Coluna #ForaDasPistas - Mais do que um jogo

No último domingo, assisti, assim como 111.5 milhões de pessoas nos EUA, e outros tantos milhões de pessoas ao redor do mundo, o Super Bowl, grande final da NFL (Liga de Futebol Americano). Um evento único e que se populariza - e ajuda a popularizar o futebol americano - cada vez mais ao redor do mundo. E que merece receber alguns pequenos elogios nesta coluna, por conta de sua grandiosidade e qualidade.

Minha incursão no mundo da bola oval começou há um certo tempo, no final do século passado por meio dos vídeo games. Tinha um cartucho de Mega Drive com um jogo de futebol americano universitário, que consegui em um estande aqui em Mauá por menos de R$10 na época. O jogo já era usado e acabei pegando mais por pegar do que por gostar do esporte, que não conhecia muito bem. Na verdade, a intenção era comprar apenas o NHL 96, do qual gostava muito. Mas foi legal ter primeiro esse contato com o esporte. Consegui aprender um pouco da dinâmica do jogo. Contudo, não me tornei um jogador assíduo.

Somente mais tarde, quase dez anos depois, que voltei a ter certo contato com o esporte graças aos emuladores. Como era só baixar o aplicativo do emulador no computador e logo em seguida as roms, era muito mais fácil encontrar jogos. Assim, pude fazer o download do jogo Madden NFL 98 e me divertir um pouco, apesar de ainda não entender bem as regras. Passei a jogar com um pouco mais de frequência, mas ainda não o suficiente para me tornar um grande fã. Por outro lado, o game me deu a oportunidade de escolher um time para torcer. No Madden NFL 98, jogava com três times: Green Bay Packers - melhor do jogo e que veio a se tornar meu time de coração -, o Seattle Seahawks - por conta da minha idolatria pelas bandas da cidade - e o San Diego Chargers - qualquer referência ao meu nome não é mera coincidência.
Madden NFL 98: esse foi um dos primeiros passos na minha incursão no mundo da bola oval, em meados de 2007
No entanto, só fui mesmo me aprofundar no esporte a partir da temporada 2010, quando comecei a assistir os jogos transmitidos pela ESPN no Brasil. Dali em diante, além de começar a entender melhor a dinâmica do esporte (não apenas dentro de campo), me tornei fã. E já dei sorte, pois vi o Packers se tornar campeão naquela temporada, ao vencer no Super Bowl XLV, disputado no Texas, o Pittsburgh Steelers. Ou seja, vi neste domingo o meu quarto Super Bowl consecutivo. E como é esse o principal assunto deste texto, voltemos a ele.

Não é à toa que o Super Bowl é considerado um dos maiores eventos esportivos não apenas na terra do Tio Sam, mas de todo mundo. E quem o assiste consegue perceber isso claramente. A final da NFL, como diz o título da coluna, é mais do que um jogo. É um grande evento. Falando especificamente da última edição do SB, ocorrida em Nova Jersey, foi fácil ver por meio dos noticiários como a região viveu em torno do evento. Pessoas chegavam de todos os cantos dos EUA para verem in loco a partida, movimentando as finanças de vários setores. Na hora do jogo, Nova York, vizinha de Nova Jersey e cidade mais importante do mundo, simplesmente parou.

E não foram apenas os torcedores de Seattle Seahawks e Denver Broncos - times envolvidos na final -  que marcaram presença no MetLife Stadium, palco do jogo. Torcedores de outras equipes também pagaram ingressos e foram a partida, o que depõe a favor do Super Bowl não como um simples evento esportivo e sim um acontecimento nacional. Ouvi em uma reportagem um americano dizer que o SB é como um 4 de julho, dia da Independência Norte Americana. E um povo tão patriota quanto o ianque fazendo uma comparação como essa indica a importância disso tudo.

Por falar em finanças, o Super Bowl também é um grande negócio. Entre centenas de outras coisas que movimentam milhões de dinheiros norte americanos, falemos de uma coisa que é muito explorada: a venda de cotas para comerciais de TV. Um anuncio de 30 segundos no intervalo de um Super Bowl custa milhões de dólares para ser adquirido. Porém, o retorno que as empresas que conseguem nesse "pequeno" espaço ao falarem de seus produtos têm um retorno garantido, pois milhões de pessoas assistem ao jogo. É um tiro certo. E é por isso também que as empresas investem, cada vez mais, em produções cada vez mais caprichadas para chamar a atenção nesse momento.
Russel Wilson, quarterback do Seattle Seahawks, comemora a vitória tranquila no Super Bowl XLVIII
Há também a parte de organização. E não há uma virgula a se falar contra tudo o que é feito. A apresentação dos times, a cerimônia de abertura, o clima no estádio, o show do intervalo - sempre com algum astro da música pop - a cerimônia de encerramento, as entrevistas, as transmissões, tudo é muito bem cuidado, pensado e planejado nos mínimos detalhes. Um verdadeiro show, que acrescenta e muito na grandiosidade do evento. Claro que essa não é uma exclusividade do Super Bowl, uma vez que o americano é conhecido por dar valor a organização de seus eventos. Mas, talvez, a final do esporte mais popular no país presidido por Barack Obama seja o ápice dessa megalomania organizacional.

Enfim, tudo é muito bem feito e pode até deixar o jogo em segundo plano. Aliás, a decisão acabou sendo muito menos interessante do que prevíamos. O encontro da melhor defesa (Seahawks) contra o melhor ataque (Broncos) da temporada regular deveria produzir um jogo cheio de alternativas. Mas o que vimos foi uma surra aplicada pela equipe de Seattle, que aos 12 segundos de partida já vencia por 2x0, graças a uma burrada da linha ofensiva de Denver que acabou gerando um safety. Saí em diante, só os Seahawks jogaram, em daqueles dias que Peyton Manning e cia desejarão esquecer o mais rápido possível. No fim, 43x8 para o time do estado de Washington que conquistou seu primeiro título.

Agora, é esperar pela volta da NFL, em setembro. E torcer para que meu Green Bay Packers seja um dos times que estarão em campo no dia 1º de fevereiro de 2015 no Arizona, para o Super Bowl XLIX.

Fotos: GameFabrique.com e MKTEsportivo.com
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