Em Sepang, neste domingo, a chuva não deu as caras. Mas o domínio da Mercedes sim. Com Lewis Hamilton de ponta a ponta, seguido por Nico Rosberg, as flechas de prata venceram pela segunda vez em duas corridas e dessa vez com dobradinha. E de quebra, Hamilton alcançou mais uma lenda da categoria: após se igualar ontem em número de poles a Jim Clark e Alain Prost, hoje ele empatou com Nelson Piquet em vitórias, com 23. é o 11º no quesito. Além disso, essa é a primeira vez que o britânico vence em Sepang, em sua pitava tentativa.
A vitória de Hamilton foi categórica. Largando da pole, o inglês não deu a menor chance para os rivais e na primeira volta já tinha aberto uma vantagem confortável para quem vinha atrás, suficiente para escapar de possíveis ataques quando fosse autorizado o uso do DRS. Daí em diante, foi só administrar a vantagem crescente e o equipamento, já que a ordem nesse início de mundial é fazer o máximo para fugir dos problemas. Um belo triunfo que, além de lhe deixar próximo do top 10 de maiores vencedores de todos os tempos na F1, vem para minimizar o revés de Melbourne.
Esse é o primeiro troféu de vencedor que Lewis Hamilton levará de Sepang. Inglês tem outros 22 em sua coleção |
Hamilton sabe que tem, no momento, o melhor carro do grid e que tem de capitalizar com isso, coisa que não conseguiu na Austrália, por conta de um problema no motor. E o pior é que ele viu seu principal adversário, Nico Rosberg, conseguir a vitória. Com esse triunfo, a situação é um pouco amenizada e a confiança aumenta para o restante do ano, ainda que Rosebrg ainda lidere com folga. Foi uma vitória para se afirmar.
Acompanharam Hamilton no pódio Nico Rosberg e Sebastian Vettel, na ordem inversa em que largaram. O líder do campeonato partiu da terceira posição, mas deixou o piloto da Red Bull para trás logo na largada e se estabilizou na vice liderança, onde ficou por toda a prova. Rosberg fez mais uma prova consciente e sem cometer erros, sendo pouco ameaçado por Vettel. O tetracampeão, por sua vez, mostrou que piloto ainda faz a diferença. E também que o carro da Red Bull não é tão ruim assim. Mesmo perdendo uma posição em relação à largada, Seb fez uma ótima prova, mantendo um ritmo que lhe permitiu até esboçar um ataque a Nico. Não foi possível. Porém, ficou a boa impressão de que o alemão poderá estar entre os líderes daqui pra frente.
Sobre o RB10, pelo que vimos hoje ele não é essa porcaria toda. Pelo contrário. O bólido desenvolvido pelos rubro taurinos parece ter potencial para crescer e incomodar. Há ainda problemas de confiabilidade com o conjunto Renault? Sim. Mas aos poucos eles parecem estar sendo resolvidos, tanto que a equipe dos energéticos deveria ter feito terceiro e quarto lugares hoje. Só que Daniel Ricciardo abandonou.
Aliás, por falar no australiano, vai ter má sorte assim lá em Camberra... o piloto do carro #3 até começou bem e deu trabalho para o companheiro multi campeão, chegando a ultrapassa-lo. Acabou sendo superado em seguida e ficou na quarta posição, acompanhando Vettel. Mas do meio da corrida em diante, a prova começou a ficar um inferno para ele. Na estratégia, a RBR resolveu antecipar o uso dos pneus mais duros para Ricciardo e ele perdeu contato com Vettel. Quando entrou para sua última parada, os mecânicos simplesmente o liberaram sem terem completado o trabalho. Volta para os boxes, perde tempo, é punido, sua asa dianteira cai sozinha forçando-o a parar de novo até chegar o abandono. E ele ainda é punido novamente após a prova e perderá dez posições no grid do Bahrein. Um dia para esquecer.
