De ponta a ponta, Button vence em Spa

E Jenson Button venceu a etapa de retorno pós férias da F1, em Spa-Francorchamps. Dominando a prova de ponta a ponta, o inglês da McLaren não deu a menor chance aos adversários no circuito belga, em uma corrida muito boa, como é de praxe por lá, mas que poderia ter sido ainda melhor. E o campeonato de 2012 sai da Bélgica mais aberto do que nunca...

Começando pelo vencedor do dia, Button fez uma prova muito segura. O campeão de 2009 largou bem, deixando pra trás qualquer tipo de confusão - e ela aconteceu, mas conto mais abaixo - e dominou as 44 voltas da corrida, vencendo de ponta a ponta, como disse, sem dar a mínima margem de possibilidades para qualquer rival que tentasse se opor a seu triunfo. Sólido e consistente, Jenson mereceu vencer sem sombra de dúvidas. E o fez de maneira incontestável.

Porém, muito me chamou a atenção o jeito com que o piloto do carro número 3 conduziu sua corrida. Todos sabemos e falamos que Button é um dos pilotos que melhor trata seus pneus no grid. E hoje ele deu uma prova disso. Optando por uma estratégia de apenas uma parada, Jenson conduziu com maestria o GP da Bélgica. Não sofreu com os compostos médios e duros, escolhidos para essa etapa, ao contrário do que vinha acontecendo nas corridas anteriores, com os pneus macios, super macios e com os próprios médios. Talvez, o inglês tenha conseguido, enfim, encontrar um acerto mais equilibrado e que case melhor com seu estilo de pilotagem. Algo diferente do que ele vinha fazendo na primeira metade do ano, onde encontrou muitas dificuldades. Jenson Button pode passar a ser um nome para ficarmos de olho no restante do ano.
Vitória de Button, corrida de Vettel. Sim, o alemão foi o nome do dia em Spa. Largando em 10º, beneficiado pela punição de seu companheiro Mark Webber, que trocou o câmbio e perdeu cinco posições, o bicampeão mundial fez uma corrida de altíssimo nível. Uma pequena resposta a quem diz que ele só anda bem quando larga na frente. Apesar de ter perdido algumas posições na largada, Seb conseguiu escalar o pelotão, com belas ultrapassagens e sendo muito rápido.

O alemão, assim como Button, fez apenas uma parada, mostrando também uma pilotagem sólida e de pouco gasto de pneus, apesar de ter tido de fazer ultrapassagens durante boa parte da etapa. Da mesma forma que o vencedor, foi sólido e constante para conseguir um excelente resultado em um fim de semana que parecia ser duro, após ele falhar em se calssificar ao Q3 no sábado. Com isso, Vettel reassumiu a vice liderança do mundial e já se vê a uma vitória de pular para primeiro (claro, desde que Alonso, o líder, não pontue).

Completando o pódio, veio Kimi Raikkönen, que me trouxe um misto de decepção e euforia. A decepção ficou por conta de não ver o finlandês brigando de forma direta pela vitória, uma vez que ele era a minha aposta pessoal para a vitória. A tática tradicional de duas paradas não funcionou e o piloto da Lotus não foi rápido o suficiente sequer para terminar em segundo. Apesar disso, vieram com Kimi alguns dos melhores momentos de disputa da corrida, em sua maioria rivalizando com o homem do fim de semana, Michael Schumacher, que completou seu GP de número 300 na F1. Foram algumas ultrapassagens entre ambos que culminaram com uma manobra fantástica do finlandês na entrada da Eau Rouge, que lhe garantiu a última vaga do pódio. Sem dúvidas, é a manobra do ano até aqui.
Sobra a corrida de uma maneira geral. Disse acima que essa havia sido uma prova boa, mas que poderia ter sido melhor. E poderia mesmo, não fosse o "fator Grosjean". Largando em oitavo, o franco-suíço protagonizou uma hecatombe, que o tirou da prova na companhia de Sergio Perez, Fernando Alonso e Lewis Hamilton e que ainda prejudicou a corrida de Kamui Kobayashi. Enfim, um salseiro sem fim.

O piloto da Lotus, ao tentar ser agressivo na largada, acabou tocando em Hamilton antes da freada para a 'La Source'. O toque acabou fazendo com que seu carro levantasse voo e batesse em Alonso e Perez, que nada tinham a ver com a história. Hamilton, passageiro do carro, ainda tocou em Alonso e Kobayashi. Todos esses, menos o japonês, abandonaram. E por pouco o acidente não se tornou uma catástrofe de maiores proporções.

Sem esses cinco pilotos, creio que a corrida perdeu bastante, uma vez que tanto a dupla da Sauber, quanto Alonso, Hamilton e o próprio Grosjean tinham condições de fazerem uma bela apresentação, brigando pelas posições da frente. Certamente teríamos mais alternativas e disputas bastante interessantes.

