Entrevista - Willian Ceolin

Olá pessoal. Como de costume às quartas-feiras, mais uma entrevistas para vocês. E o entrevistado dessa semana é o meu amigo Willian Ceolin, do blog Corridas de F1.

Conheci o Willian e seu blog pelo twitter. Sobre o autor, ele é gaúcho, estudante de jornalismo, fã de Ayrton Senna e um cara muito inteligente e sensato. Gosto muito de seus artigos.

E sobre o blog, é simplesmente ótimo. Atrativo, fácil de navegar e com conteúdo de primeiríssima qualidade que abrange todo o circo da F1.

Circo esse que foi tema de nossa entrevista. E ele fala sobre tudo o que aconteceu na temporada passada da maior categoria do automobilismo mundial.

Vamos à entrevista!

1. Como você avalia a temporada de 2009 em linhas gerais?

Foi uma boa temporada e bastante competitiva, com a Brawn GP e a Red Bull surpreendendo a todos. O ponto negativo foram as confusões fora das pistas. Se os egos de alguns dirigentes não fossem tão inflados, nós poderíamos ter uma categoria muito mais qualificada.

2. A briga pelo título dessa temporada girou em torno de três pilotos desacreditados e um novato em duas equipes que nunca tinham conquistado nada, uma inclusive era estreante. Do outro lado as equipes tradicionais tiveram um ano difícil. Qual o motivo dessa inversão de papeis?

A Red Bull e, principalmente, a Brawn GP souberam aproveitar a brecha no regulamento e fazer um excelente início de temporada. Mas elas são equipes que vieram para ficar. O que acontece é que nós estamos vivendo uma nova fase na Fórmula 1, com mais equipes trabalhando forte para se tornarem competitivas.

3. E o que você achou do título ter ficado com Jenson Button? Ficou em boas mãos?

Button foi o melhor piloto. Os números mostram isso e, por essa razão, o título foi merecido. Mas o mérito é muito mais da equipe do que dele. Se o carro da Red Bull estivesse tão bom quanto o da Brawn no início, Vettel teria ganhado facilmente essa disputa.

4. Em relação ao desempenho dos pilotos brasileiros, como você avalia cada um deles em 2009?

Barrichello renasceu na temporada. Embora tenha terminado em terceiro, ele superou o Button na maioria das vezes. Pela idade e por tudo o que passou na pré-temporada, foi um ano sensacional.

O Massa teve o acidente, mas o ano dele não deve ser considerado perdido. Eu estou certo que ele vai crescer bastante com essa experiência. Sem contar que, mesmo sem as disputar as últimas oito corridas, ele terminou à frente do Kovalainen, por exemplo.

Já o Nelsinho deve esquecer 2009. Foi um ano ruim em todos os aspectos. Não sei se volta para a Fórmula 1, mas, se voltar, precisará mostrar muito mais do que demonstrou até agora.


5. E entre pilotos e equipes, quem foi a grande surpresa e quem foi a grande decepção?

A surpresa foi Kobayashi. Embora Vettel tenha surpreendido, eu já esperava uma boa temporada dele. Já o Koba foi algo fenomenal porque ele foi um piloto que ninguém apostaria. Mas pilotou como um veterano e não como um estreante.

E a decepção foi o Nelsinho. Eu esperava alguma evolução dele na segunda temporada. Mas ele foi fraco demais.


6. Apesar da temporada ter tido um certo equilíbrio, o ano foi marcado mais por escândalos e o principal envolveu, um piloto brasileiro, o Nelsinho Piquet. Qual sua opinião sobre a polêmica da prova de Cingapura em 2008 de forma geral, das punições e agora a recente anulação das mesmas?

Os escândalos foram uma vergonha para a categoria. E a anulação das punições mais ainda. Talvez a FIA tenha pegado pesado sobre o banimento do Briatore, mas alguém como ele não faria falta à Fórmula 1. Hoje fica evidente que o maior punido, mesmo sendo “salvo” pela FIA, foi o Piquet. Dificilmente ele irá se recuperar desse escândalo.

7. E o que você achou das brigas entre FIA e FOTA, que também foi assunto no ano passado?

Como eu disse, as brigas fora das pistas foram o grande problema da temporada. A FIA e a FOTA deixaram o ego de seus dirigentes falar mais alto. Numa disputa assim, os dois lados precisam ceder em algum momento. Senão a situação fica complicada e quem perde são os fãs.

8. O Jean Todt foi eleito presidente da FIA. Você acha fará um bom trabalho?

Eu torci pelo Ari. E duvidava que o Todt pudesse ter um bom mandato porque representava a continuação de Max Mosley. Porém, a maneira como ele tem conduzido a FIA tem me agradado. Se ele não perder o rumo das coisas, poderá fazer um trabalho respeitável.

9. Falando sobre segurança agora, tivemos dois acidentes que afastaram pilotos da temporada. O primeiro foi com Felipe Massa na Hungria, quando uma mola acertou sua cabeça e o tirou da temporada. O segundo com Timo Glock no Japão, quando o alemão machucou uma vértebra e perdeu o restante do campeonato. De que maneira você avalia essa questão e se acha que existe o que melhorar?