Dobradinha da Mercedes evidencia o domínio da equipe alemã neste início de temporada. Time lidera os dois mundiais |
Voltando a falar de quem completou a prova, Fernando Alonso e Nico Hulkenberg fecharam o top 5. O espanhol fez uma prova bastante discreta com um carro que parecia estar mais próximo das Mercedes no início do fim de semana, mas que se provou bem abaixo. Foi o que deu para fazer. Já o alemão fez mais uma grande prova. Com a Force India, Hulk foi o único - mesmo que por apenas meia volta - a ter o prazer de liderar a prova. Com uma parada a menos, tentou surpreender. Não deu certo, mas foi suficiente para dar destaque a ele novamente. E para que todos voltem a pedir que alguma equipe grande lhe dê uma chance. É um desperdício não ver esse alemão em um carro vencedor.
Também pontuaram, nessa ordem, Jenson Button, Felipe Massa, Valtteri Bottas, Kevin Magnussen e Daniil Kvyat. Button voltou a fazer mais uma daquelas suas provas em que usa mais a cabeça do que o acelerador. Discreto, o campeão de 2009 assumiu a sexta posição ainda nos primeiros giros e por lá ficou. Não foi incomodado em nem incomodou, apesar do ensaio dos dois pilotos da Williams no momento final. Seu companheiro, Kevin Magnussen, no entanto, não brilhou tanto quanto em Melbourne.
O dinamarquês até começou bem e logo após a largada passou a pressionar Kimi Raikkönen. Mas um toque arruinou a prova de ambos. Magnussen ficou com o bico avariado e ainda foi punido. Assim, perdeu muito tempo. O nono lugar foi um lucro. Já o finlandês ficou a corrida toda lá no fundão. Com um carro desequilibrado, e que ficou ainda mais após o incidente, Kimi pouco pôde fazer. Finalizando essa parte, Daniil Kvyat somou mais um pontinho, aproveitando-se dos problemas alheios. Foi bem regular o russo.
Sobre os pilotos da Williams, abro um paragrafo pois é necessário. No fim da prova, com Bottas em oitavo, logo atrás de Massa, veio a mensagem no rádio do brasileiro de que o finlandês era mais rápido naquele momento. E com ela veio também a lembrança de quatro anos atrás e ao início de mais uma discussão sobre ordens de equipe. Bem, eu não vi esse caso como uma ordem de equipe como outras que já aconteceram. Pra mim, a mensagem recebida por Massa foi mais um aviso para que ele não tentasse retardar o companheiro, que era mais veloz e que ainda teria, teoricamente, chances de alcançar Button, evitando qualquer tipo de perda. Até porque, a Williams não teria o que ganhar com uma inversão. Acho que é mais uma falta de cuidado com as palavras usadas do que qualquer outra coisa.
Nível da etapa malaia foi bastante mediano. Poucas disputas se destacaram durante as 56 voltas em Sepang |
Além disso e por via das dúvidas, Felipe não abriu passagem ao companheiro. Atitude perfeita, até para não fomentar mais polêmicas.
De resto, Grosjean conseguiu levar a Lotus ao fim da prova, em 11º, e Kobayashi, mesmo ficando apenas em 13º, merece destaque pois chegou a levar sua Caterham a andar em oitavo.
Estão achando a punição ridícula pq a roda não soltou e bateu em outro cinegrafista! É preciso mesmo punir equipe que não trabalha direito
— Thiago Raposo (@thiagoraposo) March 30, 2014
Pra fechar, uns pitaquinhos sobre punições: pra mim, as punições a Magnussen e a Jules Bianchi, que bateu em Pastor Maldonado ainda nos primeiros metros, foram exageradas. Eles ainda ganharam dois pontos, naquela tal cardeneta que a FIA criou para punir com mais severidade aqueles pilotos que juntarem cada vez mais pontos. Já a punição a Ricciardo, a principio, achei exagero também pelo fato do piloto ter de pagar pelo erro da equipe. No entanto, após ver um argumento do amigo Thiago Raposo, repensei sobre a medida, apesar de ainda achar que a punição deveria ser exclusivamente dirigida para a equipe.
Resultado final
Fotos: GPUpdate.net
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