Reclamação nipônica

Acompanhem abaixo, em ordem cronológica, uma série de tuítes trocados entre o perfil da equipe Caterham e seu piloto recém contratado, o japonês Kamui Kobayashi.






Bom, olhando a sequencia de mensagens trocadas entre equipe e piloto, pode-se imaginar que tudo isso não passe de uma grande brincadeira. Em tempos de tantas piadas e brincadeiras de pilotos e equipes nas mídias sociais (basta ver a quantidade de gracinhas que o perfil da Lotus posta), esses tuítes podem não representar nada demais. E talvez não represente mesmo. Pode ser que Koba esteja rindo de um lado e o pessoal do departamento de comunicação da Caterham faça o mesmo do outro. Porém, o 'timing' disso tudo e um velho ditado que diz "toda brincadeira tem seu fundo de verdade" sugerem outra coisa: o descontentamento do japonês com seu atual time.

O que referenda essa hipótese é que, horas antes da troca de tuítes, o site da revista inglesa Autosport publicou uma matéria onde o japonês critica - e muito -  o atual carro da escuderia. Entre outras coisas, Kamui diz que até os bólidos da GP2 são mais velozes, tomando por base o que fizeram os carros da categoria no ano passado com o que tem feito o CT05 nos testes (e ele tem razão). Abaixo, seguem as declarações do nipônico dadas aos repórteres no Bahrein.

"Nós não estamos em condições de corrida aqui, mas se estivéssemos acho que deveríamos trazer o carro da GP2. O tempo de volta ainda é mais rápido na GP2. Nós precisamos trabalhar, mas nesse momento, se tivéssemos que correr, acho que não seria de F1. Quando se olha para o tempo de volta, eu preciso estar preocupado. Não posso estar feliz, mas tenho que pensar sobre o que podemos fazer. O tempo é bastante limitado e temos que pensar em confiabilidade, mas também em performance. Temos que tentar o máximo que pudermos"

Kamui Kobayashi

Pensam que acabou? Nada disso. O japonês falou mais um pouco quando perguntado se mesmo com um carro lento ele pensava em marcar os primeiros pontos da equipe, algo que pode ser possível uma vez que se prevê que muitos times sofram com quebras nessas primeiras provas. Ele não pareceu nada animado com a chance.

"Não estou olhando para isso. Estou procurando mais por potencial, para que possamos alcança-lo. Essa é a parte mais importante do porque estou aqui. Não estou pensando apenas em terminar as corridas, é claro que também preciso de desempenho. Este ano é a maior chance para esse time. Existem muitas chances e possibilidades, mas nesse momento estamos um pouco fora do ritmo comparado com os outros times na parte de desenvolvimento"

Kamui Kobayashi

Como disse um pouco acima, é claro que Kamui não está nada feliz com o atual cenário em que se encontra. E é muito fácil explicar o porquê. O japonês está, claramente, tentando utilizar essa passagem pela Caterham como um trampolim para uma outra equipe em 2015. 

Após ter ficado um ano longe da categoria, ao ser dispensado pela Sauber e não ter conseguido lugar em outro time, Koba retorna ao circo pagando pela atual vaga, com o dinheiro proveniente de doações feitas por seus fãs, imaginando que essa seria uma boa oportunidade, mesmo que em um time menor. Tudo começaria do zero em 2014. Entretanto, a aposta não tem surtido o efeito esperado e a Caterham segue sendo uma das piores equipes do grid, como apontam os testes. E pior: sem muitas perspectivas de evolução.
Kobayashi criticou a Caterham afirmando que até mesmo os carros da GP2 são mais velozes do que o CT05
Por isso começam a surgir as primeiras reclamações. Kobayashi sabe que precisa ter um carro que lhe deixe em evidência, que mostre a outras equipes que ele ainda é um piloto veloz e competitivo. Notem que seus principais pedidos de melhoria são com relação a performance, a ter um carro rápido. Pra ele, pouco parece importar ter um bólido que seja confiável e que termine as corridas, mesmo que isso traga pontos. O que ele deseja é ter um veículo veloz, capaz de lhe dar a oportunidade de brigar de igual para igual, pelo menos, com as equipes medianas.

Só que com o atual bólido, isso parece ser praticamente impossível. Mesmo sendo a escuderia que mais andou com os motores Renault, o desempenho da Caterham ainda está aquém dos padrões da F1. Daí, começa a bater o desespero no japonês, pois ele sabe que se não tiver condições de andar bem, poderá ser o fim da linha para ele na F1. É uma reação natural e compreensível.

Evidentemente a Caterham também não deve estar muito satisfeita com tudo o que se passou até agora. No entanto, o pensamento do time pode gerar um 'mini conflito de interesses' com seu piloto. A equipe deve pensar no que é melhor para ela e no momento, tentar desenvolver a parte de confiabilidade do carro parece ser o caminho mais sensato, já que o objetivo é terminar as corridas e, se possível, pontuar contando com muita sorte. Como foi dito acima, é possível que muita gente sofra com quebras. Então, quem conseguir terminar s provas poderá ter muito lucro. E é bom lembrar que o dono de tudo, Tony Fernandez, já ameaçou fechar a escuderia caso terminem 2014 zerados.

Claro que piloto e equipe vão trabalhar um bocado visando encontrar uma forma de melhorar nas duas frentes já para a próxima e derradeira bateria de testes e também para a abertura do mundial. Só que as coisas não se encaixam assim, do nada. E aí, pode ser que o pedido do piloto não seja atendido em um primeiro momento caso o time passe a focar somente em uma área. Será que isso pode acarretar em mais reclamações? À conferir nos próximos episódios. Ou tuítes.

Foto: GPUpdate.net
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