A volta de Kimi à Ferrari e suas possíveis implicações

Agora é oficial. A Ferrari confirmou nesta quarta-feira que Kimi Raikkönen será o companheiro de Fernando Alonso em 2014. Com contrato válido por duas temporadas, o finlandês retorna ao time onde conquistou seu único título mundial, em 2007, após quatro anos. E com o retorno do Iceman à escuderia, cabe uma pequena análise do porquê da volta e as possíveis consequências para Alonso e para a equipe.

O retorno de Kimi


A decisão de Kimi Raikkönen retornar à Ferrari se deu por um motivo bem simples e claro ao meu ver: o finlandês quer ter a chance - e a certeza - de brigar mais diretamente pelo título em 2014.

Desde que voltou à F1, no ano passado, Kimi sempre tem estado em posição de destaque. O finlandês de 33 anos tem pilotado muito bem, estando talvez em seu ápice técnico. Suas demonstrações de regularidade impressionam e já lhe valeram o recorde absoluto de corridas finalizadas consecutivamente na zona de pontuação além de vitórias e pódios e um terceiro lugar no campeonato de 2012. Porém, em muitos momentos lhe faltou equipamento para bater de frente com equipes do porte de Red Bull, Ferrari, McLaren e Mercedes.

Kimi Raikkönen retorna à equipe onde conquistou seu único título mundial, em 2007, para tentar o bicampeonato
Por mais que a Lotus tenha se esforçado nesses dois anos para dar ao seu principal piloto todas as condições de brigar pelo título, o time baseado em Enstone não tem o mesmo poderio dessa quadra de gigantes. Em 2012, Raikkönen fez uma temporada excelente, mas faltou fôlego ao seu time para que ele pudesse brigar de maneira mais intensa com Sebastian Vettel e Fernando Alonso. Em 2013, a história tem se repetido, com a adição ainda da Mercedes na parada, o que torna tudo mais difícil ainda. E cansado disso tudo, sabendo que sua carreira na F1 está mais próxima do fim do que do início e sem garndes perspectivas de melhora dos bólidos pretos e dourados, ele resolveu mudar.

A primeira opção do finlandês, me parece, era herdar a vaga de Mark Webber na Red Bull. O time rubro-taurino é a escuderia do momento na F1, tendo vencido os últimos três campeonato - e se encaminhando para o quarto -, motivo mais do que suficiente para que ele desejasse o carro #2 da RBR. Junte isso a relação estreita que o finlandês possui com a fábrica de energéticos e a chance que teria de correr ao lado de um amigo - Sebastian Vettel  no caso. Seria o lugar ideal para que ele buscasse seu segundo mundial. No entanto, a equipe de Dietrich Mateschitz resolveu prestigiar um prata da casa, Daniel Ricciardo, fechando assim as portas para o Iceman.

Sem ter um assento na RBR garantido, Kimi passou a olhar para os lados e viu surgir a Ferrari como opção, equipe na qual ele já havia corrido. E por já ter trabalhado com os italianos, Kimi tem um conhecimento de como as coisas funcionam em Maranello e do potencial que a escuderia tem, apesar dos trabalhos recentes no desenvolvimentos dos bólidos não terem sido dos melhores. Isso já era um ponto favorável na escolha. Além disso, com a mudança de regulamento para 2014, a Ferrari terá uma nova chance de começar um projeto que seja capaz de desafiar a Red Bull e que a leve de volta a um título do mundo. E analisando sob esse prisma, é totalmente compreensível a opção feita pelo campeão de 2007.
Primeira passagem do finlandês por Maranello teve algumas turbulências. Como será que Kimi irá lidar com a equipe agora?
A volta do finlandês também prova que em um mundo competitivo como o da F1 não há muito espaço para orgulho e ranço. Tanto Kimi quanto a cúpula ferrarista tiveram que esquecer algumas desavenças antigas para poderem chegar a um novo acordo.

