A primeira de Nico


Foram 110 corridas e seis anos de espera. Mas enfim, chegou o grande dia de Nico Rosberg. Na China, liderando grande parte da corrida depois de partir da pole, o alemão da Mercedes completou uma prova da categoria a frente de todo mundo. Merecido. Não só por hoje, quando foi impecável, mas também por toda sua carreira até aqui. Ele sempre se mostrou bom piloto, porém, era vítima de carros pouco competitivos. Hoje, contudo, a sina em busca da primeira vitória terminou.

Desde que estreou na categoria, em 2006, Nico chama a atenção como bom piloto. Filho de um campeão mundial da categoria, o finlandês Keke Rosberg, ele despontava como grande promessa, tendo desembarcado na F1 com o título da GP2 na bagagem. Aliás, ele foi o primeiro campeão deste que é considerado o último degrau antes da F1. Foram quatro temporadas na Williams, onde conseguiu boas apresentações e sua melhor posição de chegada, um segundo lugar em Cingapura, 2008. Porém, na equipe de Grove, era quase impossível vencer.

Então, veio o convite da Mercedes, que montaria sua equipe própria em 2010, aproveitando o espólio da Brawn GP, campeã em 2009. Parecia ser o lugar ideal para a carreira de Nico decolar. E a história dele no time alemão começou boa, com dois quintos lugares e dois terceiros. A primeira vitória era questão de tempo. Ledo engano. Mesmo investindo forte na categoria, tanto em 2010 quanto em 2011, a Mercedes não fez nem sombra à McLaren, Ferrari e Red Bull. Consolidou-se como quarta força do mundial, sendo ameaçada no fim do ano passado. O único consolo do alemão foi bater seu companheiro nos dois anos. E não é qualquer companheiro. O cara que divide os boxes com ele é ninguém menos que Michael Schumacher.
Porém, a espera acabou hoje. Após dois GPs sem muita expressão, a Mercedes foi o grande destaque do fim de semana em Xangai. E Nico o grande piloto. A volta da pole, meio segundo mais rápida que o segundo colocado, foi apenas o início da grande vitória do alemão. Largou na frente, manteve a ponta, construiu uma vantagem, não cometeu erros gritantes e soube conservar os pneus no último stint. Tudo isso foi suficiente para vencer? Não. Ainda teve aquela pitadinha de sorte, que acompanha os vencedores. Nico pilotou de forma soberba e mereceu vencer. E a Mercedes mereceu também a vitória. Problemas com desgaste de pneus, problema que assolava o time? Se houve foi quase que imperceptível. O carro estava muito bom e a equipe trabalho direito. Pelo menos para Nico.

Com o triunfo de hoje, Rosberg entra para um grupo que tinha apenas dois membros: o de filhos de pilotos que venceram uma prova na F1. Apenas Damon Hill e Jacques Villeneuve conseguiram tal feito, repetindo o que seus pais já haviam feito. E a boa notícia para ele é que tanto Damon quanto Jacques foram campeões mundiais. Conseguirá Nico manter a escrita? Ele também passa a ser o quinto homem que mais demorou para vencer, ao lado de Fisichella. Apenas Button (113), Trulli (117), Barrichello (124) e Webber (130), demoraram mais do que ele. Já a Mercedes volta a vencer depois de 56 anos.

A alegria só não foi completa porque Schumacher abandonou, logo depois de seu pit. O motivo: um erro dos mecânicos durante a parada do alemão, que saiu dos boxes com a roda solta. Teve de parar para evitar um acidente maior. Acontece. E foi um pena, pois Schumi tinha chances de, quem sabe, completar uma dobradinha para as flechas de prata.

Fizeram companhia a Rosberg no pódio a dupla da McLaren, com Button em segundo e Hamilton em terceiro. Aliás, ambos lideram o campeonato, dessa vez com vantagem para Lewis, que tem 45 pontos, contra 42 de Jenson. O time de Woking continua sendo a equipe mais forte do grid, porém sem a dominância que teve a Red Bull em 2011. Quanto à prova de ambos, Button tinha tudo para vencer. Mas foi traído por um erro dos mecânicos em seu último pit, o que lhe fez perder tempo e posições preciosas. Assim, ao invés de lutar pela ponta com Rosberg, ficou engavetado atrás de carros mais lentos. Esse foi o golpe de sorte que citei sobre Nico, lá em cima.
Já Hamilton foi outro que sofreu durante a prova com o trafego. Sempre que parava, voltava atrás de alguém mais lento. Isso prejudicou seu ritmo também. Não fosse isso, poderia ter tido uma briga mais direta com seu companheiro pelo segundo posto. No entanto, nota-se que, pelo menos nesse início de ano, ele está mais consistente. Conseguiu três terceiros lugares em três provas. Quer mais consistência que isso?

