Em 2009, fiquei emocionado ao ver a bela vitória de Helio Castroneves nas 500 Milhas de Indianapolis. Naquela época, Helinho tinha passado por momentos difíceis, sendo acusado nos EUA de sonegação fiscal tendo corrido risco de ser preso por conta disso. Livre das acusações, ele conseguiu dar a volta por cima vencendo a mais tradicional etapa do automobilismo americano pela terceira vez na carreira. Hoje, o sentimento de emoção por ver um brasileiro vencendo a Indy 500 voltou. E foi trazido por Tony Kanaan.
Tony é um batalhador que sempre buscou essa vitória em especial. E por muitas vezes bateu na trave. Sempre faltava algo que o permitisse concretizar esse sonho. Quando tinha um carro capaz de lhe dar a chance de brigar pela vitória no mítico circuito, acontecia algo que lhe impedia de vencer. Ou ele se acidentava, ou tinha problemas, ou simplesmente chegava perto, como aconteceu em 2003, 2004 e 2012, anos em que ele terminou entre os três melhores. Hoje, a chance de vencer se apresentou novamente. Só que Tony não a deixou escapar.
Desde o início da corrida, Kanaan mostrou que tinha equipamento para vencer as 500 Milhas. Durante toda a prova ele não precisou fazer aqueles pequenos ajustes nas asas do carro, para dar ou tirar pressão aerodinâmica, tão comuns nessa prova. Ele conseguiu um setup muito bom, aproveitando o Carb Day, na sexta-feira. E com isso, ele conseguiu se manter entre os primeiros durante as 200 voltas.
Rodeado por membros de sua equipe e por sua esposa, Tony comemora a vitória com a garrafa de leite |
A definição de quem venceria a corrida, porém, só veio após a última rodada de pit stops, quando os pilotos mudaram a atitude de não querer liderar para economizarem combustível. Esta edição das 500 Milhas teve um equilíbrio absurdo onde mal sabíamos quem venceria. Vários pilotos tinham chances naquele momento, diferente do que estamos acostumados. Àquela altura, sempre três ou quatro já estariam destacados em uma briga mais ferrenha no topo.
Somente nos últimos 15 giros a prova pegou fogo, com Tony e Ryan Hunter-Reay se revezando na liderança. O fim da etapa ganhou contornos épicos quando, a nove voltas do fim, Graham Rahal encontrou o muro e provocou uma bandeira amarela. A tensão tomou conta, pois não se sabia se haveria tempo de uma relargada. Houve. E TK se aproveitou de, naquele momento, Hunter-Reay estar liderando. Isso foi decisivo para o resultado final. Na relargada, Tony passou pelo atual campeão e logo em seguida, Dario Franchitti bateu, causando a última bandeira amarela, que declarou seu amigo campeão da Indy 500.
Tony conseguiu. Alcançou aquilo que muitos pilotos do mundo sonham, a vitória em um palco tão tradicional do automobilismo mundial. Ele, repito, mereceu muito a vitória. Pela prova que fez hoje e por sempre ter lutado por ela. Por isso, a sua emoção, seu choro debaixo do capacete. Ele sempre perseguiu esse triunfo em Indianapolis, sempre batalhou e trabalhou por isso. Hoje, foi recompensado. Pôde, pela primeira vez, beber o leite dos campeões da prova e terá seu rosto, com aquele nariz avantajado e tudo, eternizado no troféu. Entrou para a história como vencedor da 97ª Indy 500 e como quarto brasileiro a conseguir tal feito.
Sobre a prova, no geral, foi muito interessante e teve bastante intensidade na briga pela liderança, mesmo sem expor um grande favorito à vitória em nenhum momento. Ficamos até o momento em que Dario Franchitti provocou a bandeira amarela derradeira sem saber quem venceria. Tanto que alguns recordes foram batidos. Essa foi a edição da Indy 500 que mais teve trocas de posições no primeiro lugar e a que teve mais lideres diferentes. Além disso, foi a corrida com maior média de velocidade das 500 Milhas. Prova do equilíbrio da atual Indy.
