Comparações exageradas


Todos sabemos que a F1 foi mesmo para o Bahrein, onde corre neste fim de semana, mesmo com o país vivendo uma grande crise política e social, com protestos nada pacíficos da população exigindo mudanças na forma de governo do país. Já dei minha opinião sobre tal assunto há uma semana, quando o GP foi confirmado. Você pode conferi-lá, clicando aqui.

Porém, retomo um pouco tal assunto, apenas para fazer um rápido comentário sobre duas declarações, uma de Martin Whitmarsh, colhida no sábado, antes do GP da China, e outra proferida hoje, pelo atual bicampeão Sebastian Vettel, já em solo barenita, ambas comparando a situação vivida no Bahrein com o que encontram quando vêm ao Brasil.

Não vou me estender muito nesse comentário. De cara já digo que não concordo com a comparação, porque não há comparação cabível com a situação vivida no Bahrein atualmente. Uma coisa é desembarcar em um país como o Brasil, ou como a India, lembrada por Whitmarsh, ou qualquer outro onde as discrepâncias sociais são tão evidentes, e se ver em meio a uma situação desagradável, como um assalto por exemplo, situação que pode acontecer em qualquer parte do mundo. Outra, totalmente diferente, é chegar a um país em que há batalhas campais no meio das ruas, com manifestantes enfurecidos contra o regime que governa o local e contra a realização de um evento como a F1, que está chegando por lá, unica e exclusivamente para ser utilizado de maneira politica, na tentativa de se passar uma imagem diferente do que acontece na realidade.

Por mais que o Brasil possua sim problemas sociais enormes, sendo um deles a violência urbana - e não podemos negar esse fato pois já vimos pilotos e membros das equipes sendo vitimas de assaltados, como aconteceu com Button e com o pessoal da Sauber em 2010 - isso nem de longe se compara aos violentos manifestos dos barenitas. Não vemos coquetéis molotov voando nas ruas de São Paulo e explodindo ao lado de um carro, por exemplo. Um membro da Force India viu isso hoje em Manama. E se mandou do país, amedrontado. Brasil e Bahrein tem problemas distintos, que geram situações distintas. Não tem cabimento compara=las, assim como não teria cabimento comparar a situação do país do Golfo Pérsico com qualquer outro que receba o circo da F1.

O Brasil está muito longe de ser o país mais seguro a receber a F1. Acho que todos concordamos com isso. Mas aí comparar com o Bahrein e os problemas vividos lá nos dias de hoje é exagero.
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