Sempre há o que melhorar. A Fórmula 1 é uma categoria que prima pelo desenvolvimento tecnológico e a tecnologia evolui com o tempo, assim como as condições de segurança. Mas no caso do Felipe Massa foi uma fatalidade. Não havia o que pudesse ser feito. Foi o caso, assim como do Surtees na F2, de estar no lugar e na hora errada.

10. Vimos também nesses últimos 13 meses a saída de três montadoras da categoria e a venda de 75% de outra. Em contrapartida o grid para 2010 vai crescer com a entrada de mais garagistas. Qual sua opinião sobre o assunto? Isso é benéfico para a categoria nessa atual política de corte de custos ou não terá muita influência?

Eu gosto dos garagistas, mas penso que as montadoras também são importantes. Porém, a saída delas era inevitável. Não havia mais como gastar milhões com a Fórmula 1, enquanto milhares de pessoas perdiam empregos nas suas fábricas. Os garagistas vão favorecer o corte de custos e, essa mudança de perfil, vai representar uma nova fase na Fórmula 1.

11. Sobre as regras de 2010, não haverá mais reabastecimento durante as provas e com isso os treinos serão disputados com tanque vazio. A pontuação também mudou. Como você vê essas novidades na F1?

Gostei do fim do reabastecimento. Finalmente teremos o pole position “real” novamente. Quanto aos pontos, precisava haver uma mudança. Mas a proposta pela FIA não é a melhor e tampouco deve ser utilizada. Ainda haverá alterações na pontuação antes de março e, provavelmente, se chegará a um sistema eficiente.

12. No fim do ano tivemos a surpresa do anúncio da volta do Michael Schumacher. Em contrapartida, Kimi Raikkönen saiu da categoria. Que analise você faz da volta do heptacampeão e da saída de um dos principais pilotos dos últimos anos?

O Schumacher é um fenômeno. Mas o tempo dele acabou. Eu não duvido que ele faça um bom trabalho. Talvez até dispute o título, mas a volta dele me parece melhor para a Mercedes do que para ele próprio.

Já o Kimi é realmente uma pena a saída dele. É um dos melhores pilotos que eu vi correr. Fará muita falta. Em compensação, colocará o Rally em maior evidência no mundo inteiro.


13. E o que podemos esperar das novas equipes em sua primeira temporada no ano que vem?

Não acredito que nenhuma delas possa surpreender como fez a Brawn no ano passado. Mas a disputa entre elas será interessante, principalmente entre a Lotus e a Virgin. Além da Sauber, que deve vir com um bom carro. Campos e USF1 devem ficar lá pelo fundão do grid.

14. E sobre a ida de alguns pilotos para outras equipes, quem deverá ter mais facilidade de adaptação e quem deverá ter mais dificuldades?

Eu acredito que o Alonso se adaptará fácil. Já o Button vai sentir a pressão de correr ao lado do Hamilton...

15. Para você, quem são os principais favoritos ao título de 2010 e quem pode surpreender?

Será uma temporada incrível. Eu vejo pelo menos quatro pilotos com chances reais de brigar pelo título: Hamilton, Alonso, Vettel e Schumacher.

Massa, Rosberg ou até mesmo o Barrichello podem surpreender. Nós não sabemos qual o estágio do novo carro da Williams, mas equipe e piloto estão esperando há muito tempo por esse título.

16. E os quatro brasileiros da categoria, qual a expectativa para a temporada de cada um deles?

O Massa terá que superar o desafio interno nas cinco primeiras corridas. Se, depois da Espanha, ele estiver atrás do Alonso, pode esquecer. A equipe dará prioridade ao espanhol.

O Barrichello é uma incógnita. A Williams pode surpreender ou pode ser um desastre. Mas eu tenho a sensação de que ela pode ter alguma novidade vindo aí.

Já o Di Grassi e o Senna devem estar na parte inferior do grid. O desafio de ambos será superar seus companheiros de equipe. Hoje, eu apostaria mais no Lucas.

17. Para finalizar o assunto F1, qual a projeção que vocês faz para a temporada 2010 de uma maneira geral?

Será a melhor temporada dos últimos anos porque tudo pode acontecer. Nós vamos ter quatro pilotos brigando pelo título e, talvez, até mais dois ou três com chances de ser campeão.

As novatas também darão um atrativo a mais para a competição. Será interessante notar como elas se comportarão no ano de estreia. Alguma delas pode vir forte para 2011 se “aprender” direitinho nesse ano.

Eu acho que a Fórmula 1 finalmente está se reaproximando das disputas emocionantes que todo mundo deseja. Para a nossa alegria.

Confira as entrevistas anteriores

Bianca Moura - Blog F1 com Café -
18 de novembro
Priscilla Bar - Blog Guard Rail - 25 de novembro
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2 comentários:

Willian disse...

Obrigado novamente pela oportunidade, Diego.

Mais tarde eu posto algo lá no blog.

Abração!

Bruno disse...

O Willian aposta mais no Lucas ou menos no Glock? haha. Legal a entrevista e que nesse ano eu vença o bolão no blog do Willian outra vez, rs.
Abraço.