Alonso dá show de talento e sorte e vence em Sepang

Foram três horas de GP da Malásia. Duas horas de corrida efetivamente e uma hora de paralisação, devido a chuva que chegou forte em Sepang. E nesse tempo, vimos de tudo. Vimos a Ferrari, que anda mal das pernas, dar um suspiro e um dia genial de Fernando Alonso. Vimos a Sauber, guiada por Sergio Perez, brigar até o fim pela vitória. Vimos o atual campeão do mundo sequer pontuar, coisa rara nos últimos tempos. Vimos Bruno Senna fazer uma grande corrida. E vimos Felipe Massa se afundar ainda mais na Ferrari... realmente, a segunda etapa do mundial foi muito interessante, e teve uma grande vitória de Fernando Alonso.

O 28º triunfo de Fernando Alonso na F1 foi um misto de talento e sorte. Mais sorte do que talento, é óbvio. Com o carro que tem nas mãos, nem o piloto mais talentoso do universo conseguiria vencer em circunstancias normais. A vitória do espanhol foi circunstancial. Não fosse a chuva e alguns erros da McLaren e de seus pilotos, e do próprio Perez, a história seria diferente, temos de reconhecer.

Contudo, há o mérito de Alonso nisso tudo. O que não é pouco. São raros os pilotos que, na situação em que ele se encontrava, seriam capaz de manter um ritmo que lhe propiciasse manter a liderança. Quando a corrida foi interrompida, na volta 8, ele era o quinto, debaixo de chuva, condições que equilibravam as coisas. Após a prova ser retomada, Alonso logo passou Webber, parou tempos depois para troca de pneus, e com os pits de Button, Hamilton e Perez para colocarem pneus intermediários, assumiu a liderança. Para não mais perdê-la. 
Alonso soube andar rápido quando necessário, o que lhe garantiu a ponta. Mas por muito tempo ele foi pressionado pelo mexicano, assim como foi pressionado por Maldonado em Melbourne. Porém, ele se manteve a frente em ambas as ocasiões, extraindo do F2012 uma performance que ia além das condições do carro e contando com erros de seus perseguidores em momentos críticos. Isso mostra porque o considero o melhor piloto da F1. É o típico caso de um grande piloto em um carro ruim.

A vitória de Alonso não esconde que o F2012 é um carro horrível. Mas traz à Ferrari a perspectiva de que se pode evoluir, pois lá existe um piloto capaz de fazer com que o carro ande bem. As próximas três semanas em Maranello deverão ser de muito trabalho para que no GP da China a Ferrari tenha um carro menos lento do que o atual.

No entanto, se há na escuderia a euforia pelo resultado de Alonso, há também a frustração por Massa. Aliás, pensando bem, nem sei mais se essa frustração existe por parte da equipe. Tornaram-se rotineiras as más apresentações do brasileiro. Hoje, o 15º lugar, quase tomando volta do líder, foi apenas mais um resultado pífio dele. No que isso resultará? Só em mais pressão interna e externa (leia-se mídia italiana). Nesta segunda-feira começarão novamente o ataque à Felipe, ainda mais com essa vitória de Alonso. E a tendencia é ele sucumbir cada vez mais a isso. Quero ver até quando ele aguentará. Ou até onde vai a paciência com ele em Maranello.

Botando mais pressão ainda em Massa, Sergio Perez foi genial também neste domingo. O mexicano faz parte da Acadêmia de Jovens Pilotos da Ferrari e frequentemente tem sido apontado como sucessor de Massa no segundo carro do time vermelho. E hoje mostrou porque disso. Largando em nono, Perez caiu para os últimos lugares nas primeiras voltas. Mas isso fazia parte de uma tática que se mostraria muito eficiente depois. Com todos os pilotos largando de pneus intermediários, o mexicano parou para colocar pneus para chuva extrema, o que foi seguido por quase todo o grid nas voltas seguintes. Ao ser paralisada a corrida, Perez era incrivelmente o terceiro, atrás da dupla da McLaren. O mexicano chegou a liderar a corrida, ate parar para colocar pneus intermediários e ser superado por Alonso. E aí ele começou a dar show.

Atrás do espanhol, o jovem piloto da Sauber começou a fazer volta rápida em cima de volta rápida, diminuindo a distância para Alonso, a medida que a pista secava. Contudo, veio o primeiro erro da Sauber. O ferrarista entrou nos pits para colocar pneus slicks enquanto o 'tequila boy' ficou na pista para mais um giro de intermediários. Perdeu tempo. Quando enfim fez seu pit, a diferença entre os dois aumentou. Tivesse Perez parado junto de Alonso, a pressão poderia ter sido maior por parte do mexicano.
Mas Perez não desistiu. Muito mais rápido (a que ponto a Ferrari chegou. Ser mais lenta que a Sauber...) o piloto do carro 15 encostou novamente no bicampeão. A disparidade de desempenhos era tão grande que todos esperavam pelo passão de Sergio em Fernando. Entretanto, veio o segundo erro dele. Na curva 14 Perez perdeu o carro e deu uma volta fora da pista, jogando a possibilidade da vitoria no lixo. Erro de um novato, digamos assim.

