De ponta a ponta, Rosberg triunfa em Mônaco

Neste domingo, Nico Rosberg e a Mercedes fizeram a festa nas apertadas ruas de Mônaco. O piloto alemão, pole postion, venceu de ponta a ponta coroando o bom trabalho feito por ele e pela equipe durante todo o fim de semana. Uma vitória também que pode representar a chegada de uma nova força no mundial. Vettel e Webber completaram o pódio.

Enfim, deu Mercedes

A segunda vitória na carreira de Nico Rosberg aconteceu no mesmo palco onde seu pai, Keke, também venceu pela segunda vez na F1, há 30 anos. E foi uma vitória mais do que merecida, não apenas por este fim de semana, mas pelos últimos.

Pole - a primeira da Mercedes desde 1955 nas ruas de principado, o alemão liderou de ponta a ponta as 78 voltas do GP de Mônaco. E o mais impressionante é que ele não foi ameaçado em momento algum, a não ser na largada, por seu companheiro, Lewis Hamilton. Depois disso, Rosberg abriu uma certa vantagem para quem vinha atrás e não foi incomodado. Só chegaram perto dele durante as voltas lentas, atrás do safety car, que adentrou à pista em duas oportunidades.

Nico Rosberg venceu o GP de Mônaco com muita propriedade. Alemão repete feito do pai, alcançado há 30 anos

Muito da vitória de Nico se deu por conta do ritmo que ele conseguiu impôr desde o início. A tônica da atual F1 está na economia de pneus durante a prova. Os times que economizam mais, se dão bem. E a Mercedes não estava se encaixando nesse perfil nas últimas provas. Contudo, as coisas mudaram nessa prova. Não sei se por conta da pista ou dos testes que Mercedes e Pirelli fizeram na última semana (falo dessa polêmica amanhã), mas as flechas de prata não comeram tanta borracha assim. E isso possibilitou ao alemão andar muito bem e controlar a prova com facilidade.

No momento em que percebeu que seu ritmo era melhor do que o dos adversário, Rosberg meio que sumiu na frente. Não foi aquela diferença exuberante, mas foi suficiente para que lhe desse tranquilidade, para que ninguém o ameaçasse. Hamilton, Red Bull, Lotus, Ferrari... todos ficaram para trás. Nem precisou se utilizar das apertadas ruas de Mônaco para se defender. Novamente, foi merecido.

A Mercedes também teve a chance de fazer uma dobradinha hoje, mas levou um pouco de azar. Aliás, Hamilton levou azar. Os dois pilotos da equipe estavam nas duas primeiras posições na primeira parte da prova e já se preparavam para entrar nos boxes quando entrou o primeiro safety car na pista, no momento em que ambos cruzavam a reta. Isso obrigou a Mercedes a chamar sua dupla às pressas. Rosberg, líder, fez seu pit sem problemas. Hamilton, no entanto, teve de esperar o companheiro. E essa espera lhe fez perder duas posições.

Lewis Hamilton poderia ter completado a dobradinha da Mercedes, mas levou azar em sua parada e terminou em quarto

Na relargada e no restante da prova, o inglês bem que tentou ultrapassar quem ia a sua frente, mas não teve sucesso. Nas voltas finais, desistiu e se contentou com o quarto posto.

Com a vitória de Nico apresentando um rendimento bastante sólido, a Mercedes parece entrar também na briga daqui pra frente. Mas é algo que só poderemos confirmar nas próximas etapas com 100% de certeza. O que fica, contudo, é que se os alemães realmente entrarem na disputa, eles virão fortes, pois já possuem um carro extremamente veloz. À conferir.

Red Bull completa o pódio

Nico em primeiro, Hamilton em quarto. Mas quem ficou entre a dupla das flechas de prata? Bem, entre os dois terminou a dupla da Red Bull, com Sebastian Vettel em segundo e Mark Webber em terceiro.

Assim como os rivais bávaros, os rubro taurinos também fizeram uma corrida sólida. No início, Vettel até ensaiou uma pressão em Hamilton por algumas voltas, dando a entender que tinham mais carro do que os adversários. Entretanto, com o passar da prova os pilotos da RBR não tiveram ritmo para acompanhar Rosberg.

Segundo na prova, Sebastian Vettel aumentou sua vantagem no mundial de pilotos para Raikkönen e Alonso

Com isso, sossegaram em suas respectivas posições, garantindo assim pontos importantes para os mundiais de pilotos e de construtores. Aliás, Vettel saiu de Mônaco como grande vencedor do dia se pensarmos no mundial, uma vez que seus principais rivais pontuaram bem menos do que ele. O alemão deu mais um passo rumo ao tetra.

