Palavras ao vento


E mais uma vez o GP da Áustria de 2002 voltou à tona no noticiário automobilístico. O motivo foi uma entrevista de Rubens Barrichello à revista Playboy desse mês, relembrando o caso, ou, melhor dizendo, jogando o assunto na mídia - mais uma vez - sem explicá-lo, sem dar mais detalhes do que ocorreu naquele dia 12 de maio, Dia das Mães, em Zeltweg. 

Li bons textos, entre ontem e hoje, sobre o tema. Flavio Gomes e Fabio Seixas, que estavam cobrindo a prova in loco, falaram sobre o assunto. Victor Martins também passou suas impressões. Ou seja, o episódio já foi bem discorrido. Mas aproveito também para deixar aqui registradas minhas impressões sobre o caso.

Sinceramente, acho que não devemos dar muita importância ao que Rubens fala sobre isso, até porque não é a primeira vez que ele lembra desse episódio. Ele sempre mostrou uma grande magoa por tudo o que aconteceu, tendo até dito que escreveria um livro contando o que aconteceu. Depois, recuou. Agora, deixa no ar que 'algo maior' poderia acontecer caso não cedesse a vitória a Schumacher. Discurso bem diferente do adotado na época, assim como é sua atitude atual. Vai saber se, daqui a algum tempo, ele não volta com a mesma historinha, acrescentando isso ou aquilo. Não duvido.
A grande questão nesse comportamento de Barrichello é que ele só mostra que não soube digerir o que aconteceu, que não teve maturidade necessária para superar essa situação nesses dez anos que se passaram. Sei que é difícil para qualquer esportista abrir mão de uma vitória em beneficio de um terceiro. Por isso, não é possível tirar sua razão por ficar irritado, contrariado, puto com o que aconteceu. Qualquer um ficaria. Mas a escolha foi dele, é bom que se diga.

Rubens poderia ter, simplesmente, desobedecido as ordens, vencido a corrida e pagado pra ver o que acontecia. Ou poderia ter obedecido as ordens e falado tudo o que se sucedeu, nas conversas via rádio, ali, na pista mesmo, depois da prova. Seria muito mais digno e esclarecedor. Agora, vir a público e jogar no ar essa história novamente, dez anos depois de tudo ter acontecido, deixa tudo isso com um quê de birra de um garoto mimado. É cuspir no prato em que comeu. Aliás, em que comeu muito bem. Não nos esqueçamos que ele teve contratos bem rentáveis na escuderia vermelha, inclusive depois desse episódio, o que levanta outro ponto: como é que um camarada trabalha em um lugar em com pessoas que, supostamente o ameaçaram, por mais três anos e meio? Estranho né?

Rubens criou mais uma polêmica desnecessária em um momento em que ele deveria fazer o contrário e esquecer de vez isso tudo, concentrando-se apenas em sua carreira, que tem tudo para progredir na Indy. Ficar remoendo o passado é atraso de vida.

Foto: GrandPrix.com
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