não tinha um carro 100% confiável. Puxando pela memória, me recordo de Lewis Hamilton ficando na mão durante uma corrida em duas oportunidades (Austrália e Canadá) e tendo problemas em duas classificações (Alemanha e Hungria), enquanto Nico Rosberg ficou pelo caminho em quatro provas (Canadá, Grã-Bretanha, Cingapura e Abu Dhabi). E os problemas foram diversos, passando por motor, freio e componentes elétricos.
Nico Rosberg foi o piloto que mais andou durante os testes coletivos. Alemão registrou a melhor marca em Barcelona |
- A Mercedes acumulou 6,121 km rodados somando as três baterias de testes coletivos. A titulo de comparação, a segunda colocada nesse quesito, a Sauber, rodou cerca de 400 km a menos, o que representa a distância de pouco mais de uma corrida completa;
- Nico Rosberg foi o piloto que mais andou, com 3463 km em 759 voltas.
- Já Lewis Hamilton foi o oitavo colocado neste quesito, acumulando 2434 km em 532 giros.
- Até mesmo Pascal Wehrlein, piloto de testes da escuderia, contribuiu, anotando mais 224 km na tabela de quilometragem alemã;
Claro que, nesse período, surgiram alguns problemas. Mas nada que gerasse grande preocupação no staff da escuderia, aparentemente. O bólido de 2015 parece ser bastante confiável. Restava saber então se ele era rápido. E a resposta veio, majoritariamente, na última bateria.
Se em Jerez de la Frontera a equipe alemã se focou na busca de dados para aumentar a confiabilidade de seu carro, nos ensaios em Barcelona os bons tempos apareceram de maneira mais natural. Na primeira bateria realizada no circuito catalão de Montmeló, Nico Rosberg registrou a segunda melhor marca entre os tempos combinados dos quatro dias, a 0s254 da melhor marca. Só que o detalhe foi o seguinte: o alemão estava de pneus médios enquanto o líder, Romain Grosjean, andou de super macios. Lewis Hamilton, por sua vez, teve a nona melhor marca entre todas, também de pneus médios.
Atual campeão, Lewis Hamilton teve desempenho discreto na pré-temporada, mas andou bastante com o novo W06 |
Com um carro que parece ser mais confiável e mais veloz do que seu antecessor, é difícil não apontar a Mercedes como a escuderia a ser batida em 2015.
Expectativas para 2015
Obviamente, as expectativas que tenho com relação a Mercedes em 2015 é de que ela confirme as impressões que tive durante testes coletivos, levando a pista um carro confiável e veloz. Se isso se confirmar, o time terá tudo para ser dominante mais uma vez, restando assim apenas um problema majoritário para que a cúpula tome conta no ano: evitar novos atritos entre seus pilotos.
Vimos que Lewis Hamilton e Nico Rosberg tiveram uma convivência turbulenta em 2014, enquanto disputavam, prova a prova, o título mundial. O ápice foi durante o GP da Bélgica, quando um pequeno choque entre os dois, logo na segunda volta, acabou culminando com um abandono de Hamilton e o segundo lugar de Rosberg naquela prova. Logo depois, a cúpula germânica deu um ultimato aos dois e ambos se acalmaram. Foi a partir daí também que se iniciou a virada de Lewis em cima de Nico, que acabou levando o inglês ao bicampeonato.
Mercedes precisa evitar que problemas como o ocorrido no GP da Bélgica de 2014 voltem a acontecer nesta temporada |
Claro que a expectativa de todos é vê-los disputando até o limite, como aconteceu no GP do Bahrein. Só que há uma linha tênue nisso e qualquer escorregada, seja de quem for, pode jogar na lata do lixo todo o trabalho de uma equipe. Por isso a Mercedes precisa saber controla-los, para evitar que, pelo menos, episódios como o da Bélgica não aconteçam.
Os pilotos
Lewis Hamilton - Bicampeão mundial, Lewis Hamilton parece estar no melhor momento de sua carreira. O britânico se livrou da pressão de precisar vencer novamente um campeonato e deverá estar mais leve. A recuperação que ele teve na última temporada, após tantos revezes, mostra que ele melhorou muito na parte psicológica e que não comete erros bobos com a frequência que cometia antigamente.
Mas apesar desse amadurecimento, ainda vejo esse como seu ponto fraco. E ele deverá ser testado mais uma vez em 2015. Se no ano passado Lewis contou com o apoio de seu pai apenas como pai e não como pai/empresário, de seus familiares e de sua namorada, a modelo Nicole Scherzinger, em 2015 isso poderá ser diferente. Seu pai e seus familiares continuam lá, mas a namorada se foi mais uma vez.
A grande questão é saber como ele irá lidar com essa separação. Será como em 2011, quando ele pareceu muito abatido com uma de suas separações com a modelo, ou ele irá superar isso numa boa? Dizem que o casal rompeu porque Hamilton não quis casar. Seria isso uma tentativa de evitar maiores distrações? E a vida de pop star que ele gosta de levar, poderá tirar sua concentração e o foco em conquistar o tri?
São perguntas que serão respondidas ao longo da temporada. E é bom ficarmos de olho. Sabemos que talento ele tem de sobra para ganhar, pelo menos, mais um mundial, desde que nada lhe tire do prumo.
Se estiver tudo bem com sua cabeça, Lewis Hamilton é o favorito, sem dúvidas.
Nico Rosberg - Teve um determinado ponto da temporada passada em que pensei que não seria possível o alemão perder o título. Mas aí veio aquela polêmica corrida na Bélgica, sucedida pela bronca do pessoal da Mercedes e Nico Rosberg parece ter murchado... O piloto, que parecia estar muito confortável no campeonato, passou a ser sumariamente derrotado pelo companheiro Lewis Hamilton. E quando se deu conta, já era tarde para reagir.
É bom lembrar que essa foi a primeira experiência do alemão decidindo um título da Formula 1, coisa que nunca é tranquila. Porém, também não deve servir de muleta para que ele se apoie. Rosberg não conseguiu achar respostas para dar naquele momento e sucumbiu à pressão. Simples assim.
Entretanto, essa situação pode ter trazido a experiência necessária para que o germânico dê um passo adiante e consiga se impor, característica que um campeão precisa ter. Nico andou muito bem nos testes, batendo seu companheiro constantemente. Testes são apenas testes, dirá alguém. Mas esse desempenho pode ter dado uma injeção de animo no dono do carro #6. E começar a temporada assim é sempre benéfico.
Imagino que Rosberg virá mais forte para essa temporada e será um rival mais perigoso para Hamilton. E talvez, numa posição de azarão se saia melhor. Contudo, ele também precisa aprender a jogar como favorito. Será que 2014 o ensinou algo?
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