Ele chegou à F1 meio que por acaso. Terceiro piloto da Toyota em 2009, o único contato de Kamui Kobayashi com um carro de F1 havia sido em testes, nada mais do que isso. Porém, no fim de semana do GP de seu país, o japonês ganhou um presente. Pôde participar dos treinos livres para a etapa, substituindo o gripado Timo Glock. Uma chance para o piloto que poderia assumir um dos carros da equipe em 2010, já que Jarno Trulli e Timo Glock ainda não haviam renovado seus contratos. Mal ele sabia que ali, começaria sua jornada na F1.
Depois das sessões de treino, Kobayashi voltou ao seu lugar. Mas por pouco tempo. Durante o treino de classificação para a etapa, Glock sofreu um forte acidente, lesionando o pé. O alemão terminaria ali sua participação no mundial, perdendo as últimas três provas. E Kobayashi ganharia a chance de correr as duas últimas etapas do ano, no Brasil e em Abu Dhabi.
Após começar na Toyota, Kobayashi quase ficou a pé na F1 |
Para a etapa brasileira, haviam poucas referencias sobre Kamui. Tinha títulos em categorias de base mas não chamava muita atenção na GP2, categoria que alça muitos pilotos à F1, apesar de ter conquistado o título asiático da franquia em 2009. Praticamente ninguém conhecia o japonês, filho de o sushiman. Mas ele logo mostrou seu cartão de visitas. A corrida de Kobayashi foi um show a parte, na prova que marcou o título de Jenson Button. E foi exatamente o campeão mundial que mais sofreu com o novato. Tomou X, foi ultrapassado e travou uma bela disputa com o garoto. Não poderia haver vitrine melhor para que Kamui aparecesse para o mundo. No fim, um nono lugar excelente. Por pouco ele não estreia pontuando.
Mas os pontos não demoraram a chegar para Kobayashi. Na prova seguinte, em Abu Dhabi, o japonês foi sexto, com mais um show a bordo de sua Toyota. Em duas provas, ele já impressionava e ganhava os fãs da categoria. Assegurar um lugar para a temporada 2010 parecia tarefa consumada. Estava tudo certo para que ele seguisse na Toyota.
No entanto, o time japonês, de uma hora para outra, resolveu abandonar o barco. E deixou seu pupilo a ver navios. Começava uma luta para que Kobayashi arrumasse uma equipe. E não foi fácil, com o japonês cogitando até voltar a seu país para trabalhar no sushibar de seu pai. Entretanto, Petter Sauber, com seu olho clínico para detectar bons pilotos, resolveu dar uma oportunidade ao japonês em seu time, que também havia perdido o apoio da BMW.
O começo de Kamui na Sauber, foi dificil. Em seis provas, cinco abandonos e um 12º lugar. Até o primeiro ponto, na Turquia com um décimo lugar. Depois do GP turco, Kobayashi acordou e em doze etapas, marcou 31 pontos, chamando a atenção para seu desempenho e principalmente para seu estilo agressivo, com diversas ultrapassagens.
Na Sauber, o japonês pontuou em 6 das 7 corridas do ano |
Nesse ano, ele segue em uma boa fase, tendo terminado todos os GPs entre os dez primeiros, e pontuando em quase todos. Só na Australia ele não marcou pontos, devido a uma desclassificação, por um erro da equipe.
Todo esse resumo sobre a carreira de Kamui Kobayashi na F1 serve para ilustrar a pergunta que dá título a esse post: Já seria Kamui Kobayashi o melhor piloto japonês na história da F1?
Vejam que em pouco mais de um ano, ele já fez muito mais do que vários niponicos fizeram na F1. Contudo, há alguns fatores que contribuiram para isso e outros que nem tanto. E é isso que pretendo destrinchar nas linhas abaixo.
Para começar, já emito aqui minha opinião: Kamui Kobayashi ainda não é o melhor piloto japonês da história da F1.
Em uma temporada e meia na F1, Kobayashi já marcou 57 pontos em 29 corridas, mais do que qualquer outro japonês na categoria. O piloto que mais se aproxima dele neste quesito é Takuma Sato, que em 90 GPs, marcou 44 pontos.
Em uma temporada e meia na F1, Kobayashi já marcou 57 pontos em 29 corridas, mais do que qualquer outro japonês na categoria. O piloto que mais se aproxima dele neste quesito é Takuma Sato, que em 90 GPs, marcou 44 pontos.
Porém, a mesma pontuação, que é um trunfo na carreira de Kamui, pode ser utilizada como um argumento contra ele. Apesar de ter 57 pontos na carreira, o sistema de distribuição atual é diferente, por exemplo, daquele que Takuma Sato encontrou quando pilotava. E é muito diferente da época de Aguri Suzuki, Ukyo Katayama e Satoru Nakajima, outros expoentes da terra do Sol nascente.
Para fazermos uma comparação que deixe a disputa em maiores condições de igualdade, utilizemos o sistema que vigorou nos anos 1990, de 10-6-4-3-2-1, onde apenas os seis primeiros pontuavam. Dessa forma, veremos que Takuma Sato teria 21 pontos, contra apenas 4 de Kamui, que estaria atrás ainda de Satoru Nakajima, que fez 16 pontos, de Aguri Suzuki, que marcou 8, e de Ukyo Katayama, que tem 5 pontos. Isso mostra o tamanho dos feitos desses pilotos, em uma época em que pontuar era muito difícil.
Takuma Sato ainda é o melhor japonês que passou pela F1 |
Outro ponto que desfavorece Kobayashi, apesar de ele só ter uma temporada completa na F1, é o número de pódios. Kamui nunca estourou a champagne na categoria, enquanto Aguri Suzuki, no Japão em 1990, e Takuma Sato, nos EUA em 2004, chegaram na terceira posição. São os dois únicos pódios japoneses por lá.
Entretanto, aponto outros fatores que, na minha opinião, podem favorecer o piloto da Sauber. O primeiro, é a própria Sauber, se fizermos uma comparação mais direta com Sato, que pilotou pela BAR em 2004. Nesse ano, a equipe britânica foi a vice campeã entre os construtores. Era um time bem mais forte do que a Sauber 2011 ou de que qualquer outro japonês tenha guiado. Sato foi o oitavo naquela temporada, com 34 pontos. Se mudarmos para a pontuação atual, ele teria marcado 89 pontos. Uma grande temporada, se pensarmos no feito de um japonês, mas não tão boa, pelo potencial do carro. Em sete etapas de 2011, Kamui já fez 25, tendo pontuado em seis. Isso nos leva a outro ponto, que explico abaixo.
Para mim, o principal fator para esse sucesso de Kobayashi é sua consistência, coisa que nenhuma japonês mostrou na F1. Não fosse o erro da Sauber, na primeira etapa do ano na Australia, que causou a desclassificação dos dois carros da equipe, Kobayashi teria feito algo que apenas os três líderes do mundial, Sebastian Vettel, Jenson Button e Mark Webber, fizeram: pontuar em todas as provas. Algo raro em um piloto de uma equipe mediana. Além disso, Kobayashi tem menos de um terço das corridas disputadas por Sato, mas já se aproxima no número de top 10s do compatriota. São 23 para Takuma contra 16 de Kamui. E Kobayashi tem também mais top 10s seguidos do que o coterraneo: 6 a 4.
Sei que essa é uma análise muito subjetiva, já que há outros fatores que favorecem Kobayashi e que não podem ser medidos. Os primeiros japoneses da F1, por exemplo, corriam por equipes fraquissimas e mesmo que quisessem e tivessem o que mostrar, não poderiam, enquanto Kamui pilota para uam equipe mediana. O atual piloto da Sauber também cativou muita gente por sua agressividade e talento, coisa que outros pilotos da terra do sol nascente não mostraram tanto, além do seu carisma, daquele jeito despojado. É tudo uma questão de junção de fatores.
Kobayashi ainda tem muito a crescer na categoria |
Para mim, pelo tempo que tem de F1 e por tudo o que já fez, creio que logo ele será o melhor de seu país na história da categoria. Como disse Katayama, Kamui é um piloto especial. Alguns podem discordar, outros podem concordar, é tudo uma questão de opinião. Não sabemos o que acontecerá daqui pra frente. Kobayashi pode tanto vir a penar, como outros em times pequenos, como pode vir a ser o primeiro japonês a vencer na F1. Ele tem um longo caminho a percorrer. Mas já colocou seu nome entre os maiores do Japão na categoria. E isso, não é pouco.
E você, qual a sua opinião? Comente e vote na enquete ao lado.
Fotos: GPUpdate.net e Autosport.com
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