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Começando com quem se deu bem em Jerez, falemos um pouco da Mercedes. A escuderia alemã, que já tinha dado um passo à frente e entrado definitivamente no grupo das grandes equipes - aquelas que lutam por vitórias e por títulos - começou bem os testes coletivos. Aparentemente, os germânicos foram os que melhor entenderam os novos motores V6 e os novos sistemas de recuperação de energia e saem desse primeiro terço de testes com um saldo positivo. Não pelo quesito velocidade, afinal, as flechas de prata não terminaram um dia sequer com o melhor tempo entre todos. Mas sim pela questão de confiabilidade.
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Mercedes sai da Espanha com saldo positivo. Equipe de Lewis Hamilton e Nico Rosberg foi a que mais andou nos testes e parece ter equipamento confiável |
O fator confiabilidade foi muito destacado por todos, nas últimas semanas, como um dos principais pontos para o sucesso de uma equipe, especialmente no início da temporada. E focados nisso, os bávaros conseguiram uma boa quilometragem nos quatro dias de testes. Guiados por Lewis Hamilton e Nico Rosberg, o W05 conseguiu mais de 1300km de rodagem e 309 voltas combinadas entre os dois pilotos, sendo de longe o carro que mais permaneceu na pista. E isso dá, além de dados muito importantes sobre o comportamento do bólido em várias situações, muita confiança para todos indicando que a equipe caminha pela trilha certa.
A equipe não deixou de ter problemas. No primeiro dia, Hamilton deu apenas 18 voltas, pois bateu após ter um problema com a asa dianteira de seu W05, que se soltou na reta. Contudo, o inglês registrou a terceira melhor marca da semana. Rosberg, por sua vez, foi o piloto que mais tempo ficou na pista. Uma boa para o alemão, que pôde se acostumar com o novo equipamento.
Quem é cliente da Mercedes também não teve do que reclamar. McLaren, Williams e Force India tiveram dias de testes proveitosos de terça até sexta e saem da Espanha bastante esperançosas. A McLaren foi, por exemplo, a terceira equipe que mais andou. Foram 245 voltas e quase 1100km percorridos nos quatro dias. E de quebra o MP4-29, sob o comando do estreante Kevin Magnussen, marcou o melhor tempo da semana, com 1min23s276. Jenson Button teve a quarta melhor marca. Uma boa combinação de confiabilidade e velocidade do sucessor do fracassado MP4-28 e um começo promissor para a equipe de Woking em um período de reformulação e de espera pela Honda, em 2015, apesar de terem perdido o primeiro dia por conta de problemas.
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McLaren também saiu de Jerez com boas perspectivas. Kevin Magnussen foi o mais veloz nos tempos combinados e Jenson Button (foto) foi o quarto |
A Williams também não ficou muito atrás dos rivais e compatriotas. Quarta equipe que mais rodou em Jerez, com 175 giros e mais de 750km rodados, a escuderia da Grove conseguiu dados importantes para seguir desenvolvendo o FW36, carro guiado por Felipe Massa e por Valtteri Bottas. A exemplo do MP4-29, o FW36 também parece ser melhor do que seu antecessor, tanto que Felipe Massa anotou o segundo melhor tempo da semana, o que não é pouco. O bom desempenho deve deixar os ingleses bem animados com relação a ter um ano melhor do que foi 2013. E também para preencher logo a cota de patrocinadores.
Já a Force India não foi lá tão bem como as coirmãs, porém deu mostras de que poderá se manter firme naquele grupo de times intermediários, que brigam por pontos constantemente, caso o trabalho siga por um bom caminho. Foram 146 voltas e 646,5km percorridos por três pilotos, os titulares Nico Hulkenberg e Sergio Perez, e o reserva Daniel Juncadella (ironicamente o que mais andou). Os indianos tiveram seus problemas, mas nada muito grave.
Um dado interessante sobre o pessoal da Mercedes. Os nove pilotos (dois de Mercedes, McLaren e Williams e três da Force India) que utilizaram os propulsores alemães ficaram entre os onze melhores nos tempos combinados. Um primeiro bom sinal, pelo menos.
