Maldonado vence e põe a Venezuela no mapa da F1


Sensacional. Formidável. Fantástico. Histórico. São essas as palavras que descrevem o que aconteceu hoje em Barcelona. Uma bela prova e um resultado um tanto quanto inesperado: a primeira vitória de Pastor Maldonado na F1 e a primeira vitória da Williams em oito anos.

Sim, a vitória da Williams com Maldonado hoje foi de certa forma inesperada. Por mais que o venezuelano tivesse feito a segunda melhor volta da classificação e herdado a pole position após a punição de Lewis Hamilton, poucos apostavam que ele pudesse ter um ritmo de corrida forte o suficiente para se manter na frente, ou que ele conseguisse resistir às investidas de Alonso, que corria em casa, ou das Lotus, que vinham logo atrás. Contudo, Maldonado provou o contrário.

Na largada, perdeu a ponta para Alonso. E ficou atrás do espanhol durante todo o primeiro stint, marcando o ferrarista de perto. Na segunda perna da corrida, o venezuelano passou a se insinuar, diminuindo a desvantagem que tinha para Alonso. E deu o bote. Parou antes, conseguiu ir melhor que o espanhol quando tinha pneus novos e o adversário compostos velhos e assumiu a liderança. Para não mais perdê-la.

Nem o terceiro pit ruim da Williams, tampouco a pressão de Alonso nas últimas voltas foram capazes de impedir a primeira vitória de um piloto venezuelano na categoria. Hoje, Maldonado entrou ainda mais para a história. Já tinha feito isso ontem com a pole. E coroou um fim de semana em que beirou a perfeição. O piloto inconstante, que revezava momentos de pura velocidade com grandes trapalhadas parece ter ficado pra trás. Pastor tornou-se um novo piloto. E vai dar trabalho nesse ano, caso a Williams siga competitiva. Venceu no braço. E convenceu. Por isso foi muito festejado por todos da equipe e inclusive pelos dois campeões que o acompanharam no pódio. Fernando Alonso e Kimi Raikkönen ergueram o venezuelano em seus ombros, em cena semelhante a do pódio na primeira vitória de Rubens Barrichello, que foi companheiro de Maldonado. Uma cena muito legal.
A vitória de Maldonado também é legal por outro motivo. Foi um presente e tanto para Frank Williams, que completou 70 anos a cerca de um mês e que esteve em Montmeló nesse fim de semana, sendo muito festejado por todos. Sir Frank é um daqueles personagens carismáticos e que ainda têm a essência garagista do automobilismo. Está em sua quarta década como dono de equipe na categoria. E nesse tempo todo, colecionou sucessos e fracassos sem nunca abandonar o barco, mesmo após uma acidente de carro que lhe deixou paraplégico. Um exemplo bem legal. Gostei de ver que ele pôde acompanhar de perto a volta de sua equipe ao lugar mais alto do pódio após oito anos.

Isto posto, falemos da corrida de uma modo mais geral. Além de Maldonado, tivemos outros grandes destaque positivos no dia de hoje. Alonso foi um deles. Poderia o espanhol ter vencido hoje? Sim, era possível. Aliás, acreditava mais no asturiano do que em Maldonado. E ele deu motivos para isso. Fez uma boa largada e liderou boa parte da prova. Ma a Ferrari tem um carro bem ruinzinho. E ele têm de tirar a diferença no braço, o que nem sempre é suficiente. Hoje não foi, mesmo com ele pressionando Maldonado no fim. Faltaram pneus. E ele ainda correu o risco de perder o segundo lugar. Tivesse mais duas curvas, acho que Kimi Raikkönen lhe passaria. Apesar disso, com o segundo lugar, Alonso voltou à liderança do mundial, ao lado de Sebastian Vettel. Vem fazendo milagres o espanhol.

Outro bom destaque deste domingo foi Kamui Kobayashi, que voltou a ser aquele piloto que todos nós gostamos de ver: agressivo. Em um circuito em que as ultrapassagens são raras o japonês não quis nem saber e foi pra cima dos adversários para escalar o pelotão. A primeira vítima foi Button, na curva Seat. O inglês está procurando o japa até agora. E o segundo foi Rosberg, já no fim da prova, em uma bela manobra na La Caixa. Com isso, o Mito chegou em quinto, igualando seu melhor resultado, conquistado em Mônaco, no ano passado.
Outros dois bons destaques. Sebastian Vettel, sexto, fez uma bela corrida, mesmo com problemas. Foi penalizado com um drive-through e ainda teve de trocar um bico. Mas não deixou de atacar e buscar ultrapassagens. Deu certo e foi recompensado. Manteve-se na liderança do mundial, acompanhado de Alonso. E Lewis Hamilton. Vindo de último, a oitava posição foi lucro. Fez uma estratégia ousada e acabou pressionando Rosberg pelo sétimo lugar. Mas fica, evidentemente, a sensação de que poderia ter feito mais, não fosse a punição. Arrisco dizer que o inglês venceria, tivesse largado na pole, ou mesmo entre os 10.