Pouco antes, o engenheiro do piloto havia dito para que ele tomasse cuidado, pois a equipe precisava daqueles pontos (do segundo lugar). Muito gente viu essa mensagem como a causadora do erro e alguns até acreditam que foi um jogo de equipes. Sauber e Ferrari tem uma parceria, com os italianos cedendo motor aos suíços. Já eu, não vejo dessa forma. Quantas vezes vimos uma Sauber fazer uma corrida como essas, podendo somar tantos pontos assim? Raramente, não? O pessoal do time fez o que era certo, alertando Perez de que os 18 pontos estavam de bom tamanho. Ponto vale dinheiro ao fim do campeonato, principalmente para as equipes menores. Então, é melhor somar 18 do que poder tentar somar 25 e jogar o que já tinha fora. Vide o que fez o Maldonado na Austrália. E por mais que isso seja frustrante, o piloto tem de saber disso também e não pode se desconcentrar com uma mensagem como essa.

O problema, ao meu ver, é que Perez estava perto demais do Alonso e teve uma perda de pressão ao entrar na curva. Isso fez com que errasse. O mexicano era muito mais rápido. Novamente digo: erro de novato. E que não arranha em nada a tocada irrepreensível que ele teve hoje. Passaremos a acompanhar com mais atenção à pilotagem já muito boa do menino, que dedicou seu primeiro pódio na F1 à Frida, sua cadelinha que morreu recentemente.

Em terceiro veio Hamilton, com a McLaren. O inglês que largou duas vezes na pole finalizou as duas provas em terceiro. É o vice líder do mundial, mas ainda mantém a cara fechada. Novamente não conseguiu repetir na corrida os bons desempenhos nos treinos. Aliás, a McLaren não mostrou domínio algum nesta prova, tendo um ritmo parecido com as adversárias. Precisa melhorar o ritmo de corrida. O outro piloto do time, Jenson Button, foi o grande perdedor do dia. Quando estava em terceiro, tocou em uma Hispania, perdendo parte do bico, em uma manobra afoita, pouco comum dele. Isso acabou lhe jogando pra trás, lhe tirando qualquer possibilidade de pontuar.
A Red Bull também não teve um grande desempenho. Webber, novamente foi quarto. Enquanto Vettel foi o 11º. O bicampeão também teve problemas com uma Hispania. Ao ultrapassá-la, ele foi tocado e teve o pneu furado, quando tinha uma boa possibilidade de se aproximar de Hamilton e brigar pelo terceiro posto. 

A quinta posição ficou com Kimi Raikkönen, que fez uma bela corrida. Largando em décimo, o finlandês foi bastante sólido durante toda a etapa e protagonizou boas brigas. O homem de gelo deverá ter um ano bem interessante e poderá brigar por pódios em algumas etapas, já que a Lotus tem um carro rápido. Quem também fez uma ótima corrida foi Bruno Senna. Sexto no final, o brasileiro adotou uma tática parecida com a de Perez, depois de uma largada confusa. Mas o piloto da Williams andou e evoluiu bem na etapa, conseguindo seus primeiros pontos no ano. Importante na briga interna com Maldonado, que foi apenas o 19º.

Daqui a três semanas, a F1 volta a se reunir na China, possivelmente com novidades em todas as equipes, devido ao tempo que terão para trabalhar. 

GP da Malásia – classificação final

1º. Fernando Alonso (ESP/Ferrari), 56 voltas em 2h44min51s812
2º. Sergio Pérez (MEX/Sauber-Ferrari), a 2s263
3º. Lewis Hamilton (ING/McLaren-Mercedes), a 14s591
4º. Mark Webber (AUS/Red Bull-Renault), a 17s688
5º. Kimi Raikkonen (FIN/Lotus-Renault), a 29s456
6º. Bruno Senna (BRA/Williams-Renault), a 37s667
7º. Paul di Resta (ESC/Force India-Mercedes), a 44s412
8º. Jean-Éric Vergne (FRA/Toro Rosso-Ferrari), a 46s985
9º. Nico Hulkenberg (ALE/Force India-Mercedes), a 47s892
10º. Michael Schumacher (ALE/Mercedes), a 49s996
11º. Sebastian Vettel (ALE/Red Bull-Renault), a 1min15s527
12º. Daniel Ricciardo (ITA/Toro Rosso-Ferrari), a 1min16s800
13º. Nico Rosberg (ALE/Mercedes), a 1min18s500
14º. Jenson Button (ING/McLaren-Mercedes), a 1min19s700
15º. Felipe Massa (BRA/Ferrari), a 1min37s300
16º. Vitaly Petrov (RUS/Caterham-Renault), a 1 volta
17º. Timo Glock (ALE/Marussia-Cosworth), a 1 volta
18º. Heikki Kovalainen (FIN/Caterham-Renault), a 1 volta
19º. Pastor Maldonado (VEN/Williams-Renault), a 2 voltas
20º. Charles Pic (FRA/Marussia-Cosworth), a 2 voltas
21º. Narain Karthikeyan (IND/HRT-Cosworth), a 2 voltas
22º. Pedro de la Rosa (ESP/HRT-Cosworth), a 2 voltas

Não completaram

Kamui Kobayashi (JAP/Sauber-Petronas), abandonou na volta 47
Romain Grosjean (FRA/Lotus-Renault), abandonou na volta 4

Fotos: GPUpdate.net
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