Indiscutivelmente campeão
Poucas vezes se viu um domínio tão avassalador quanto o que
presenciamos na temporada de 2012 da MotoGP. Nem mesmo na época de Valentino
Rossi, Michael Dooham ou Giacomo Agostini.
A disputa deste ano começou com, digamos, um tira-teima
entre Casey Stoner e Jorge Lorenzo, os dois últimos campeões. Em 2010, o
espanhol triunfou enquanto Stoner comia o pão que o diabo e os italianos
amassaram, com a tragédia da Ducati Desmosedici, a mesma que ele conseguiu
domar à força em 2007.
Porém milagres não acontecem sempre e em 2011 o australiano
partiu para a Honda. Foi covardia, embora o título só fosse confirmado com um
acidente gravíssimo sofrido por Lorenzo em Phillip Island.
Sendo assim, os dois melhores da atualidade (sem contar
Valentino Rossi, que pagou seus pecados em uma Ducati horrível) duelaram pau a
pau, até ficar claro que a Repsol/Honda não tinha equipamento para bater de
frente com a Yamaha.
Stoner fazia milagres, enquanto Lorenzo inaugurava seu
passeio. Nas seis primeiras etapas, foram quatro vitórias e dois segundos
lugares. Aliás, durante o ano todo, Lorenzo só conheceu essas duas posições,
com exceção de Assen (quando foi abalroado por Alvaro Bautista) e Valencia
(quando caiu de forma bisonha - o troféu de campeão já estava garantido).
Nesta corrida, na Holanda, o abandono de Lorenzo e a vitória
de Stoner pareciam dar um novo rumo ao campeonato. Mas as duas provas seguintes
foram cruciais para determinar que as coisas estavam mal para o australiano:
uma queda na última volta em Sachsenring, quando era o segundo, e um mísero
oitavo lugar em Mugello. A esperança surgiu em Laguna Seca, com uma vitória
maiúscula e avassaladora.
Mas um acidente gravíssimo em Indianápolis pôs fim ao sonho
do terceiro título do piloto da terra do canguru. Embora Stoner corresse no
templo sagrado, todo arrebentado, e tenha terminado em quarto, ele precisou
fazer uma cirurgia no pé. Perdeu três provas (Brno, Misano e Aragon).
Enquanto Lorenzo dava prosseguimento ao festival de pódios
(entre Sachsenring e Phillip Island foram duas vitórias e oito segundos
lugares), Daniel Pedrosa assumia o posto de desafiante do espanhol. O
companheiro de Stoner venceu em Indianápolis, Brno, Aragon, Motegi e Sepang,
além de um abandono em Misano.
Porém, àquela altura, Lorenzo apenas administrava seu
conforto e o título seria carimbado com mais um segundo lugar na Austrália,
quando Casey Stoner, já com a aposentadoria anunciada, venceu com sobras.
Título garantido, agora resta aguardar a próxima temporada
(que terá a ausência do GP de Portugal, que dará lugar ao GP do Texas, no novo
circuito de Austin). Afinal, Lorenzo terá Valentino Rossi como seu companheiro,
novamente. Os três anos que ambos permaneceram como companheiros de equipe
deixaram rusgas comparáveis à Senna e Prost nos áureos tempos de McLaren. A
equipe satélite dos japoneses, a Tech3, será pilotada por Carl Crutchlow e
Bradley Smith.
Ambos terão rivais fortes na disputa. A Honda vem com Daniel
Pedrosa e Marc Marquez, que sobrou na Moto2 e já bota medo nos testes. Enquanto
isso, Alvaro Bautista e Stefan Bradl guiarão as motos satélites de Gresini e
LCR, respectivamente. Depois da decepção em 2012, a Ducati busca se
reerguer tendo Andrea Dovizioso e Nicky Hayden na equipe principal e Ben Spies
e Andrea Iannone pela satélite Pramac.
Isso sem contar as CRTs que, se ainda não incomodam,
evoluíram bastante ao longo do certame. Destaque para a Aspar (que foi a única
a incomodar as motos de fábrica) que renovou com Randy De Puniet e Aleix
Espargaró, e para a Avinthia Blusens, que pensa grande e contrata Hiroshi
Aoyama e Hector Barberá.
A batalha promete ser enorme entre as 24 motos que
alinharão. Ainda bem!
Dentro do esperado
Como dito anteriormente, Marc Marquez fez o que quis na
"segunda divisão", se dando ao luxo, inclusive, de largar em último e
vencer, em Valência. A expectativa sobre o que ele fará na categoria principal
é enorme. Os testes já deixaram uma ótima impressão.
A mesma impressão que não se confirmou com Nicolas Terol,
que ganhou o último campeonato das 125cc em 2012. O espanhol guiou pela Aspar e
foi muito mal, tendo conseguido somente um pódio, na última prova. Esperamos
que Sandro Cortese, campeão com justiça da Moto3 - superando o favoritismo de
Maverick Viñales e a birra do seu companheiro de equipe, Danny Kent - se saia
melhor.
A mesma Moto3 - e a mesma Aspar - que terá Eric Granado e
Jonas Folger em 2013. Após um ano de aprendizado na Moto2, o brasileiro aceitou
ser "rebaixado" para entrar em uma equipe de ponta e lutar por pódios
e vitórias. Afinal, ele terá a chance de guiar uma KTM, a mesma moto que fez de
Cortese o primeiro campeão da Moto3.
Como alguém sempre diz, é um passo para trás para poder dar dois
à frente.
Fotos: MotoGP.com
1 comentários:
Muito bom. Sempre bom ler e escrever sobre MotoGP.
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