Ainda sobre Grosjean, acredito que a FIA deva olhar com mais atenção para ele, pois não é a primeira vez que ele apronta em uma primeira volta. Alguém tem de, pelo menos, puxar o rapaz de lado e pedir que ele tenha mais calma durante as largadas para não continuar a causar acidentes e prejudicar outros pilotos. O franco-suíço tem se mostrado muito rápido, contudo, tem de saber dosar o impeto.
E por tocar nesse assunto, outro que também deve estar na mira da FIA, a mais tempo, é claro, é Pastor Maldonado, que também aprontou das suas, em apenas cinco voltas em que esteve na prova. Não contente em perder três posições após a classificação, por bloquear Nico Hulkenberg, o venezuelano queimou (incendiou talvez fosse o termo mais correto) a largada, segundo ele, após um problema na embreagem que acabou fazendo com que o carro saltasse antes das luzes vermelhas se apagarem. Até aí, compreensível. Contudo, após parar durante o Safety Car e voltar lá atrás, ele se envolveu em uma confusão com Timo Glock, perdendo o bico e abandonado. O piloto da Williams tem de ser mais cuidadoso.

Azar de um, sorte de outros. Depois do strike promovido por Grosjean na largada, abriu-se espaço para outros pilotos aparecerem. E Nico Hulkenberg não deixou a chance escapar. Após uma grande largada, pulando de 11º para terceiro. Na relargada, deixou Raikkönen para trás, mas acabou superado após a primeira rodada de pits. Entretanto, seguiu no bolo e conseguiu um ótimo resultado, bem a frente de seu companheiro, Paul di Resta, décimo.

Boa prova também fez Felipe Massa, que partiu em 14º. Apesar de todas as confusões que tiraram muitos pilotos que estavam a sua frente - e ele não tem culpa disso - o brasileiro mostrou um desempenho sólido, sem alternância entre bons e maus momentos, conquistando um belo quinto lugar, logo a frente de Mark Webber, que decepcionou novamente. Uma ajuda de Massa a Alonso, roubando alguns pontinhos do australiano, enfim. Boa prova também dos carros da Toro Rosso, que terminaram na zona de pontuação, com Vergne em oitavo e Ricciardo em nono, logo atrás de Schumacher, sétimo, em uma apresentação bastante combativa. Já Bruno Senna não teve vida fácil. Andou durante boa parte da corrida na zona de pontos mas teve um furo de pneu nas voltas finais que lhe impediu de brigar por um lugar entre os 10 primeiros. Foi o 12º.
Com os resultados de hoje, o campeonato volta a se abrir mais. Vettel encosta em Alonso, Raikkönen se põe de vez como um dos favoritos, Webber segue na espreita e até Button entra na festa, apesar dos 63 pontos de desvantagem para o espanhol, que terá de reagir no próximo domingo em Monza, assim como Hamilton. Vai ficando cada vez melhor o mundial...

Resultado final do GP da Bélgica

1º. Jenson Button (ING/McLaren-Mercedes) 44 voltas em 1h29min08s530
2º. Sebastian Vettel (ALE/Red Bull-Renault) a 13s624
3º. Kimi Raikkonen (FIN/Lotus-Renault) a 25s334
4º. Nico Hulkenberg (ALE/Force India-Mercedes) a 27s843
5º. Felipe Massa (BRA/Ferrari) a 29s845
6º. Mark Webber (AUS/Red Bull-Renault) a 31s244
7º. Michael Schumacher (ALE/Mercedes) a 53s374
8º. Jean-Éric Vergne (FRA/Toro Rosso-Ferrari) a 58s865
9º. Daniel Ricciardo (AUS/Toro Rosso-Ferrari) a 1min02s982
10º. Paul di Resta (ESC/Force India-Mercedes) a 1min03s783
11º. Nico Rosberg (ALE/Mercedes) a 1min05s111
12º. Bruno Senna (BRA/Williams-Renault) a 1min11s529
13º. Kamui Kobayashi (JAP/Sauber-Ferrari) a 1min56s119
14º. Vitaly Petrov (RUS/Caterham-Renault) a 1 volta
15º. Timo Glock (ALE/Marussia-Cosworth) a 1 volta
16º. Charles Pic (FRA/Marussia-Cosworth) a 1 volta
17º. Heikki Kovalainen (FIN/Caterham-Renault) a 1 volta
18º. Pedro de la Rosa (IND/HRT-Cosworth) a 1 volta

Abandonaram

Narain Karthikeyan (IND/HRT-Cosworth) na volta 30
Pastor Maldonado (VEN/Williams-Renault) na volta 5
Sergio Pérez (MEX/Sauber-Ferrari) na volta 1
Fernando Alonso (ESP/Ferrari) na volta 1
Lewis Hamilton (ING/McLaren-Mercedes) na volta 1
Romain Grosjean (FRA/Lotus-Renault) na volta 1

Fotos: GPUpdate.net
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1 comentários:

Ester disse...

Gostei da forma crítica que você viu o incidente para os rumos do campeonato, parabéns, Diego!