A nova velha parceria será boa? Só o tempo e uma conjunção de fatores dirá. Na teoria, há mais pontos positivos do que negativos para que tudo dê certo entre Ferrari e Raikkönen. Vai ser interessante, no mínimo, ver o Iceman de volta ao time italiano.

Como fica Alonso?


Não acredito que a contratação de Kimi Raikkönen terá grandes implicações em Fernando Alonso. Muita gente espera que o espanhol surte, exija posto de #1 do time, dê chilique e tudo o mais, por conta de sua personalidade e de episódios anteriores que ele já protagonizou. Mas, sinceramente, não sei se isso acontecerá.

É verdade que Alonso quase sempre teve ao seu lado pilotos de nível técnico inferior ao seu, como Giancarlo Fisichella e Felipe Massa, o que não é nenhum demérito ao italiano ou ao brasileiro e se acostumou a ser o centro das atenções nas equipes por onde passou. Portanto, essa experiência de dividir o time com um outro grande piloto ainda é relativamente nova. A única exceção foi em 2007, quando bicampeão teve algumas dificuldades ao dividir a equipe com o talentoso estreante Lewis Hamilton. Mas nesse caso o que mais atrapalhou foram os conflitos com a cúpula. O espanhol não julgava justo não ter o status de #1 da equipe.
Fernando Alonso terá agora um companheiro de peso na Ferrari. Chegada de Kimi pode representar pressão ou motivação para o espanhol
Nesse meio tempo, muita coisa deve ter mudado no comportamento de Alonso. Mais maduro e experiente, acredito que ele tentará levar a situação da melhor maneira possível, até porque o temperamento de Raikkönen parece não dar brechas para conflitos maiores. Fernando só teria a perder caso arrume algum tipo de confusão. 

Ter de dividir a Ferrari com Kimi pode trazer a Alonso um pouco mais de pressão, pois além de bater Vettel, ele vai precisar ter muito cuidado com o homem do outro carro vermelho. Por outro lado, ter como companheiro um campeão mundial também pode servir de motivação para que ele consiga melhores resultados. Bater Kimi, trará mais confiança para o espanhol.

Mesmo com a chegada do finlandês, algo que denota uma ligeira perda de prestigio do "príncipe das Astúrias" dentro do time italiano, especialmente depois das criticas que ele fez à Ferrari após o GP da Hungria, acho que Alonso vai continuar sendo forte, tanto dentro das pistas quanto nos bastidores, ante a cúpula ferrarista. Só será necessário se adaptar a uma nova realidade, coisa para a qual um campeão como ele sempre precisa estar pronto.

Sessenta anos depois...


... enfim a Ferrari colocou novamente dois campeões mundiais em seus carros. Antes da dupla Fernando Alonso/Kimi Raikkönen, a parceria Giuseppe Farina/Alberto Ascari já tinha dado o ar da graça na equipe de Maranello. Ascari, campeão de 1952, levou a melhor sobre Farina, primeiro campeão da F1, em 1950, garantindo o bi. Tempos completamente diferentes dos atuais.
Certamente o time italiano terá a melhor dupla do grid. No entanto, vão precisar trabalhar muito para dar boas condições para ambos
Para 2014, formar uma dupla como essa é um passo ousado da Ferrari na tentativa de combater o reinado rubro-taurino na F1. Os italianos têm agora a melhor dupla, disparada, do grid. Falta, contudo, fazer com que ela funcione bem.

O desafio de manter um bom ambiente para que Alonso e Raikkönen contribuam com o time não será dos mais fáceis. Apesar de achar que nem um, nem outro vá querer saber de confusão, não é possível 'colocar a mão no fogo'. O trabalho no desenvolvimento do carro também precisará ser melhor do que nos últimos anos, afinal, de nada adianta ter dois grandes pilotos debaixo do mesmo teto se o carro for uma porcaria.

Fotos: GPUpdate.net e AutoDrive.com
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