Ferrari e Lotus: esperava mais

Sinceramente, esperava um pouco mais de Ferrari e Lotus nesse GP. Começo pelos italianos. Fernando Alonso largou na sexta posição. E em se tratando de Mônaco é um lugar ruim de se largar, por conta das dificuldades em se ultrapassar. Por isso, não dava pra esperar de Alonso - ou de qualquer outro piloto - grandes ultrapassagens. Porém, o ritmo do espanhol e da Ferrari, creio, foi um pouco abaixo do esperado. O bicampeão tentou pressionar Raikkönen no início, mas sem muito sucesso. Depois, ficou um pouco para trás. Talvez estivesse tentando uma outra estratégia, que talvez tenha sido prejudicada pelo safety car.

O fato é que depois disso, ele não andou bem, sendo ultrapassado por Perez, Sutil - esse na Loews, curva mais lenta do circuito - e por Button. Terminaria em nono, mas foi beneficiado com o abandono de Perez e problemas de Kimi. Foi sétimo, o que é muito pouco para quem vinha de uma vitória espetacular e que sonha com o título mundial.

Fernando Alonso não teve o desempenho desejado e ficou em um discreto sétimo lugar neste domingo

Já Massa teve um fim de semana para esquecer. Depois de andar bem na quinta-feira, mostrando que poderia estar no pelotão da frente. Porém, o sábado e o domingo do brasileiro não foram dos melhores. Como vimos, Massa não pôde participar da classificação por conta de um acidente na Saint-Dévote no TL3. A equipe não conseguiu aprontar seu carro a tempo. Largando em penúltimo, ele tentava fazer uma prova de recuperação. Mas, novamente na Saint-Dévote, ele repetiu o acidente de ontem. Repetiu mesmo, foi muito parecido. E acabou com sua prova.

Na Lotus, Kimi Raikkönen largou em quinto e teve um desempenho semelhante com o que descrevi sobre Alonso. Largando em uma posição que dificultava qualquer ambição de uma corrida agressiva, o finlandês também vinha fazendo uma prova para somar pontos e, quem sabe, ganhar algumas posições na base da estratégia. Só que ao contrário do espanhol, Kimi não foi ultrapassado por ninguém em pista, permanecendo em quinto até uma disputa com Sergio Perez. Preciso rever o lance, admito, para ter uma posição melhor sobre culpa ou não de um ou de outro.

Contudo, a briga foi prejudicial para ambos (de Perez falo mais abaixo). Kimi teve um pneu furado e precisou troca-lo, caindo para último. Lá se ia a chance de quebrar um recorde pertencente a Michael Schumacher como piloto que pontuou por mais provas seguidas. O piloto da Lotus ficaria nas 22, contra 24 do alemão heptacampeão. Ficaria, se não fosse sua genialidade na pista. Com pneus novos, o Iceman precisou de poucas voltas para deixar seis pilotos para trás e se colocar em 10°, coletando um pontinho e pontuando pela 23ª vez consecutiva. Claro, os pneus novos ajudaram. Mas o feito é impressionante, da mesma forma. Se chegar nas próximas duas provas entre os 10 primeiros, Kimi passará a ser o detentor da marca. Contudo, ele sai de Mônaco prejudicado na briga pelo título.

Kimi Raikkönen teve um pneu furado por Perez e acabou prejudicado. Finlandês ainda salvou um ponto

Com relação a Grosjean, esse voltou a ser o Grosjean de sempre. Depois de três acidentes em três treinos livres, o franco-suíço tentou passar por cima de Daniel Ricciardo na saída do túnel. Barbeiragem digna do que ele fez durante 2012 e do que vinha fazendo neste fim de semana.

Perez paga por agressividade; Sutil se destaca

Sergio Perez foi, novamente, um dos grandes nomes de uma prova da F1. Para o bem e para o mal. Para o bem, o mexicano mostrou mais uma vez toda sua agressividade em algumas disputas por posições, proporcionando aos fãs bons momentos na prova. Foi assim quando superou seu companheiro Jenson Button e o bicampeão Fernando Alonso, dois nomes de peso da categoria. Perez não mostra muita cerimônia ao brigar por posições.

Entretanto, ele vai ficar marcado pelo mal nesta prova, pois prejudicou sua própria corrida e a corrida de Kimi Raikkönen. Como disse acima, preciso rever o incidente entre ambos para tomar posição. Porém, uma coisa já posso dizer. Checo tem de dosar melhor essa agressividade. Hoje, ele perdeu um excelente sexto lugar, que lhe renderiam oito pontos, mais um GP à frente do companheiro, mais pontos para a equipe, além de uma boa melhora em sua imagem. Com certeza ele vai tomar uma boa dura dos chefes.

