Na última semana, já havia escrito, aqui nesta mesma coluna, que estava me afastando cada vez mais do futebol. Na oportunidade, tomei por base para escrever o texto, apenas um dos motivos para esse afastamento, a questão da violência entre torcidas, pegando carona na polêmica última rodada do Campeonato Brasileiro deste ano. No citado post, também afirmei que este não era o único motivo pelo qual estava me afastando do esporte bretão que é praticado por essas bandas.
Pois bem, hoje acreditava que o tema desta coluna seria diferente. A principio, queria falar sobre basquete, sobre a atual situação de um dos times para o qual torço na NBA, o Chicago Bulls. Contudo, voltarei mais uma vez ao tema futebol, pegando como gancho mais uma situação que contribui para esse meu afastamento do esporte. Portanto, vou postergar mais uma vez o artigo sobre a franquia de Illinois.
Como todos sabemos, na última segunda-feira (16) o STJD (Superior Tribunal de Justiça Desportiva) julgou a equipe da Portuguesa por ter escalado de maneira irregular o atleta Herverton, na rodada derradeira do campeonato nacional deste ano, contra o Grêmio. O referido jogador tinha sido julgado na sexta-feira anterior por conta de uma expulsão na partida contra o Bahia. E deste julgamento saiu a sentença de que ele deveria cumprir dois jogos de suspensão. Como já havia cumprido o primeiro, Heverton foi à campo normalmente, por a Portuguesa entender que não tinha sido comunicada ainda de maneira oficial que o jogador deveria ficar mais um jogo fora.
Bem, vamos de fato ao que penso. Não vou entrar aqui em uma discussão clubística, não vou discutir se time A se beneficiou ou se time B foi prejudicado. Essa não é a intenção. O objetivo é reclamar da falta de organização, da confusão em que hoje se encontra o futebol nacional.
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| Decisões no tribunal não combinam com o futebol.. Resultado no campo deveria prevalecer sempre |
É um ABSURDO que um simples caso de julgamento e suspensão de jogador tenha tomado proporções tão gigantescas. E mais ABSURDO ainda é ver que por conta de um erro que poderia ter sido evitado, se houvesse boa vontade de quem comanda o futebol brasileiro, os rumos de duas agremiações foram totalmente mudado para a próxima temporada. É ridículo que um fato como esse ocorra seis, sete meses antes do Brasil receber o maior evento futebolístico do planeta, a Copa do Mundo.
Vivemos em uma época em que tudo é instantâneo. Podemos nos comunicar com pessoas em qualquer parte do mundo digitando alguns números no celular, ou acessando alguma rede social na internet. É tão simples. Então, como é que pode uma comunicação em um julgamento ser tão burocrática, truncada? Não seria mais fácil se, dez minutos depois do julgamento não pudesse ser colocada uma nota no site da CBF ou do raio que for informando que fulano de tal, de tal clube está suspenso por tantos jogos, ou que ele foi absolvido? Não poderia haver um delegado em cada partida conferindo os relacionados com a lista de suspensos para avisar "olha amigão, você não pode jogar hoje"? Não dá pra adotarem nenhuma medida que simplifique tudo?
Se for para mudarem artigos da legislação esportiva, ou do campeonato, que mudem. Mas deixem as coisas simples e claras, pois parece que há uma má vontade com tudo por aqui. Parecem que gostam de deixar as coisas de forma dúbia, para que sempre haja uma brechinha caso alguns interesses precisem ser satisfeitos. E também que haja bom senso nas decisões.
Não estou tentando proteger a Portuguesa. Realmente houve erro por parte da equipe lusitana. Um erro claro e inegável. Um erro bobo, uma ingenuidade que não poderia acontecer por parte da direção de um clube profissional. Assim sendo, a punição aplicada à equipe de origem lusitana é até justificável por conta da legislação do torneio. Não há o que discutir. Por mais que a Lusa não tenha agido de má fé - e não agiu mesmo - ela errou. E erros são punidos.
Mas toda essa situação foi de uma falta de senso terrível. Existem várias formas de se punir uma equipe. Por que não aplicar-lhe uma multa? Ou por que não retirar os pontos da equipe no próximo campeonato, mantendo assim o resultado no campo, uma vez que a escalação do jogador não influenciou em nada? Seria uma atitude melhor para o futebol quanto esporte, pois esporte se define na praça onde é disputado e não em tribunais.
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| Decisões sobre Portuguesa e Fluminense deveriam ter se resumido aos jogos entre as equipes no ano |
Toda essa discussão negativa que girou em torno do caso não é boa para ninguém. Não foi boa para a Portuguesa, que perdeu os pontos, foi rebaixada e terá de reformular todo o planejamento para 2014. Não foi bom para o Fluminense, que mesmo permanecendo na Série A, ficará com uma imagem cada vez mais forte de "clube do tapetão", mesmo que não tenha tido uma participação direta na ação, pois no passado do tricolor carioca constam a virada de mesa de 1996 e o acesso à elite novamente sem disputar a Série B, na tal Copa João Havelange.
Mas o pior de tudo é que isso é péssimo para o futebol. E mostra porque estou me afastando dele. O torcedor fica cada vez mais descrente de sua lisura a partir de agora. Como é que um torcedor poderá ficar tranquilo sabendo que a qualquer momento pode haver um prejuízo ao seu time? Já vimos virada de mesa, já vimos manipulação de resultados e agora vemos decisões no tribunal. O que mais falta?
Sem contar que um caso como esse abre um precedente para as próximas competições. Será que agora, as equipes, além de contratarem jogadores, técnicos e outros profissionais do futebol, vão precisar também montar esquadrões jurídicos para não correr riscos? Porque o que vai ter de time atrás de irregularidades em seus rivais...
Uma pena que o futebol brasileiro chegue a uma situação dessas e que os torcedores continuem sendo feitos de bobos, porque o resultado do campo, nem sempre é o resultado final, como deveria ser.
Fotos: Google.com e GloboEsporte.com
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