Sobre os testes da F1 no Bahrein (1)

De quarta a sábado os olhos dos fãs da F1 estiveram voltados para a segunda bateria de testes coletivos da categoria, que aconteceram no circuito de Sakhir, sessão bastante esperada por conta das novidades que foram vistas nos primeiros ensaios em Jerez de la Frontera. Seria mesmo a Mercedes, com sua equipe própria, e as clientes McLaren, Williams e Force India, a fabricante a ser batida? Estaria a Ferrari e suas parceiras em um bom caminho? E a Renault? Continuariam os times equipados com os motores franceses na parte de trás da tabela? Bem, parte desse questionamento foi respondido nesses quatro dias.

De um modo geral, a segunda bateria de testes foi um bom desafio para as equipes continuarem o desenvolvimento de seus novos carros. Após uma semana de treinos na Espanha, em um período de inverno europeu, ou seja, com temperaturas mais baixas, alguns dias de praticas no Oriente Médio, onde faz mais calor, seriam ótimos para se analisar onde está o atual nível de resistência dos novos equipamentos. E com essas condições pudemos acompanhar como vão evoluindo os trabalhos de cada escuderia.

A principio, assim como foi em Jerez, quem utiliza motores Mercedes parece seguir com vantagem. Todas as escuderias equipadas com os propulsores germânicos conseguiram uma boa quilometragem sem enfrentar grandes problemas de confiabilidade. Com isso, puderam fazer diversos tipos de simulações conseguindo, em tese, uma preparação melhor do que a de outras concorrentes. E esse pode ser um ponto crucial para as primeiras provas do ano, caso o cenário não mude.
Nico Rosberg foi o mais veloz dos testes no Bahrein. Mercedes tem sido o carro de melhor desempenho nesta pré-temporada
A Mercedes, por exemplo, voltou a ter uma bateria bastante proveitosa e animadora. Com Nico Rosberg, no último dia de praticas, o W05 foi o carro mais veloz dos testes, com a marca de 1min33s283, de longe o melhor tempo registrado durante os quatro dias de ensaios. E aqui cabe uma observação: a melhor volta do alemão nesta sessão de treinos livres foi menos de um segundo mais lenta do que a pole de 2013, registrada pelo próprio Nico com o tempo de 1min32s330. Ou seja, os atuais propulsores V6 não se mostram tão distantes dos antigos V8. E creio que há ainda espaço para uma maior evolução. Já o recorde da pista é de Pedro de la Rosa, que em 2005 a bordo da McLaren MP4-20 cravou 1min31s447. Quase um segundo mais lento do que Rosberg, Lewis Hamilton ficou com a segunda melhor marca.

Além dos tempos mais velozes, a Mercedes também conseguiu acumular uma boa quilometragem, se dando ao luxo de fazer simulações de corrida, sendo a segunda equipe que mais andou em Sakhir, com 315 voltas (174 de Rosberg e 141 de Hamilton) e 1704 km percorridos. Tudo isso sem apresentar grandes problemas. Somente um defeito aqui, uma dificuldade ali... Assim sendo, os alemães dão uma demonstração de que possuem as flechas de prata são velozes e confiáveis. É a equipe que parece mais pronta para estrear em Melbourne.

A McLaren também não parece ficar muito atrás da coirmã. Neste último ano de parceria com a fábrica alemã, o time vem tendo com o que se animar. No Bahrein, Kevin Magnussen e Jenson Button registrarem as terceira e quarta melhores marcas da semana, mesmo ficando, até certo ponto, longe dos carros da Mercedes. Porém, as 296 voltas conseguidas por seus pilotos, as simulações realizadas e os poucos problemas apresentados dão à equipe de Woking perspectivas de dias melhores. No momento, a McLaren parece ter condições de lutar na parte de cima, sendo talvez a principal rival da Mercedes.
Felipe Nasr fez sua estreia pela Williams neste fim de semana. Equipe inglesa vem mostrando bom desempenho
Equipe que mais andou no Bahrein, a Williams é outra escuderia que deve ter um bom desempenho nas primeiras provas do ano, se pouca coisa mudar no atual cenário. Mesmo perdendo o primeiro dia de testes, por conta de problemas com a bomba de combustível do FW35, o time de Grove conseguiu se recuperar ao longo das praticas seguintes e somou 323 giros pelo circuito bahrenita, contando com três pilotos: Valtteri Bottas - que foi quem mais andou; Felipe Massa - que foi quem obteve o melhor tempo do time; e Felipe Nasr - o estreante que acabou conseguindo uma boa quilometragem. Fechando o grupo que optou pelos motores alemães, a Force India foi o sétimo time que mais percorreu voltas em Sakhir, obtendo um bom desempenho, com Nico Hulkenberg alcançando a quinta melhor volta. Tanto Williams quanto a Force India acreditam que podem chegar a pódios, durante a temporada. E pelo que foi mostrado até aqui, não é um exagero pensar nisso.

