Saindo de cena

A notícia foi dada na sexta-feira, mas acabei só tendo tempo de fazer um texto sobre isso hoje. O grid da Fórmula Indy não terá a presença de Dario Franchitti ao volante do carro #10 da Ganassi em 2014. Ainda se recuperando do acidente que sofreu na volta final da segunda corrida em Houston, o escocês de 40 anos anunciou, por meio de uma nota no site de sua equipe, que está deixando as corridas.

Dario teve uma carreira peculiar, se tomarmos por base sua naturalidade escocesa. O normal seria que ele, por ser europeu, tentasse chegar à F1 participando das categorias de base em seu continente, coisa que fez até 1994, quando foi o quarto colocado naquele campeonato que teve Jan Magnussen campeão, com o recorde de 14 vitórias em 18 corridas. Franchitti venceu a primeira prova daquele campeonato. Daí então, foram dois anos em carros de turismo na Alemanha antes do escocês chegar à Hogan, à CART e aos EUA, que naquela época era uma opção cada vez mais interessante para quem desejava correr em uma categoria top de monopostos.

Franchitti precisou de apenas um ano para chamar a atenção e ser contratado pelo Team Green, em 1998. Lá, permaneceu por cinco temporadas, sendo vice-campeão em 1999, quando perdeu a taça para Juan Pablo Montoya ao empatar no número de pontos e ficar em desvantagem por conta do número de vitórias (sete do colombiano contra três do escocês). Dario não chegou à glória na CART, mas teve seus bons momentos na categoria. 

Contudo, foi só ao se mudar junto com sua equipe, que passaria a se chamar Andretti Green depois de ser adquirida parcialmente por Michael Andretti, para a IndyCar Series que sua sorte também mudou. As coisas não aconteceram de maneira instantânea para ele. Antes de atingir o ápice, ele passou por maus resultados e por grandes sustos. Mas chegou ao topo em 2007, ganhando o título de maneira incontestável em seu último ano pela escuderia. Com a taça, Franchitti resolveu mudar de ares e foi para a Ganassi, mas para correr na Nascar em 2008, categoria a qual não se adaptou. Assim, resolveu voltar aos monopostos na Indy, ainda com a Ganassi. E foi dominante. Entre 2009 e 2011, foram três títulos do 'escocês voador'. Conquistas irrefutáveis de alguém que estava no auge.
Dario Franchitti resolveu deixar as pistas e não estará no grid da Indy em 2014 com o carro #10 da Ganassi
Além do tetracampeonato da Indy, Dario também foi tricampeão das 500 milhas de Indianapolis, vencendo as edições de 2007, 2010 e 2012 da prova mais tradicional do automobilismo. Outro grande feito de sua brilhante carreira.

É verdade que os dois últimos anos não foram tão favoráveis à Franchitti. Ele não teve um 2012 muito bom e ficou apenas em sétimo na classificação geral. Neste ano, as coisas foram ainda piores, com o escocês terminando o campeonato em décimo e sem vencer uma prova sequer - disputando a temporada completa, coisa que só tinha acontecido em 2006 (em 2002 ele só correu as 500 milhas de Indianapolis e em 2003 perdeu quase toda a temporada com um problema nas costas) e tendo de encerrar sua carreira depois daquele grave acidente. Mas isso não interfere em nada no que fez.

O que dever ser difícil para ele é ter de terminar a carreira assim. Por mais que o escocês já tenha uma carreira mais do que consolidada e vitoriosa no automobilismo, que não precisasse provar nada, que já tenha ganho o que tinha para ganhar e trilhado um caminho que muitos pilotos gostariam de ter seguido, é um duro baque se aposentar por não ter mais condições físicas, por ter sido aconselhado pelos médicos a largar o que ama. Mesmo achando que ele ainda tinha lenha para queimar, que ele poderia ser competitivo na Indy, não há condições clínicas para que ele siga a carreia, ao que parece.

É uma pena que Franchitti esteja deixando a Indy dessa maneira, após um acidente destas proporções. Ele é um piloto que, certamente, fará falta ao grid. Porém, deverá manter o contato com a categoria e com a Ganassi. Pode se tornar um bom consultor e passar suas experiências para outros pilotos. Que ele tenha sucesso no que for fazer.

Foto: CNN.com
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