Exagero nas criticas


Dizem por aí, e concordo, que o futebol é analisado de "quarta e domingo". Não há nada como uma boa vitória numa quarta-feira, para que todas as criticas de torcedores, por um vexame de seu time no domingo, sejam apagadas. Ou vice versa. Mas essa analogia não está restrita apenas ao futebol. Na F1, guardadas devidas proporções (claro, não temos corridas de quarta e domingo e sim a cada duas semanas, geralmente) temos casos parecidos. E um exemplo tem acontecido nessa semana.

Até o GP da Espanha, Bruno Senna parecia não ter com o que se preocupar. Em quatro provas ele tinha conquistado 14 pontos, dez a mais do que seu companheiro Pastor Maldonado e muito mais do que sua equipe, a Williams, tinha conseguido na temporada anterior. Apesar de ter tido corridas problemáticas na Austrália e no Bahrein, ele também teve desempenhos muito consistentes na Malásia e na China, corridas em que pontuou ao terminar em sexto e sétimo, respectivamente. No geral, estava indo muito bem, enquanto Maldonado continuava se mostrando um piloto irregular, tendo pontuado uma única vez, com o oitavo lugar na China.

Então veio o fim de semana do GP da Espanha e tudo mudou. Na classificação, enquanto Bruno era limado logo no Q1, após errar em sua última tentativa e sair da pista, Maldonado dava show e conquistava o segundo lugar no grid, que se tornaria, horas depois, sua primeira pole na categoria, devido a desclassificação de Lewis Hamilton. Era apenas a segunda pole do tradicional time de Grove em dois anos. Na corrida, Maldonado seguiu sua apresentação de gala, brigando pela ponta e vencendo a corrida com muita autoridade. A primeira dos ingleses em oito temporadas. Em contrapartida, Senna não deu mais do que 13 voltas. Se envolveu em um acidente com Michael Schumacher - com direito a xingamento por parte do alemão - e abandonou. Pronto. Começaram as críticas ao brasileiro. Algo totalmente inexplicável e fora de propósito.
Bruno não é nenhum fora de série. Pelo contrário. Analisando as chances que teve e o que mostrou até o momento, Senna sobrinho pode ser considerado apenas um bom piloto, comum como grande parte do grid. Porém, ele tem tem feito bem seu papel nesta temporada. Como já mais acima, os melhores resultados da Williams nessa temporada tinham vindo com o brasileiro, antes do último GP. Por isso não dá pra entender as criticas. Quer dizer que Maldonado vence e as coisas mudam de figura? Não é bem por aí. Não é assim que as coisas funcionam.  

Na Finlândia, Mika Salo, ex-piloto e hoje comentarista da MTV3, emissora que transmite a F1 no país, afirmou que o brasileiro não terminará a temporada guiando pela Williams e que em seu lugar entrará o também finlandês Valtteri Bottas, terceiro piloto do time e que já está se aclimatando ao ambiente da F1,  (Bottas testará em 15 dos 20 treinos livres matutinos das sextas-feiras, no lugar de Bruno). Mas duvido que isso aconteça. Salo parece estar mais fazendo um lobby para seu compatriota do que passando uma informação credível. Bottas está sendo preparado para estrear apenas em 2013. E do jeito que andam as coisas, tentar pular essa etapa pode ser prejudicial para sua carreira.


Bruno, ao meu ver, tem tido resultados normais. Resultados de um piloto que ainda busca seu desenvolvimento na F1. E por isso não pode ser alvo de criticas só porque seu companheiro venceu e ele não. Senna vai marcar pontos aqui, abandonar ali, e só no fim da temporada poderemos ter uma avaliação mais precisa e cabível de seu desempenho. Não adianta querer cobrar dele uma vitória como a de Maldonado. O que o venezuelano conseguiu foi extraordinário e não acho que ele vá repetir tal feito nesse ano. Por isso acho um erro dizer que o brasileiro está mal ou que está com seus dias contados. 
Quanto a pressão de Bottas, ele vi ter de se acostumar a isso, por bem ou por mal, especialmente em relação a uma disputa pela vaga no futuro. A de 2012 parece estar garantida.

Para continuar conquistando bons resultados, ele terá de saber administrar as criticas que possam surgir e se focar apenas em ser competitivo, além de administrar também o peso do sobrenome que carrega e que sempre traz expectativas imensas. Não será fácil, contudo, é parte do processo de amadurecimento de um piloto.

Fotos: GPUpdate.net
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