O que marcou 2012, por Renan do Couto


Pensaram que o Especial acabou? Nada disso. Ainda temos textos para colocar nesse espaço, assim que eles forem aparecendo, como esse aqui do amigo Renan do Couto, estudante de jornalismo mas que já trabalha na área. E trabalha bem o menino, no site Grande Prêmio, referência nacional quando o assunto é automobilismo. E Renan ainda tem seu blog na casa, o Por Fora dos Boxes. Em relação ao tema escolhido para o especial, Renan faz uma análise sobre as boas corridas que aconteceram nos tão criticados autódromos concebidos pelo alemão Hermann Tilke. Uma análise bastante pertinente e interessante, tendo em vista as criticas que Tilke recebe constantemente, inclusive de minha parte. Vale a reflexão para vermos se não estamos sendo muito críticos com o trabalho do arquiteto alemão. Boa leitura.

A redenção de Hermann Tilke


Quando o Diego me convidou para escrever um texto sobre algo que marcou 2012, já estava com este tema na cabeça. Cheguei a rascunhar algumas palavras para o meu blog, mas acabou que não levei adiante. Agora, sim, fi-lo por completo. E aquele leitor mais crítico de Hermann Tilke já deve estar se perguntando: “Esse cara vai defender aquele alemão que só faz pista chata?”. A resposta é sim, vou defendê-lo. Não perdoá-lo por todos os seus pecados, mas defendê-lo.

Admito que sempre fui bastante crítico com relação a este arquiteto alemão que, desde 1999, projetou todas as pistas que estrearam no calendário do Mundial de F1. As reformas em A1 Ring e Hockenheim também foram assinadas pelo arquiteto favorito de Bernie Ecclestone. E, pelo menos acredito eu, nunca o critiquei sem motivos. Motivos ele mesmo deu, e muitos.
Pistas chatas, sem grandes desafios aos pilotos e que serviram de palco para corridas extremamente monótonas e sonolentas. Foi assim que rotulamos os circuitos de Xangai, do Bahrein, da Índia, de Abu Dhabi e de Valência. Os que se salvaram foram os de Istambul e de Sepang. “Matou Hockenheim, cretino”. “Tirou a alma de Zeltweg, canalha”. Pessimistas.

Por que venho aqui agora falar em redenção? Se eu for listar as cinco melhores corridas de 2012, três terão acontecido em Tilkódromos e duas nos mais criticados Tilkódromos: os GPs da Malásia, da Europa e de Abu Dhabi.

Com relação à Malásia, não é a primeira vez que vemos por lá boas corridas. Mas a desse ano foi muito boa. Começou com pista seca, McLaren na frente, aí veio a chuva, corrida paralisada, tudo virou de cabeça para baixo e, de repente, a pior Ferrari das últimas duas décadas estava na primeira posição com Fernando Alonso. Só que não parecia ser ele o favorito à vitória. Sergio Pérez, na Sauber, vinha muito mais rápido. Certamente passaria. Até que errou depois de ouvir um desesperado pedido por “cuidado” pelo rádio. De qualquer maneira, a corrida foi boa e ficará guardada por um bom tempo.

Vamos então para Valência, na Espanha, pista de rua desenhada por Tilke. Sete vencedores diferentes nas sete primeiras corridas: quem seria o oitavo? Quando Sebastian Vettel largou na pole, todos disseram: “Vettel, é claro”. Rei dos Tilkódromos, o alemão disparou na ponta e logo abriu uma vantagem de 30s. Atrás dele, o bicho pegava com muitas disputas por posição e Fernando Alonso, na marra, passando todo mundo. Aí veio um SC, estranho, por detritos na pista. Alonso passou Romain Grosjean, foi para segundo e virou primeiro quando o alternador de Vettel quebrou. Passou a ser pressionado pelo franco-suíço na sequência, mas o alternador da Renault falhou de novo. O dia era de Alonso. No fim ainda teve o choque entre Lewis Hamilton e Pastor Maldonado que resultou no pódio de Michael Schumacher, o único do retorno.
Por fim, Abu Dhabi, já na reta decisiva do campeonato. Para muitos, a pior pista de Tilke – eu ainda acho que a da Coreia é pior. As três primeiras edições da prova haviam sido um porre, para não dizer coisas impróprias para o horário (são 17h21, neste momento). A desse ano foi incrível, com o show de Vettel, que largou dos boxes para chegar em terceiro, as muitas ultrapassagens e os muitos acidentes no meio do pelotão e, por fim, a vitória de Kimi Räikkönen.

Não importa se o que causou a emoção foi um fator climático ou um SC em boa hora. O que importa é que as corridas foram boas. E não dá para ser tolo de pensar que é apenas isso que mudou tudo. A verdade é que a receita para deixar as corridas mais emocionantes em 2012 foram esses pneus que as equipes não conseguem compreender. Do nada, a aderência acaba e a performance vai embora.
Não é que 2012 mostrou que as pistas de Tilke são as melhores de todas. Não são. 2012 mostrou, todavia, que as pistas de Tilke não são tão ruins como, no passados, acusamos. São pistas onde boas corridas podem acontecer e pistas que tem seus atrativos também nos traçados, não apenas nas suntuosas arquibancadas ou luxuosos paddocks.

E Tilke encerrou muito bem o ano ao apresentar ao mundo o Circuito das Américas, um circuito a respeito do qual pouquíssimas críticas foram feitas. Uma pista de verdade para receber a F1 nos Estados Unidos. E em que a corrida inaugural não foi tão boa quanto poderia ser porque a Pirelli levou pneus que não se desgastavam. Em 2013, não mais chegaremos às semanas das corridas em Tilkódromos e diremos: “Droga, é o GP da Europa”. Poderemos ficar mais otimistas. Imaginem a festa!

Fotos: GPUpdate.net
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