Coluna #ForaDasPistas - O que espero do Palmeiras em seu centenário

No último sábado, enfim, acabou oficialmente o ano de suplicio do torcedor palmeirense. O time foi até a cidade de Chapecó encerrar sua participação na malfadada Série B, competição onde conquistou o retorno à primeira divisão e o título. Foram 38 rodadas de sofrimento, de angustia e de expectativa por dias melhores em um torneio de baixo nível técnico onde o Palmeiras sobrou perante os rivais. Um verdadeiro martírio. Porém, tudo isso acabou, ficou para trás.

Agora, com as obrigações cumpridas, o foco é em 2014, um ano que será muito especial para nós, por conta do centésimo aniversário da Sociedade Esportiva Palmeiras. Não há como negar que o ano do centenário de um clube é algo especial. Cria-se toda aquela expectativa em torno dos resultados, de conquista de títulos, da chegada de grandes jogadores e tudo o mais. No caso do nosso Palmeiras, essa espera se torna ainda maior, pois o clube terá muito a ganhar na próxima temporada. Inaugurará uma nova e moderníssima arena, que certamente chamará a atenção da torcida, que por sua vez se sentirá mais próxima do clube, o que pode trazer lucros em programas como o Avanti e em ações de marketing, com lançamento de produtos alusivos às comemorações dos cem anos. O clube também ganhará exposição, podendo assim arrecadar mais em patrocínio e tudo o mais. Ou seja, há boas perspectivas.

Porém, mais do que títulos, do que um grande time, do que todas as novidades que estão por vir, o que eu realmente mais quero ver no Palmeiras em 2014 é uma reestruturação bem sucedida do clube como um todo. Quero ver o Alviverde Imponente dando passos rumo ao futuro. Quero ver investimentos na SEP não visando apenas satisfazer a latente necessidade de sucesso a curto prazo, mas também quero que haja perspectivas de futuro.
Inauguração do Allianz Parque será uma das boas novidades para a torcida do Palmeiras no ano de seu centenário
Por mais que todos os torcedores - e eu sou um desses - vislumbrem grandes contratações, que causem impacto e façam o maior campeão nacional voltar para as cabeças, conquistando títulos logo nesse retorno à elite, não acho que seja responsável exigir que um clube que vive um período de problemas financeiros faça loucuras somente para ter sucesso em uma determinada temporada. Os mandatários do Palmeiras precisam planejar não só o 2014 do clube, mas o 2015, o 2016, o 2017 e assim por diante, pois a SEP não pode ser forte por apenas um ano. Tem de ter condições de disputar títulos campeonato após campeonato, seja ele qual for.

Não estou dizendo que o Palmeiras não deve investir para estar em melhores condições no próximo ano. Um clube grande como o nosso tem de se esforçar para montar bons times SEMPRE. Entretanto, a diretoria terá de trabalhar com inteligência e pés nos chão para não aumentar os problemas que vivemos nesses últimos anos e que podem nos levar a um ciclo vicioso e do qual é difícil sair. Não adianta se matar para montar um esquadrão pensando em ser campeão de tudo em 2014 e esquecer do que virá adiante. Já vimos o que aconteceu com todos os nossos rivais que passaram pela data. Procuraram montar equipes competitivas no sonho de serem campeãs de torneios importantes, como o Campeonato Brasileiro, a Taça Libertadores e até mesmo o Mundial de Clubes, mas a maioria fracassou em sua tentativa.

O Flamengo montou o 'ataque dos sonhos', com Romário, Sávio e Edmundo. Mas acabou perdendo um título com um gol de barriga de Renato Gaúcho. O Corinthians também investiu, visando buscar a Libertadores, mas acabou eliminado de maneira vexatória ainda na fase de repescagem para o inexpressivo Deportes Tolima. Fluminense, Botafogo, Grêmio e Atlético-MG tiveram certo investimento mas fizeram campanhas de pouco brilho. Até mesmo o Santos e o Internacional, não tiveram o retorno esperado, tendo ganhado somente seus estaduais.

Só mesmo o Vasco conseguiu algo relevante quando alcançaram três dígitos de idade. Os cruzmaltinos comemoraram um estadual invicto e sua única Libertadores. Foi o único time com um título expressivo. E isso aconteceu porque eles já tinham uma base que havia vencido o Brasileirão de 1997 (ganhando a final da gente). E pra mim, isso faz diferença.
Presidente Paulo Nobre precisará trabalhar de maneira inteligente agora para que o Palmeiras tenha boas perspectivas de futuro

Claro que o futebol não é uma ciência exata. Corinthians, Santos e Inter também tinham já uma base e não foram tão vitoriosos. Mas isso pode acontecer. Ter uma equipe já montada não garante o sucesso. Mas ajuda. É muito mais difícil fazer funcionar um time que é juntado de um ano para o outro do que fazer um conjunto que já se conhece obter sucesso. Por isso acho que o planejamento para um centenário precisa ser feito com antecedência e não às pressas.