Sergio Perez foi um dos bons e maus destaques da prova. Mexicano precisa aprender a dosar sua agressividade

Volto a afirmar. Continuo achando Perez um piloto que tem bom potencial. Mas ele precisa ser mais consistente e fazer menos besteiras na pista. Ele ainda é jovem, tem apenas 23 anos, e vai aprender muito. Contudo, ele está em uma equipe grande e precisa entregar resultados o quanto antes. Por esse motivo seu aprendizado tem de ser tão rápido quanto a performance que precisa mostrar. Caso contrário, ficará queimado na categoria.

Por sorte, a McLaren pôde contar com Button, que salvou um sexto lugar. Bom para ele e bom para a equipe, que não saiu de mãos abanando do principado.

Ao contrário de Perez esteve Adrian Sutil. O alemão também mostrou agressividade e conseguiu ultrapassagens importantes em Button e Alonso - a mais bonita do dia - durante a corrida. Caminhava para um bom sétimo lugar na prova, até que Perez e Raikkönen se acharam e ele subiu duas posições mais, terminando em um excelente quinto posto. Resultado expressivo do alemão que sempre anda bem nas ruas de Mônaco e que também precisava disso, pois estava sendo superado pelo companheiro, Paul di Resta, nono hoje, com frequência.

Adrian Sutil foi um dos grandes nomes da prova, terminando em quinto lugar. Melhor resultado do alemão no ano

Aproveitando também os abandonos e problemas de quem ia a sua frente, Jean-Eric Vergne foi outro que fez uma boa corrida, terminando em oitavo.

No mais...

... a corrida não foi das melhores. Mônaco sempre é uma procissão. O que mias teve destaque hoje foram os acidentes. Já falei sobre Grosjean x Ricciardo, Perez x Raikkönen, Felipe Massa repetindo o que fez ontem, mas faltou um. E bem bizarro, acontecido na volta 45. Pastor Maldonado disputava a posição com Max Chilton, na região da curva da Tabacaria. O venezuelano vinha por fora, quando de repente o inglês meteu o carro para a direita para fazer a tomada jogando o piloto da Williams para o guard rail. Fim de prova para Maldonado. Sobrou até para Jules Bianchi, que nada tinha a ver com a confusão. Chilton seguiu, tomou um drive through, e acabou em último.

Quem também aprontou foi Giedo van der Garde que, na primeira volta, bateu em Maldonado ficando sem o bico e forçando o venezuelano a parar também. O holandês foi o 14° de 15 carros que terminaram a prova.

Resultado Final

1º. Nico Rosberg (ALE/Mercedes) 78 voltas
2º. Sebastian Vettel (ALE/Red Bull-Renault) a 3s8
3º. Mark Webber (AUS/Red Bull-Renault) a 6s3
4º. Lewis Hamilton (ING/Mercedes) a 13s8
5º. Adrian Sutil (ALE/Force India-Mercedes) a 21s4
6º. Jenson Button (ING/McLaren-Mercedes) a 23s1
7º. Fernando Alonso (ESP/Ferrari) a 26s7
8º. Jean-Éric Vergne (FRA/Toro Rosso-Ferrari) a 27s2
9º. Paul di Resta (ESC/Force India-Mercedes) a 27s6
10º. Kimi Raikkonen (FIN/Lotus-Renault) a 36s5
11º. Nico Hulkenberg (ALE/Sauber-Ferrari) a 42s5
12º. Valtteri Bottas (FIN/Williams-Renault) a 42s6
13º. Esteban Gutiérrez (MEX/Sauber-Ferrari) a 43s2
14º. Max Chilton (ING/Marussia-Cosworth) a 49s8
15º. Giedo van der Garde (HOL/Caterham-Renault) a 1min02s5
16º. Sergio Pérez (MEX/McLaren-Mercedes) a 6 voltas

Abandonaram

Romain Grosjean (FRA/Lotus-Renault) na 64ª volta
Daniel Ricciardo (AUS/Toro Rosso-Ferrari) na 62ª volta
Jules Bianchi (FRA/Marussia-Cosworth) na 59ª volta
Pastor Maldonado (VEN/Williams-Renault) na 45ª volta
Felipe Massa (BRA/Ferrari) na 29ª volta
Charles Pic (FRA/Caterham-Renault) na 8ª volta

Melhor volta: Sebastian Vettel (ALE/Red Bull-Renault), 1min16s577

Fotos: GPUpdate.net

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