Sobre o Bahrein e as decisões da FIA

Não comentei ontem, mas falarei sobre isso agora. Enfim, saiu a sentença da FIA em relação à controversa realização ou não do GP do Bahrein, ainda nesta temporada. E a decisão foi de que haja corrida no país do Oriente Médio. Com isso, o GP que deveria ter acontecido em março, foi reagendado para o dia 30 de outubro, o que joga a estréia do GP da Índia para uma outra data, ainda a ser definida entre 4 e 11 de dezembro. O bolso de muita gente falou mais alto nesse instante, afinal, são US$ 40 milhões a mais na conta.

Parecia claro que Bernie Ecclestone e sua trupe daria um jeito de realizar a prova do Bahrein. Suas declarações ao longo dos últimos meses e o adiamento da decisão pelo cancelamento da etapa, eram as pistas que o astuto dirigente deixava para expressar sua vontade. Aliás, ele nunca escondeu realmente que queria que essa prova fosse realizada. Seu discurso sempre deixou implicito que essa era sua vontade.

Após muita discussão, GP do Bahrein acontecerá em outubro
A decisão foi tomada após uma votação dos membros da FIA, que não tiveram coragem de negar o dinheiro barenita, apesar de frisarem que a realização da prova não tem nada a ver com o montante que irão receber. Foi uma das primeiras coisas que falaram, inclusive. Como se alguém fosse acreditar.

Contudo, o que mais chama a atenção é que a FIA mostrou que não está nem aí para quem trabalha de forma séria na F1. Com a realização da etapa barenita, pilotos e, principalmente funcionários irão perder mais uma ou duas semanas de férias. Perguntem a esse povo se eles estão felizes com isso. Certamente não. Ross Brawn foi um dos que tiveram iniciativa e falou sobre o caso, antes mesmo da decisão sair. Parecia que ele já sabia qual seria o desfecho.

“É totalmente inaceitável. Está ficando demais. Nosso pessoal está trabalhando desde janeiro, nós não testamos mais, então, o mesmo pessoal está trabalhando desde janeiro e estamos pedindo que eles trabalhem até dezembro, o que significa não ter tempo para férias antes do natal e eles teriam que trabalhar direto até janeiro.”

Ross Brawn

Outro que não ficou em cima de muro, foi Mark Weeber. Experiente e um dos líderes entre os pilotos, o australiano também se mostrou contra a realização desta prova. Teve personalidade para falar, enquanto muitos ficam em cima do muro. E destaco duas de suas frases.

“Em minha opinião pessoal, a F1 deveria ter tomado uma posição muito mais firme no começo deste ano, ao invés de ter adiado constantemente sua decisão, na esperança de poder voltar a agendá-lo em 2011. Ela teria enviado uma mensagem muito clara sobre a posição da F1 em algo tão fundamental como direitos humanos e como ela lida com questões morais. É óbvio que as partes envolvidas têm se esforçado para chegar a uma decisão, mas, infelizmente, eu sinto que eles ainda não fizeram o certo. Gostando ou não, a F1 e o esporte em geral, não está acima de ter uma responsabilidade social e consciência. Espero que a F1 é capaz de voltar ao Bahrein, eventualmente, mas agora não é o momento certo”

Mark Webber

Na segunda frase, Webber mostra também outro motivo para a realização da etapa.

"Como um competidor não me sinto totalmente confortável em ir lá para competir em um evento em que, apesar das garantias do contrário, parece inevitável que ele irá causar mais tensão para o povo desse país. Eu não entendo por que a F1 pretende se colocar em uma posição de ser um catalisador para isso "

Mark Webber

Sim, os fatores políticos também contribuiram para essa decisão. A vontade dos líderes barenitas de realizar a prova para mostrar que o país está "bem" e que são eles é quem mandam, tiveram papel fundamental nisso. Creio que foi grande a insistência por encaixar a etapa em alguma data.

Webber se mostrou contra a realização do GP do Bahrein
Quanto ao GP da Índia, tudo leva a crer que será realizado no dia 11 de dezembro, fechando a temporada. Isso levando em conta as questões de logistica. Ir do Brasil para a Índia não é fácil. Contudo, não se surpreendam se essa prova for realizada no dia 4, para amenizar as reclamações por conta das férias. Da FIA pode se esperar tudo. Menos sensatez.

Outras decisões

Além da decisão sobre a realização do GP do Bahrein, a FIA aproveitou a reunião da sexta-feira para divulgar as mudanças para 2012 e 2013. Sobre o ano que vem, foi divulgado o calendário provisório da categoria. E agora com 21 provas, com a inclusão do GP dos Estados Unidos. Mas podem ser 20, já que a etapa da Turquia segue sendo uma incógnita.

O interessante é que, para encaixar todas as etapas, seis dobradinhas foram feitas. E a etapa do Brasil, está prevista para fechar o calendário. Claro, se a FIA deixar.

Calendário do Mundial de 2012 – Provisório

11.mar – GP do Bahrein, Sakhir
18.mar – GP da Austrália, Melbourne
01.abr – GP da Malásia, Sepang
08.abr – GP da China, Xangai
22.abr – GP da Coreia, Yeongam
06.mai – GP da Turquia, Istambul
20.mai – GP da Espanha, Barcelona
27.mai – GP de Mônaco, Monte Carlo
10.jun – GP do Canadá, Montreal
17.jun – GP dos Estados Unidos, Austin
01.jul – GP da Europa, Valência
15.jul – GP da Grã-Bretanha, Silverstone
29.jul – GP da Alemanha, Hockenheim
05.ago - GP da Hungria, Hungaroring
02.set – GP da Bélgica, Spa-Francorchamps
09.set – GP da Itália, Monza
30.set – GP de Cingapura, Marina Bay
14.out – GP do Japão, Suzuka
28.out – GP da Índia, Jaypee
11.nov – GP de Abu Dhabi, Yas Marina
25.nov – GP do Brasil, Interlagos

Grid inchado, com várias provas caça-niqueis. Legal por ter mais corridas, ruim por várias delas acontecerem apenas para encher o bolso de alguns.

Sobre 2013, as regras aerodinâmicas permanecerão como as atuais, com mudanças apenas nos bicos e o aumento do peso do carro. Já os motores de 1,6 litro com turbo compressor foram aprovados, mas poderão não estrear em 2013, caso as equipes não aprovem sua implantação.

Fotos: NextGen-Auto.com e GPUpdate.net
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