Vai ter ordem de equipe sim!

Mas é realmente necessário? – De volta ao controverso tema “ordens de equipe na F1”, o ocorrido no último domingo com a Mercedes já teve seus desdobramentos dentro da cúpula alemã. Apesar de garantir que seus dois pilotos serão tratados de forma igual, o chefe da equipe Toto Wolff revelou a agencia austríaca ‘APA’, segundo o site Grande Prêmio, que entrou em acordo com Lewis Hamilton e Nico Rosberg para que na segunda parte do campeonato todas as ordens dadas a eles sejam acatadas. Vamos ver no que isso vai dar.

Sigo com a opinião de que é muito complicada essa situação. A equipe tem suas razões para dar ordens aos seus pilotos durante as provas, esperando que eles as cumpram. E essas razões podem ser as mais variadas, mesmo que muitas delas sejam discutíveis. Neste caso, especificamente, as ordens foram dadas por conta das estratégias diferentes elaboradas para os dois pilotos devido a suas posições de largada. O problema é que isso gerou um conflito de interesses, após os ocorridos na pista inverterem as posições deles. Para que a estratégia de Nico funcionasse melhor, ele precisaria passar pelo companheiro, com quem luta pelo título e que lhe estava tirando três preciosos pontos na tabela de classificação. Lewis não iria jogar fora essa oportunidade. E não a jogou, ignorando as ordens.

Para amenizar o problema, o pessoal da Mercedes se reuniu depois do caso e à imprensa disse que o campeão de 2008 agiu da forma correta, pois seu companheiro nunca esteve próximo o suficiente para ultrapassa-lo. Perceberam o erro. Mas a saia justa, que poderia ser evitada, já estava criada.

Por mais que haja um tratamento igual aos dois pilotos dentro da escuderia e que o objetivo do time seja sempre capitalizar o maior número de pontos possível, esse tipo de conduta pode (e quase sempre vai) criar situações de mal estar. Sempre vai ter alguém pra dizer que tal piloto está sendo beneficiado, que é o queridinho, o protegido da equipe. Foi assim na própria Mercedes no ano passado, durante o GP da Malásia quando Ross Brawn disse para que Rosberg não atacasse Hamilton, o que fez com que muitos dissessem que o inglês era o piloto #1 da equipe, e tem sido assim agora, com outros tantos dizendo que a Mercedes está protegendo o piloto alemão, tentando torna-lo campeão. 
Claro que a Mercedes, que será campeã e fará de seus pilotos campeão e vice, entrando para a história como um dos times mais dominantes da F1, não fez isso por mal, só pra sacanear A ou B. Porém, são casos como esses que acabam ruindo o ambiente de um grupo de trabalho, ainda mais em um lugar tão competitivo, o que nunca é bom para os trabalhos seguintes. Os alemães poderiam ter passado sem essa.

No meu ponto de vista, a atual situação do campeonato permite que a Mercedes seja mais maleável com relação a essas decisões. A forma com que a equipe domina o mundial, com uma margem tão ampla para seus rivais e com seus dois pilotos sendo os únicos postulantes ao título, faz com que eu acredite serem desnecessárias intervenções desse tipo durante as provas. A não ser que seja em situações extremamente excepcionais. Resta saber se eles querem ser mais flexíveis ou se vão preferir manter esse tipo de controle em seus pilotos. O recado, pelo menos, está dado.

Não sei se veremos outras ordens deste tipo daqui pra frente, afinal, em uma corrida de F1 muita coisa pode acontecer, é tudo muito dinâmico e não há muito tempo para se ficar fazendo reflexões sobre coisas que não envolvem o resultado de pista naquele momento. Contudo, se elas vierem, espero que os germânicos tenham mais bom senso e que se esforcem ao máximo para não interferirem. Deixem que Rosberg e Hamilton decidam na pista seus futuros. Fica mais bonito e mais legal para os fãs verem disputas naturais do que situações pré-fabricadas por uma escuderia que tem dominado tudo em 2014.

Foto: GPUpdate.net
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