Quem anda com motores Ferrari também não teve muitos motivos para reclamar. Além da escuderia italiana, Sauber e Marussia utilizam os propulsores fabricados pela marca. E tirando os russos, que vivem no meio de uma bagunça enorme - a ponto de terem todo seu trabalho prejudicado por conta de um vírus Trojan em seus computadores - os outros dois times devem ter ficado satisfeitos com o que apresentaram.

Com 287 voltas na conta, a Ferrari só ficou atrás de Mercedes, McLaren e de uma Force India na questão velocidade, o que ainda não é o mais importante a esta altura. Porém, a escuderia teve a chance de fazer vários testes e simulações ao longo dos ensaios, se saindo bem. O F14T parece ser um carro mais bem nascido do que seus antecessores. E se isso se confirmar, os italianos terão menos trabalho para se desenvolver durante a temporada. Desde já a Ferrari é favorita a integrar o topo da tabela, brigando com Mercedes e McLaren. Não sei se já está nesse nível, mas não pode ser descartada.
Desempenho da Ferrari tem sido bom nesses testes e escuderia italiana pode figurar entre as favoritas
A Sauber, por sua vez, vive uma situação semelhante a de Williams e Force India. Teve um bom desempenho e conseguiu andar de maneira bastante regular, o que é um bom primeiro passo. Dessa maneira, passa a ser uma candidata a conquistar pontos com certa frequência e, quem sabe, beliscar coisas melhores dependendo das circunstâncias.

Já os parceiros da Renault seguem em um calvário que não parece ter fim. Apesar de ter tido uma pequena evolução diante do que apresentou em Jerez, as equipes que utilizam os motores franceses se veem em uma posição de bastante desvantagem perante as rivais, pois ainda não conseguiram explorar todo o potencial de seus equipamentos graças aos problemas que insistem em aparecer nos propulsores e nos sistemas de energia.

A Caterham foi a que mais conseguiu andar nesses quatro dias. E se por um lado esse é um grande feito com os problemáticos motores franceses, por outro o time percebe que tem muito a melhorar. Foram 253 voltas ao todo, divididas entre três pilotos, e a 16ª melhor marca da semana, conquistada por Kamui Kobayashi. Fica o consolo de que, pelo menos, o time anglo-malaio conseguiu uma quilometragem razoável. Toro Rosso, Red Bull e Lotus, porém, não podem dizer o mesmo uma vez que todas elas deram menos de 150 giros pelo circuito de Sakhir.
Estreante, Lotus foi a melhor equipe entre aquelas que usam motores Reanult. Perfromance, no entanto, está longe de ser considerada boa
A Lotus, que aparenta ser a melhor entre os times da Renault mesmo tendo estreado apenas nesta sessão, teve apenas o 13º melhor tempo, conseguido por Pastor Maldonado. O venezuelano também foi o segundo piloto que mais andou com um motor Renault no Bahrein, ficando atrás somente de Marcus Ericsson. Seu parceiro, Romain Grosjean no entanto, deu apenas 26 voltas por conta de problemas com seu E22.

Na Toro Rosso, enquanto Jean-Eric Vergne foi quem mais andou, Daniil Kvyat foi o mais rápido do time, em 14º. Mas não há nada com o que se animar. 

O pior caso, entretanto, segue sendo o da Red Bull, que corre o risco de ir de equipe campeã a time de fundo de grid caso os defeitos dos motores Renault e do projeto de Adrian Newey não sejam corrigidos. Novamente Sebastian Vettel e Daniel Ricciardo pouco andaram. O australiano foi um dos pilotos que menos foi à pista, apesar de ter conseguido uma marca mais veloz do que a do tetracampeão do mundo. Apesar da dificuldades, contudo, ninguém no time joga a toalha. Todos se mantém esperançosos de que haverá uma evolução. Experiência e recursos, sabemos que eles têm. Só resta saber se vão conseguir melhorar afim de ter um desempenho mais satisfatório nessa primeira parte do campeonato.
Red Bull segue enfrentando os mais diversos problemas nesta pré-temporada e terá de trabalhar muito para ser competitiva
Por mais cedo que ainda seja para se fazer qualquer tipo de prognóstico, pois sabemos que em muitas oportunidades os resultados obtidos nessas sessões mudam totalmente com o início da temporada, fica cada vez mais claro como as forças para este campeonato estão se definindo. E restando apenas mais uma sessão de testes e menos de um mês para a abertura do mundial, já dá pra saber quem tem um desenvolvimento mais avançado e quem terá de trabalhar dobrado para tentar ser competitivo em Melbourne e nas etapas seguintes. Vamos ver o que os times preparam para a próxima semana, na última bateria de testes novamente no Bahrein.

Fotos: GPUpdate.net
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