Em quarto e quinto vieram os carros da RBR, com Webber e Vettel, nessa ordem. Se nas classificações os rubro-taurinos não têm tido uma performance satisfatória, a coisa melhora em ritmo de corrida. E no quesito estratégia também, que funcionou muito bem para Vettel. O bicampeão caiu para 14º depois da largada. Mas com uma tática de parar uma vez menos, chegou a brigar seriamente pelo segundo lugar. Acabou superado por Button, Hamilton e Webber, mas saiu no lucro. Já o australiano protagonizou o lance mais bizarro do dia, ao dar uma pequena escapada da pista, passar por uma saliência e dar um mini voo.

Grosjean, Senna e Maldonado vieram em sexto, sétimo e oitavo respectivamente. Com provas discretas, porém sólidas, e estratégias eficientes, esses três acabaram sendo as surpresas do dia. Destaque para a Williams com seus dois carros na zona de pontos e para o desempenho de Bruno. Pontuou pela segunda vez seguida assim como chegou novamente a frente de Maldonado. Tem feito um bom trabalho até aqui. É preciso melhorar, mas está no caminho certo.

Já quem decepcionou foram as Saubers. Terceiro no grid, Kobayashi foi apenas o décimo ao cruzar a linha de chegada. O japonês largou mal, ficou meio encaixotado e perdeu várias posições. Não conseguiu um bom ritmo e a estratégia não funcionou. Salvou um ponto e marcou a volta mais rápida. Só. Já Perez, com sua tocada mais suave, tentou fazer uma parada a menos. Liderou, andou entre os cinco, mas no fim, perdeu desempenho. Foi o 11º. Outro que também não teve uma estratégia das mais eficientes foi Kimi Raikkönen. Andou em segundo até poucas voltas antes do fim. Porém, ficou sem pneus. E caiu para 14º.
A Ferrari merece um comentário a parte. Alonso foi apenas o nono. Lutou, batalhou, pressionou os adversários enquanto deu, contudo, no fim, não deu pra fazer melhor. Mágicas não acontecem todas as corridas. Massa, 13º, tentou uma estratégia diferente. E que não deu muito certa. Até liderou algumas voltas, mas nada que animasse. Aliás, a situação do brasileiro é cada vez pior. Depois de três provas, ele é o único piloto, exceção feita aos condutores dos times nanicos, que não pontuou ainda...

Daqui a uma semana, acontece a corrida no Bahrein. Já antecipo que não acompanharei. Portanto, corrida por aqui só quando a F1 chegar à Europa...


Resultado Final

1º. Nico Rosberg (ALE/Mercedes), 56 voltas em 1h36min26s929
2º. Jenson Button (ING/McLaren-Mercedes), a 20s6
3º. Lewis Hamilton (ING/McLaren-Mercedes), a 26s0
4º. Mark Webber (AUS/Red Bull-Renault), a 27s9
5º. Sebastian Vettel (ALE/Red Bull-Renault), a 30s4
6º. Romain Grosjean (FRA/Lotus-Renault), a 31s4
7º. Bruno Senna (BRA/Williams-Renault), a 34s5
8º. Pastor Maldonado (VEN/Williams-Renault), a 35s6
9º. Fernando Alonso (ESP/Ferrari), a 37s2
10º. Kamui Kobayashi (JAP/Sauber-Ferrari), a 38s7
11º. Sergio Pérez (MEX/Sauber-Ferrari), a 41s0
12º. Paul di Resta (ESC/Force India-Mercedes), a 42s2
13º. Felipe Massa (BRA/Ferrari), a 42s7
14º. Kimi Raikkonen (FIN/Lotus-Renault), a 50s5
15º. Nico Hulkenberg (ALE/Force India-Mercedes), a 51s2
16º. Jean-Éric Vergne (FRA/Toro Rosso-Ferrari), a 51s7
17º. Daniel Ricciardo (AUS/Toro Rosso-Ferrari), a 1min03s1
18º. Vitaly Petrov (RUS/Caterham-Renault), a 1 volta
19º. Timo Glock (ALE/Marussia-Cosworth), a 1 volta
20º. Charles Pic (FRA/Marussia-Cosworth), a 1 volta
21º. Pedro de la Rosa (ESP/HRT-Cosworth), a 1 volta
22º. Narain Karthikeyan (IND/HRT-Cosworth), a 2 voltas
23º. Heikki Kovalainen (FIN/Caterham-Renault), a 3 voltas

Não completou
Michael Schumacher (ALE/Mercedes), abandonou na 12ª volta

Fotos: GPUpdate.net
Share on Google Plus

About Diego Maulana

    Blogger Comment
    Facebook Comment

0 comentários: