Jenson Button sempre foi um piloto talentoso. Não há como se discutir isso. Piloto de tocada refinada e suave, esse inglês de Frome, no entanto, nunca tinha conseguido deslanchar sua carreira até 2009. Desde sua estréia na F1, no ano 2000, pela Willams, Button viveu altos e baixos na categoria. Correu com carros fracos da Benneton e da Honda, e nada conseguiu. Correu também com carros melhores, como a BAR e a própria Honda, conquistando alguns resultados expressivos, especialmente em 2004, quando foi o terceiro no mundial, e 2006, ano em que venceu pela primeira vez, na Hungria. Mas nunca tinha conseguido mostrar aquilo em que muitos apostavam: que ele seria campeão mundial um dia.
As desastrosas temporadas na Honda em 2007 e 2008 corroboravam para esse fato. A empresa japonesa não acertou na construção dos carros e Button, e Rubens Barrichello, seu companheiro na época, penaram em carros que mais pareciam carroças. Mas Jenson nunca perdeu o status, o prestigio de primeiro piloto, algo que carregou em vários times por onde passsou.
Isso foi provado em 2009. A Honda anunciara que saia da F1. Porém, o chefe de equipe na época era Ross Brawn, que coordenava a construção do novo carro da equipe desde a metade de 2008. Ele sabia que a equipe não andaria naquele ano e então, passou a utilizar os recursos da fábrica para desenvolver o bólido do ano seguinte. E fez isso muito bem. Entretanto, como disse acima, a paciencia dos japoneses acabou. E sem o aporte financeiro da Honda, Ross Brawn resolveu bancar a empreitada sozinho. Ele confiava no carro. Nascia a Brawn GP.
Personalidade sóbria é caracteristica marcante de Jenson Button |
Button, homem de confiança de Ross, foi mantido. E seguia como primeiro piloto. Seu companheiro foi definido na última hora e continuaria a ser Rubens Barrichello. E Brawn mostrou-se correto em suas apostas. Tanto o carro era fantástico como Jenson Button soube aproveitar a chance que teve. Venceu seis das sete primeiras provas e terminou o ano com o título. E renascido para a categoria.
O natural seria então que ele continuasse na Brawn GP, para defender o título na sua posição de primeiro piloto. Mas o time foi vendido para a Mercedes e Button resolveu assinar com a McLaren, onde formaria um time totalmente inglês com Lewis Hamilton.
Jenson, naturalmente, conquistou seu espaço. Mas não era visto como primeiro piloto. No máximo, teria condições iguais às do companheiro, queridinho na equipe e também campeão mundial. De longe, muitos (inclusive eu) apostavam que ele realmente seria o segundo piloto, por Hamilton ser melhor. Mas pensam vocês que Button se incomodou com isso? De jeito algum. Mantendo uma incrivel sobriedade, Jenson faz o seu papel. Não entra em polêmicas, apaziguando-as quando necessário, e também não demonstra vaidade. Evita conflitos que poderiam surgir com seus companheiros. Apenas faz, e bem feito, seu trabalho.
Ontem, no twitter, meu amigo Anderson Nascimento (@anderson_xn) disse uma frase com a qual concordo em 100% e a reproduzo abaixo.
"@fabio_seixas Button é o melhor segundo piloto que eu já vi. Um segundo piloto que ganha corridas e é campeão do mundo, por isso que brigam"
Anderson Nascimento
Realmente, Button é tudo isso. E, talvez, por possuir essas caracteristicas, ele seja tão cobiçado. Nesta semana, surgiram rumores na mídia européia de que a Ferrari poderia contratar Button para o lugar de Felipe Massa na equipe, a partir de 2012. É sobre esse assunto que a frase de Anderson trata. A equipe desmentiu, Felipe desmentiu e Button sequer falou sobre o tema. Aliás, outra especulação que rola é a de que ele assinaria sua renovação com a McLaren.
Vitória no Canadá é bela prova da qualidade do piloto inglês |
Rumores a parte, Button se encaixaria bem na Ferrari, como aconteceu na McLaren. Aliás, ele se encaixaria bem em qualquer equipe, pois é muito bom piloto. Em Maranelo, ele teria Alonso como companheiro, alguém que busca capitalizar as atenções do time, da mesma forma que Hamilton faz. Não acredito que ele entraria em rota de colisão com o espanhol. Além disso, seria muito mais util à Ferrari hoje do que é Felipe, por exemplo, pois é consistente e aproveita as chances que tem, como fez no Canadá, em uma vitória brilhante, quando seu companheiro já não estava mais na prova.
Não vejo demérito algum em dizer que Button é um segundo piloto atualmente. Isso é mais fruto de seu estilo, de sua personalidade calma, do que falta de talento, de competencia perante os rivais. Button é um cara que sabe liderar um time se preciso, mas sabe também se manter longe de confusões e guerras de ego. É muito benéfico ter em um time alguém como ele. Button é um segundo piloto, mas com jeitão e talento de primeiro.
Fotos: Autosport.com
1 comentários:
Valeu a citação camarada! Realmente Button é um dos melhores pilotos do grid. Mais do que guiar bem, ele tem algo que nenhum outro grande da atual categoria tem, a falta de vaidade como você mesmo disse. Não é despretensão, falta de gana ou algo assim, mas é um temperamento que lhe permite ser racional até nos momentos mais desafiadores dentro da pista. Foi assim no Canadá e ele venceu com soberania.
Aos que dizem que ele só foi campeão em 2009 por causa do ótimo carro que tinha nas mãos, eu digo que isso só foi uma recompensa pelo grande piloto e companheiro que ele sempre foi na Fórmula 1.
Abraços!
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