Quanto aos destaques negativos, a Lotus foi quem mais me surpreendeu. Terminou com um carro no pódio e outro na quarta posição, é verdade. Porém, esperava mais da equipe, que tentou uma estratégia de uma parada a menos que mostrou-se ineficiente no fim. Acho que, se fossem mais agressivos, poderiam ter conquistado sua primeira vitória hoje.

Jenson Button e Mark Webber também não foram bem. O campeão de 2009, conhecido por sua tocada suave, de economia de pneus, não se deu bem com os compostos duros e teve muitas dificuldades para terminar em nono. Webber nem pontuou e terminou a prova com uma volta atrás do vencedor. Assim como Vettel, teve de trocar de bico e, além disso, sofreu com o desgaste dos pneus.

Entre os brasileiros, Felipe Massa foi o 15º, uma volta atrás do vencedor e de seu companheiro também. Teve um drive-through, é verdade, mas sofreu para brigar com carros da Force India e da Toro Rosso, tendo chegado atrás de todos eles. Mais uma vez, terminou a frente só das nanicas. Muito pouco.
Já Bruno Senna não deu mais que treze voltas, no capítulo mais polêmico desse GP. No fim da reta ele se envolveu em um acidente com Michael Schumacher, que fez os dois abandonarem. O alemão tentava a ultrapassagem mas acabou acertando a traseira do brasileiro. No início, fiquei com a sensação de culpa do Bruno, pois ele fez um traçado para se defender e mudou depois, para fazer a tomada da curva. Contudo, com mais calma, vejo que ambos erraram. Bruno por ser tão agressivo, ainda mais com pneus gastos, e Schumi, que no rádio chamou o brasileiro de idiota, por calcular mal a manobra e não levar em consideração que o piloto da Williams já tinha pneus mais gastos e portanto, tinha um ponto de frenagem diferente. Coisas de corrida.

O fato lamentável do dia ficou por conta de um incêndio nos boxes da Williams, logo após a prova. No post de amanhã falo mais sobre isso.

Com os resultados de hoje, a temporada de 2012 tem um início igual ao e 1983, quando cinco pilotos de cinco times diferentes venceram. E pode ter mais por aí, em Mônaco, daqui a duas semanas...


Resultado final - Barcelona

1º. Pastor Maldonado (VEN/Williams-Renault), 66 voltas
2º. Fernando Alonso (ESP/Ferrari), a 3s1
3º. Kimi Raikkonen (FIN/Lotus-Renault), a 3s8
4º. Romain Grosjean (FRA/Lotus-Renault), a 14s7
5º. Kamui Kobayashi (JAP/Sauber-Ferrari), a 1min04s6
6º. Sebastian Vettel (ALE/Red Bull-Renault), a 1min07s5
7º. Nico Rosberg (ALE/Mercedes), a 1min17s9
8º. Lewis Hamilton (ING/McLaren-Mercedes), a 1min18s1
9º. Jenson Button (ING/McLaren-Mercedes), a 1min25s2
10º.
Nico Hulkenberg (ALE/Force India-Mercedes), a 1 volta
11º. Mark Webber (AUS/Red Bull-Renault), a 1 volta
12º. Jean-Éric Vergne (FRA/Toro Rosso-Ferrari), a 1 volta
13º. Daniel Ricciardo (AUS/Toro Rosso-Ferrari), a 1 volta
14º. Paul di Resta (ESC/Force India-Mercedes), a 1 volta
15º. Felipe Massa (BRA/Ferrari), a 1 volta
16º. Heikki Kovalainen (FIN/Caterham-Renault), a 1 volta
17º. Vitaly Petrov (RUS/Caterham-Renault), a 1 volta
18º. Timo Glock (ALE/Marussia-Cosworth), a 2 voltas
19º. Pedro de la Rosa (ESP/HRT-Cosworth), a 3 voltas

Não completaram

Sergio Pérez (MEX/Sauber-Ferrari)
Charles Pic (FRA/Marussia-Cosworth)
Narain Karthikeyan (IND/HRT-Cosworth)
Bruno Senna (BRA/Williams-Renault)
Michael Schumacher (ALE/Mercedes)

Fotos: GPUpdate.net
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