O que marcou em 2012, por Fabio Andrade

A F1 volta a ser tema aqui no blog. E quem trouxe o assunto à tona novamente é meu amigo Fabio Andrade que resolveu falar um pouco sobre a temporada e muito sobre as boas corridas que tivemos em 2012, inclusive em circuitos onde geralmente víamos provas chatas e enfadonhas, casos de Montmeló, nas Ruas de Valência ou em Yas Marina. Aliás, esse é o mote do texto do Fábio. Sem mais delongas, vamos ao ótimo post de hoje. Boa leitura!

Dois mil e doze já deixa saudades


Que a temporada desse ano foi uma das melhores dos 62 anos de existência de Fórmula-1, pouca gente duvida. Mesmo que sejam raríssimos (ou até mesmo inexistentes) os exemplos de apaixonados que tenham acompanhado todos os mundiais de 1950 até aqui, dá para saber que não é todo ano que fornece tantas corridas boas, indefinidas, emocionantes e com uma briga igualmente tão boa na tabela de pontos.

Nas últimas provas, tudo se resumiu a Vettel e Alonso. Mas quantos foram candidatos a brigar pelo título ao longo da temporada?
Nas avaliações pós GP da Austrália parecia que 2012 seria uma discussão doméstica entre Button e Hamilton. Após o GP da Malásia, Alonso era o líder, mas com um carro tão mal nascido, não havia muita convicção sobre suas possibilidades de brigar pelo campeonato. A Mercedes surpreendeu bem na China, mas o carro andou para trás ao longo do ano, tirando de Rosberg e Schumacher (esse com inúmeros abandonos na primeira parte do ano) a possibilidade pontuar mais frequentemente.

Vieram os sete vencedores diferentes, Alonso emergiu como o grande nome da primeira metade da temporada, Webber parecia ser o grande oponente que iria enfrentar o espanhol. Massa vivia seu calvário pessoal no outro box de Maranello. A McLaren voltou a andar forte depois das férias de agosto, mas mesmo com as vitórias, a falta de confiabilidade custou caro a Button e Hamilton. Webber desapareceu, Vettel brilhou nas últimas corridas, a Ferrari não conseguiu acompanhar o ritmo. Massa renasceu, Alonso perdeu a vantagem de 40 de pontos e de perseguido passou a perseguidor. Raikkonen descolou uma merecidíssima vitória e tudo terminou apoteoticamente em Interlagos com Vettel tricampeão.

Ufa!

Ao meu modo de ver, no entanto, nada disso dá a dimensão do quão bom e especial foi a temporada da Fórmula-1 esse ano. Não tenho nenhuma espécie de dom profético, mas acredito que no futuro sentiremos muita saudade de tudo o que vimos esse ano por outros dois motivos diferentes do que expus até aqui.
O primeiro foi a qualidade das corridas. Tenho uma certa condescendência com a Fórmula-1, acredito que até as corridas chatas são boas e só num caso de tédio excessivamente flagrante admito que uma prova foi realmente ruim. Das 20 provas do campeonato, acredito que apenas duas foram, de fato, bem desinteressantes: o GP da Hungria e o GP da Coréia. Todas as outras 18 provas foram boas. Algumas inacreditavelmente super ultra sensacionais como em Montreal ou em São Paulo, outras, se não tão alucinadamente emocionantes, foram apenas boas, como em Melbourne ou em Suzuka.

E isso já vale muito.

Mas há mais. A comprovação mais indiscutível de que esse foi um ano especialíssimo para a Fórmula-1 vem de lugares como Barcelona, Valência e Yas Marina. Corridas que costumeiramente são muito entediantes como os GPs da Espanha, da Europa e de Abu Dhabi foram excelentes em 2012, as duas últimas, indiscutivelmente, algumas das melhores provas do ano.

Quer melhor modo de medir a qualidade de uma temporada do que esse? Até onde a Fórmula-1 costuma dar sono as corridas foram excelentes.

O segundo fator que me faz enxergar 2012 como a melhor temporada que já vi e uma das melhores da história foi a confirmação de dois admiráveis talentos: Fernando Alonso e Sebastian Vettel. Não creio que foi por acaso que numa temporada com tantas alternativas justamente os dois tenham duelado pelo campeonato ao final de tudo. São os dois grandes nomes da atual geração na minha opinião, superam todos os outros ao se analisar o que forma um piloto completo: possuem inteligência e habilidade somados à velocidade pura que falta em Button, à regularidade que Massa não demonstra, ao equilíbrio que Hamilton ainda não conquistou por completo e à estrela de campeão que Webber jamais teve.
Vettel conquistou o tricampeonato seguido, uma conquista que fala por si. Alonso sai de 2012 sem a taça, mas respeitado como jamais foi e já incluído na lista dos maiores da Fórmula-1 de todos os tempos.

Corridas loucamente prazerosas de assistir, dois pilotos alçados ao panteão dos mitos, encerramento de temporada e decisão do título em Interlagos na corrida com mais ultrapassagens da história (e eu estava lá!). A gente já tá com saudades de 2012!

Fotos: GPUpdate.net
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