Infelizmente no Palmeiras, esse planejamento esbarrou em vários problemas causados pelas administrações anteriores. Problemas esses que culminaram com nosso rebaixamento em 2012. Por causa disso, muito do que se podia esperar em um ano tão importante pode não acontecer. E esse será o grande obstáculo a ser superado. Como tornar o Verdão competitivo sem destruir suas finanças e a possibilidade de um futuro melhor?

As dificuldades, obviamente, não podem servir de desculpa para caso o ano não seja de sucesso. O Palmeiras tem por obrigação investir para montar um time forte. Obrigação que não deveria mas será amplificada por ser ano de centenário. Todavia, isto tem de ser feito de maneira inteligente, com pés no chão para que no futuro consigamos nos manter fortes.

Sucesso Verdão! É o que mais lhe desejo.

Elenco e comissão técnica


Recentemente o Palmeiras renovou o contrato com nosso atual técnico, Gilson Kleina. O nosso comandante não goza de muito prestigio com a torcida, mas acabou sendo a escolha mais lógica no momento, pela falta de opções no mercado e pela nova filosofia que a diretoria quer implantar.

Apesar disso, não vejo em Kleina, sujeito que parece ser muito boa gente, trabalhador e honesto, um treinador com estofo suficiente para suportar a pressão de um time como o Palmeiras ainda mais no ano de seu centenário. Seu trabalho em 2013, até pelas circunstancias, não animou e mostrou algumas mazelas do elenco. Achei o time sem padrão de jogo durante todo o ano. Sim, existiu fragilidade em algumas peças do elenco e acabamos sobrando na segundona por causa da diferença técnica perante aos rivais, o que é muito pouco. Na Série A a coisa precisará ser diferente e Kleina terá de mostrar muito mais do que já mostrou para ganhar nossa confiança. E esse é um dos maiores medos que tenho. 
Gilson Kleina será o comandante do Palmeiras em seu centenário. O treinador, no entanto, não conta com a simpatia de boa parte da torcida
Caso o time colecione alguns revezes, logo pedirão sua saída e duvido muito que ele vá se sustentar no cargo. Ele não tem a experiência necessária para lidar com uma situação dessas no meu ponto de vista. Uma coisa é treinar a Ponte Preta ou o Palmeiras em uma condição atípica de Série B. Outra é dirigir o clube na primeira divisão sendo cobrado por vitórias e títulos. Acho que isso pode atrapalhar o trabalho do ano. Mas torço pelo contrário. Espero que ele se dê bem, porque esse será um sinal de que o Palmeiras estará bem.

Entretanto, não é apenas GK que precisa ser cobrado. Nossa diretoria precisa lhe dar boas peças para que o trabalho seja desenvolvido de maneira conjunta. Talvez, com algumas contratações, ele consiga arrumar a casa e deixar a equipe competitiva. Essa é a esperança de todos nós por um 2014 mais alegre.

Quanto aos jogadores, creio que o Palmeiras já tem um esqueleto para um time titular. Fernando Prass, Henrique, Eguren, Wesley, Valdivia e Alan Kardec têm condições de jogar a Série A sem problemas. E ainda haverá no elenco, caso renovem, jogadores como Vilson e Leandro que até poderiam pensar em titularidade, apesar de eu vê-los mais como bons reservas para compor elenco. Portanto, o clube precisaria de pelos menos cinco bons reforços (um zagueiro, um lateral direito e um esquerdo, um meia e um atacante) para ser competitivo. Reforços que venham para jogar. Assim, creio que poderíamos fazer um bom papel.

Pensando em um elenco, uma vez que disputaremos três competições importantes durante o ano, além de Leandro e Vilson, existem alguns jogadores que também podem permanecer e serem uteis de alguma forma, como Marcio Araujo, Charles, Mendieta e até os limitados Juninho, Wendel, Marcelo Oliveira, Vinicius e Serginho. Até porque, nunca dá para montar elencos só com bons jogadores. Algumas peças ficam mesmo abaixo da expectativa, é normal. Mesmo assim, ainda são necessárias as contratações de peças para compor uma equipe em várias posições.
Elenco do Palmeiras precisará de boas contratações para ser competitivo em todas as competições que disputar
Além disso, a utilização de jogadores da base também se faz necessária ao meu ver. Alguns desses jogadores voltam de empréstimo e outros já estão integrados ao elenco. Por isso, penso que suas utilizações são importantes, pois são atletas de baixo custo e que se conseguirem se destacar em um time estruturado, poderão gerar lucro para o Verdão no futuro.

Fotos: UOL, A Gazeta Esportiva, R7 e Allianz Parque
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