O que marcou em 2012, por Rodrigo Vilela

E seguimos com nosso especial "O que marcou em 2012", neste sexto capítulo, falando mais uma vez sobre a grande temporada da MotoGP. E o convidado da vez é o amigo e jornalista Rodrigo Vilela, do Blog do Roli. Em seu texto, Rodrigo destrincha a temporada 2012 da categoria e fala sobre a ótima disputa pelo título, entre o campeão Jorge Lorenzo e os pilotos da Repsol/Honda Dani Pedrosa e Casey Stoner. Ele também aborda a temporada de outros pilotos que tiveram destaque no certame e fala ainda das categorias base (Moto 2 e Moto 3). Sem mais delongas, vamos ao texto. E boa leitura a todos.

Indiscutivelmente campeão


Poucas vezes se viu um domínio tão avassalador quanto o que presenciamos na temporada de 2012 da MotoGP. Nem mesmo na época de Valentino Rossi, Michael Dooham ou Giacomo Agostini.

A disputa deste ano começou com, digamos, um tira-teima entre Casey Stoner e Jorge Lorenzo, os dois últimos campeões. Em 2010, o espanhol triunfou enquanto Stoner comia o pão que o diabo e os italianos amassaram, com a tragédia da Ducati Desmosedici, a mesma que ele conseguiu domar à força em 2007.

Porém milagres não acontecem sempre e em 2011 o australiano partiu para a Honda. Foi covardia, embora o título só fosse confirmado com um acidente gravíssimo sofrido por Lorenzo em Phillip Island.
Sendo assim, os dois melhores da atualidade (sem contar Valentino Rossi, que pagou seus pecados em uma Ducati horrível) duelaram pau a pau, até ficar claro que a Repsol/Honda não tinha equipamento para bater de frente com a Yamaha.

Stoner fazia milagres, enquanto Lorenzo inaugurava seu passeio. Nas seis primeiras etapas, foram quatro vitórias e dois segundos lugares. Aliás, durante o ano todo, Lorenzo só conheceu essas duas posições, com exceção de Assen (quando foi abalroado por Alvaro Bautista) e Valencia (quando caiu de forma bisonha - o troféu de campeão já estava garantido).

Nesta corrida, na Holanda, o abandono de Lorenzo e a vitória de Stoner pareciam dar um novo rumo ao campeonato. Mas as duas provas seguintes foram cruciais para determinar que as coisas estavam mal para o australiano: uma queda na última volta em Sachsenring, quando era o segundo, e um mísero oitavo lugar em Mugello. A esperança surgiu em Laguna Seca, com uma vitória maiúscula e avassaladora.

Mas um acidente gravíssimo em Indianápolis pôs fim ao sonho do terceiro título do piloto da terra do canguru. Embora Stoner corresse no templo sagrado, todo arrebentado, e tenha terminado em quarto, ele precisou fazer uma cirurgia no pé. Perdeu três provas (Brno, Misano e Aragon).

Enquanto Lorenzo dava prosseguimento ao festival de pódios (entre Sachsenring e Phillip Island foram duas vitórias e oito segundos lugares), Daniel Pedrosa assumia o posto de desafiante do espanhol. O companheiro de Stoner venceu em Indianápolis, Brno, Aragon, Motegi e Sepang, além de um abandono em Misano.
Porém, àquela altura, Lorenzo apenas administrava seu conforto e o título seria carimbado com mais um segundo lugar na Austrália, quando Casey Stoner, já com a aposentadoria anunciada, venceu com sobras.

Título garantido, agora resta aguardar a próxima temporada (que terá a ausência do GP de Portugal, que dará lugar ao GP do Texas, no novo circuito de Austin). Afinal, Lorenzo terá Valentino Rossi como seu companheiro, novamente. Os três anos que ambos permaneceram como companheiros de equipe deixaram rusgas comparáveis à Senna e Prost nos áureos tempos de McLaren. A equipe satélite dos japoneses, a Tech3, será pilotada por Carl Crutchlow e Bradley Smith.

Ambos terão rivais fortes na disputa. A Honda vem com Daniel Pedrosa e Marc Marquez, que sobrou na Moto2 e já bota medo nos testes. Enquanto isso, Alvaro Bautista e Stefan Bradl guiarão as motos satélites de Gresini e LCR, respectivamente. Depois da decepção em 2012, a Ducati busca se reerguer tendo Andrea Dovizioso e Nicky Hayden na equipe principal e Ben Spies e Andrea Iannone pela satélite Pramac.

Isso sem contar as CRTs que, se ainda não incomodam, evoluíram bastante ao longo do certame. Destaque para a Aspar (que foi a única a incomodar as motos de fábrica) que renovou com Randy De Puniet e Aleix Espargaró, e para a Avinthia Blusens, que pensa grande e contrata Hiroshi Aoyama e Hector Barberá.

A batalha promete ser enorme entre as 24 motos que alinharão. Ainda bem!

Dentro do esperado


Como dito anteriormente, Marc Marquez fez o que quis na "segunda divisão", se dando ao luxo, inclusive, de largar em último e vencer, em Valência. A expectativa sobre o que ele fará na categoria principal é enorme. Os testes já deixaram uma ótima impressão.
A mesma impressão que não se confirmou com Nicolas Terol, que ganhou o último campeonato das 125cc em 2012. O espanhol guiou pela Aspar e foi muito mal, tendo conseguido somente um pódio, na última prova. Esperamos que Sandro Cortese, campeão com justiça da Moto3 - superando o favoritismo de Maverick Viñales e a birra do seu companheiro de equipe, Danny Kent - se saia melhor.

A mesma Moto3 - e a mesma Aspar - que terá Eric Granado e Jonas Folger em 2013. Após um ano de aprendizado na Moto2, o brasileiro aceitou ser "rebaixado" para entrar em uma equipe de ponta e lutar por pódios e vitórias. Afinal, ele terá a chance de guiar uma KTM, a mesma moto que fez de Cortese o primeiro campeão da Moto3.

Como alguém sempre diz, é um passo para trás para poder dar dois à frente.

Fotos: MotoGP.com
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1 comentários:

Daniel Machado disse...

Muito bom. Sempre bom ler e escrever sobre MotoGP.