Cena tradicional em Indianapolis, Tony beija os sagrados tijolos da pista que marcam sua linha de chegada |
Entre os principais destaques estiveram o colombiano Carlos Muñoz, estreante na IndyCar e que já havia surpreendido o mundo ao se classificar com o segundo melhor tempo para a prova. Na corrida, terminou na mesma posição. Ryan Hunter-Reay e Marco Andretti, mais experientes, também fizeram boas provas, sempre entre aqueles candidatos à vitória. Justin Wilson, que fez uma prova discreta, também merece elogios, pois terminou em quinto mesmo sem muito alarde.
Já com relação aos outros brasileiros, Helio Castroneves também esteve entre os candidatos a vencedores durante toda a prova, mas acabou não tendo forças para buscar os primeiros lugares nas voltas finais e terminou em sexto. Já Bia Figueiredo foi a 15ª realizando uma prova sólida e sem erros. Sequer foi ameaçada de tomar uma volta. Foi a melhor mulher da etapa.
Resultado final
1º. Tony Kanaan (BRA/KV-Chevrolet) 200 voltas
2º. Carlos Muñoz (COL/Andretti-Chevrolet) a 0s1159
3º. Ryan Hunter-Reay (EUA/Andretti-Chevrolet) a 0s2480
4º. Marco Andretti (EUA/Andretti-Chevrolet) a 0s3634
5º. Justin Wilson (ING/Dale Coyne-Honda) a 0s8138
6º. Hélio Castroneves (BRA/Penske-Chevrolet) a 3s0086
7º. A. J. Allmendinger (EUA/Penske-Chevrolet) a 4s0107
8º. Simon Pagenaud (FRA/Schmidt Hamilton-Honda) a 4s2609
9º. Charlie Kimball (EUA/Chip Ganassi-Honda) a 5s6864
10º. Ed Carpenter (EUA/Carpenter-Chevrolet) a 6s8425
11º. Oriol Servià (ESP/Panther DRR-Chevrolet) a 7s8633
12º. Ryan Briscoe (AUS/Chip Ganassi-Honda) a 8s9216
13º. Takuma Sato (JAP/A. J. Foyt-Honda) a 10s2602
14º. Scott Dixon (NZL/Chip Ganassi-Honda) a 11s3858
15º. Bia Figueiredo (BRA/Dale Coyne-Honda) a 12s2657
16º. Tristan Vautier (FRA/Schmidt Peterson-Honda) a 15s3045
17º. Simona de Silvestro (SUI/KV-Chevrolet) a 15s7201
18º. Ernesto Viso (VEN/Andretti-Chevrolet) a 17s8056
19º. Will Power (AUS/Penske-Chevrolet) a 22s5403
20º. James Jakes (ING/RLL-Honda) a 1 volta
21º. James Hinchcliffe (CAN/Andretti-Chevrolet) a 1 volta
22º. Conor Daly (EUA/A. J. Foyt-Honda) a 2 voltas
23º. Dario Franchitti (ESC/Chip Ganassi-Honda) a 3 voltas
24º. Alex Tagliani (CAN/BHA-Honda) a 4 voltas
Abandonaram
25º. Graham Rahal (EUA/RLL-Honda)
26º. Katherine Legge (ING/Schmidt Peterson-Honda)
27º. Townsend Bell (EUA/Panther-Chevrolet)
28º. Josef Newgarden (EUA/Fisher Hartman-Honda)
29º. Sébastien Bourdais (FRA/Dragon-Chevrolet)
30º. Pippa Mann (ING/Dale Coyne-Honda)
31º. Buddy Lazier (EUA/Lazier Partners-Chevrolet)
32º. Sebastián Saavedra (COL/Dragon-Chevrolet)
33º. J. R. Hildebrand (EUA/Panther-Chevrolet)
Fotos: IndyCar.com
2 comentários:
Burdô não teve sorte, amiiiiigoooo
Burdô bateu até nos pits amiiiiiiiiigooooooo. Sakuma também não teve sorte =(
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