O que se passa, Lewis?

Lewis Hamilton nunca foi uma unanimidade na F1. Nem entre os fãs, tampouco entre os outros pilotos. Desde que estreou na categoria, sempre esteve envolto por confusões na pista e fora delas também. E essa animosidade com o piloto inglês apenas cresce a cada dia, muito por sua culpa.

Não escondo de ninguém que sou fã do inglês. Acho que ele traz algo de bom para a F1 com sua coragem e agressividade, afinal, o que os fãs de corridas gostam de ver são disputas, ultrapassagens. Contudo, mesmo os fãs dele devem reconhecer que seu destempero está em níveis acima do normal nesta temporada. Não há como negar, como tentar tapar o sol com a peneira, por mais que ele seja defendido pelo chefe, Martin Whitmarsh, e até pelo companheiro Jenson Button. Os números mostram isso.

Das 14 provas disputadas até aqui, em cinco ele esteve envolvido em algum tipo de confusão, sendo que em algumas etapas, mais de uma vez. Além disso, recebeu cinco punições na temporada, o que dá uma média de uma a cada três provas, um número excessivamente alto.
Apenas nesta temporada, Lewis Hamilton já esteve envolvido em vários acidentes e é reincidente em punições
Há motivos para tantos erros, tanta afobação? Talvez. Hamilton passa a impressão de que está impaciente demais, afobado em demasia. Essa agressividade em excesso não é comum, nem mesmo a ele. Questões como a pressão por resultados na equipe, enfrentar um companheiro mais regular, ter um adversário tão dominante quanto Sebastian Vettel, sua vida pessoal e outras coisas, podem estar afetando o desempenho de Lewis. São possibilidades, hipóteses.

Contudo, uma declaração de Anthony Hamilton, pai e ex-empresário de Lewis, pode explicar o momento ruim que vive o piloto. E até culpados foram eleitos para isso. Segundo Hamilton pai, a falta de um envolvimento maior das pessoas que gerenciam a carreira do Hamilton filho, é um dos problemas para a fase ruim do piloto. Faz todo o sentido.

“Você olha para todo o pit lane e todos, com exceção de Lewis, têm um empresário de pilotos na sua vida, não pessoas de uma empresa. Pilotos de Fórmula 1 precisam de pessoas pessoalmente envolvidas na vida deles porque é uma grande pressão. Se você contrata um piloto, faça seu trabalho. Sem desrespeito a ninguém, mas é assim que as coisas funcionam”

Anthony Hamilton

Creio que essa falta de envolvimento dos empresários com o piloto possa estar fazendo diferença sim. Desde que rompeu relações profissionais com seu pai, Lewis não conseguiu mais se encontrar em termos de pilotagem. E esse fato tem sido latente nesta temporada, ainda mais depois de anunciar que tinha contratado a empresa de Simon Fuller, homem por trás da criação "American Idol", para gerenciar sua carreira.

A escolha por Fuller foi pensada, estudada, analisada. O empresário não foi o primeiro que apareceu com uma proposta que seduziu o piloto. Hamilton ficou um ano sem que ninguém o empresariasse e teve a chance de escolher Mika Hakkinen, bicampeão da F1, que conhece os bastidores da F1 e da McLaren e que se predispôs a gerenciar sua carreira. Mas deixou a proposta do finlandês, que poderia fazer um trabalho bom, de lado, para optar por contratar Fuller, mostrando que não queria apenas ser piloto. Pretendia também virar uma figura pop, coisa que ele nunca escondeu.

O problema é que tanto ele quanto seus empresários não têm conseguido achar um meio termo entre seguir focado na F1 e fazer sua inserção no mundo pop. E se esse meio termo não é encontrado, ele fica exposto a cometer todas essas bobagens que vem cometendo.
Durante o GP de Cingapura, ele perdeu parte da asa dianteira em um toque evitável com Felipe Massa
Em minha opinião, falta uma blindagem maior a ele por parte de seus empresários. O trabalho não está sendo bem feito. Só que o piloto também tem de fazer sua parte, tem de se mostrar disposto a evitar confusões. É uma parceria, e cada um tem suas responsabilidades. Mas Hamilton não demonstra estar muito propenso a isso também, não se esforça para ficar longe de polêmicas. Aí fica difícil.

Lewis Hamilton é um dos grandes personagens da F1, tanto para o bem, quanto para o mal. Para o bem, ele é um piloto indiscutivelmente talentoso, com um estilo agressivo de pilotagem que agrada a quem assiste as corridas, por sempre buscar a ultrapassagem. Um espetáculo a parte na categoria. Para o mal, o inglês sempre está envolvido nestas polêmicas inúteis. E são essas polêmicas desnecessárias que podem prejudicar uma carreira que tem tudo para ser brilhante. Ele precisa retomar o foco de sua carreira, ou nunca será o campeão que prometia ser.

Fotos: GPUpdate.net
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1 comentários:

Ester disse...

Interessante sua análise sobre o Lewis, realmente, o piloto inglês tem muito mais para oferecer. Espero que retome o foco da sua carreira e seja o grande multicampeão que tem potencial para ser!