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Estreia de Felipe Massa na Williams foi boa. Brasileiro marcou o segundo melhor tempo da semana e Williams sai da Espanha com esperança de dias melhores |
Os únicos dois carros a se intrometerem na festa particular da Mercedes foram os da Ferrari, guiados por Fernando Alonso e Kimi Raikkönen. O finlandês andou na terça e na quarta e marcou o quinto melhor tempo da semana. Já o espanhol ficou com os trabalhos na quinta e na sexta, sendo o sétimo mais rápido do combinado de tempos, mas andando mais do que o dobro do companheiro. No total, a Ferrari foi a segunda equipe que mais andou neste teste, completando 251 voltas em mais de 1100km. Os italianos tiveram pequenos problemas, mas que são comuns a esta altura. E saem de Jerez também com um saldo positivo.
Já suas clientes, Sauber e Marussia, estão em momentos diferentes. A equipe suíça está em um ponto parecido com o que relatei da Force India. Deverá compor uma faixa intermediária do grid, lutando por pontos quando possível. Sutil e Gutierrez conseguiram uma boa quilometragem e a Sauber não demonstrou grandes problemas. Já a Marussia andou pouco. Somente nos dois últimos dias foi para a pista e apesar de Jules Bianchi ter registrado a 13ª melhor marca combinada, o que não é ruim, a falta de tempo de pista ainda pesa contra os russos.
Quem saiu da Espanha com a cabeça quente foram os clientes da Renault. Ao todo, quatro equipes do grid recebem os motores franceses, mas apenas três delas foram a Jerez. E não tiveram muito o que comemorar. A Caterham (vejam só) foi o time com propulsores Renault que mais andou na pista espanhola. Foram, ao todo, 76 voltas, 54 apenas de Kamui Kobayashi. No quesito melhor volta, Marcus Ericsson foi o 16º. Esses números são normais em se tratando da equipe anglo-malaia. Só que outras equipes conseguiram ir pior.
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De volta à Ferrari, Kimi Raikkönen marcou o quinto melhor tempo no combinado da semana, após 78 voltas em dois dias |
A Toro Rosso foi uma delas. Nova parceira da marca francesa, a equipe de Faenza deu apenas 54 voltas no traçado de Jerez. A terceira que menos andou. A escuderia teve também a 12ª melhor volta, com Jean-Eric Vergne, melhor marca entre os motores Renault. Pouco para um time que ambiciona dar um salto de qualidade na categoria.
Mas a pior equipe desta primeira bateria de testes foi, pasmem, a Red Bull. Tetracampeã da F1, a escuderia rubro taurina deu parcas 21 voltas em quatro dias de testes. VINTE E UM GIROS, 11 com Sebastian Vettel, 17º no geral, 10 com Daniel Ricciardo, 20º. E uma dor de cabeça gigante para o pessoal de Milton Keynes, que vai ter de trabalhar dobrado para solucionar todos os problemas de compatibilidade do RB10 com os novos sistemas de recuperação de energia e com os motores Renault. Aliás, os responsáveis pela marca francesa já admitiram que vão trabalhar para solucionar os defeitos apresentados pelo propulsor francês, classificados como inaceitáveis, visando a segunda semana de testes.
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Tetracampeão Sebastian Vettel começou o ano com muitas dificuldades com a Red Bull. Equipe deu apenas 21 voltas em quatro dias de testes em Jerez |
Claro que essa primeira bateria de testes ainda mostra muito pouco em relação ao que será visto na abertura do campeonato, em Melbourne. O que foi dito acima é apenas um apanhado geral das primeiras impressões desta sessão de praticas, apesar de não termos nada de concreto. Agora, com dados coletados, todas as equipes voltarão às suas fábricas e trabalharão em soluções para os problemas apresentados, e em inovações visando uma melhor performance. E a partir do dia 19 tem mais, agora no Bahrein. Vamos ver quem se dará melhor.
Fotos: GPUpdate.net
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