Alguns rabiscos sobre Rush

Neste fim de semana fui com alguns amigos assistir ao filme mais esperado pelos fãs de automobilismo nos últimos tempos, o interessante Rush (Rush - No Limite da Emoção, aqui no Brasil). E sai da sala com uma boa impressão geral sobre a obra de Ron Howard, premiado cineasta americano que assinou alguns ótimos longas (Apollo 13, Uma Mente Brilhante e Frost/Nixon) além desse. 

E aproveitando o ensejo, venho utilizar este espaço para fazer uma pequena análise da obra. Não sou crítico de cinema, portanto não vou me ater a detalhes técnicos. É uma visão mais geral, sobre um filme que fala de um assunto que gosto. Vamos lá, então.

O que achei de bom


- Não é um filme apenas de automobilismo - Sim, o mote do filme é a disputa pelo título da F1 em 1976. Contudo, não é apenas das disputas dentro da pista que o filme trata. Acredito que o principal trunfo da obra seja mostrar um lado mais humano de dois pilotos de personalidades opostas. Hunt era o irreverente, o desencanado, o irresponsável, o arrojado, retrato de uma F1 mais romântica. Mas que também tinha seus momentos mais sérios, de sofrimento e angustia, como no fim de seu relacionamento com Suzy Miller ou quando soube que a Hesketh deixaria a F1 e ele não teria lugar na categoria, ou quando soube do acidente do rival em Nurburgring.
Tanto Chris Hemsworth (à esq.) como Daniel Brühl (à dir.) fizeram jus às suas personagens.em Rush. 
Lauda, por sua vez, era a personificação da responsabilidade, o trabalhador, o sagaz, o astuto. O modelo da F1 mais profissional. Mas que também tinha seus momentos de mais emoção, como no simples casamento com Marlene Knaus, na lua de mel com a esposa, no seu período internado após o acidente e na decisão de se retirar do GP do Japão.

A última cena do filme, ambientada em um hangar, quando Lauda e Hunt se encontram, mostra bem isso. Apesar das diferenças de pensamento e de comportamento de ambos, eles demonstram um grande respeito um pelo outro. 

- A atuação dos protagonistas - Chris Hemsworth, astro de "Thor", deu vida ao falecido James Hunt. E fez um bom trabalho. O australiano convenceu no papel do irreverente piloto inglês, campeão da temporada retratada no longa. Conseguiu captar bem a essência do playboy Hunt. A semelhança física entre os dois também ajudou na caracterização. Contudo, quem roubou a cena, na minha opinião, foi Daniel Brühl, interprete de Niki Lauda. O hispano/alemão incorporou mesmo o piloto austríaco, seja nos trejeitos, no modo de falar e até mesmo na caracterização de sua personagem, tanto antes quanto depois - principalmente depois -  do acidente. O trabalho de maquiagem feito pelos profissionais dessa área também foi impecável.

- Cuidado com a ambientação - O inglês é a língua global e que prevalece no filme. Porém, Ron Howard não esqueceu de certos detalhes que dão mais veracidade ao longa, como por exemplo a inserção de diálogos em outros idiomas, como por exemplo durante uma conversa de Lauda com seu pai, feita em alemão, idioma de sua terra natal, ou na apresentação de Lauda e de Regazzoni na Ferrari, conduzida em italiano. São detalhes que podem passar despercebidos, mas que denotam a preocupação da equipe em fazer um filme bem realista.
Ron Howard acertou ao mostrar lado mais humano dos adversários Niki Lauda e James Hunt em Rush
- Não há exageros - Pra mim, o filme não teve exageros e nem apelação, mesmo com as possibilidades que haviam devido a história em si. Poderiam ter transformado o filme em algum épico do drama, afinal, um dos protagonistas sofreu um grande acidente, onde quase perdeu a vida, tendo ficado com marcas de queimadura por todo o corpo, mas 42 dias depois já estava correndo novamente. Mas tudo foi contado de maneira mais sóbria. Além disso, tivemos algumas boa cenas de comédia, como a carona que dois italianos dão a Lauda e a Marlene - que tinham acabado de se conhecer - não pela beleza da futura sra. Lauda e sim porque o austríaco foi reconhecido pelos italianos como piloto da escuderia. E na mesma cena, Lauda pilotando como se não houvesse amanhã para provar à sua futura mulher que era sim um piloto, enquanto os italianos, no banco de trás, vibravam com a aventura.  

O que decepcionou


- Falta de público - Não tenho muito do que reclamar do filme em si, até porque não dá pra resumir algo tão complexo em duas horas. Claro que houve algumas falhas, como a primeira corrida entre Lauda e Hunt, pela Fórmula 3, em Cristal Palace. Na verdade ela nunca aconteceu. Mas no filme, isso serviu apenas para amarrar o enredo, assim como outras coisas. O que mais decepcionou foi a falta de público, pelo menos na sessão em que estive. Assistimos ao filme às 22h20, no Cinemark do Shopping Metrô Santa Cruz, região sul de São Paulo. Talvez, os fatores local/horário/dia tenham sido essenciais para que a sala estivesse esvaziada, bem como a impressão de que o filme fosse mais voltado para um público específico. Mas mesmo assim acredito que mais pessoas poderiam ter comparecido ao cinema, até mesmo pela carência de bons filmes sobre o tema. Se formos citar longas interessantes sobre automobilismo, apenas três me vêm à cabeça (Grand Prix, de 1966, Le Mans, de 1971, e Days of Thunder (Dias de Trovão por aqui) de 1990, sem contar o péssimo Driven (Alta Velocidade em terras canarinhas) de 2001, estrelado por Sylvester Stallone. Por isso fiquei meio decepcionado com esse fato, mas entendo que o filme é voltado mesmo para um público mais restrito, apesar de achar que ele seria elogiado até mesmo por um leigo em F1.

Sintetizando, Rush é um bom filme. Recomendo mesmo a quem não entende nada de corridas.  
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