Corridas Inesquecíveis - F1 - Suzuka, 1989

Nada como uma data festiva para voltar com tudo na seção “Corridas Inesquecíveis”, não acham? E o homenageado desta vez é ninguém menos do que o Professor Alain Prost, que completa 56 verões exatamente hoje.

Escolher a corrida para homenagear o francês baixinho e narigudo não foi difícil. Pela relação de Prost com Senna e, conseqüentemente, com o público brasileiro, não poderia deixar de falar daquela polemica corrida em Suzuka, no ano de 1989.

Alain foi o principal rival de Ayrton na F1. Disso não há dúvidas. Os dois dividiram a McLaren e transformaram uma disputa entre dois companheiros em uma guerra. Senna venceu a primeira batalha, em 1988. Prost venceu a segunda, em 1989, daquele jeito que todos sabemos. E ganhou ainda mais a antipatia dos fãs do brasileiro.

Eu sempre fui fã de Ayrton Senna. Mas não vivi o auge da disputa entre os dois. Isso pode explicar também o fato de minha admiração por Alain Prost, piloto técnico, cerebral. Daí vem o apelido de Professor. Nunca tive rejeição pelo francês. Mas, talvez tivesse, se já torcesse por Ayrton em 1989. Talvez...

Ahhh, aquela corrida em Suzuka. Assim como no ano anterior, poderia decidir o título. Mas os papeis estavam invertidos na ocasião. Se em 1988 Prost precisava vencer para levar a decisão para Adelaide, última prova do ano, em 89 Senna precisava vencer para adiar a decisão.

E o brasileiro começou bem, marcando a pole no sábado, sua décima segunda em quinze provas. Mas Prost, sempre na espreita, deu o bote na largada, assumindo a ponta, resultado que lhe garantia o tricampeonato.

Do alto de sua experiência de seus dois títulos e várias disputas por título, Prost soube controlar o ímpeto do brasileiro até a parte final da prova. O Professor deu uma aula durante metade da prova, sem deixar que Senna se aproximasse. Reinava absoluto, como aconteceu durante o campeonato.

O francês chegara no Japão com uma boa vantagem e uma temporada impecável. Até aquela corrida, ele já tinha disputado quatorze provas, pontuando em treze delas, com quatro vitórias, tendo abandonado apenas no Canadá. Senna, por sua vez, tinha vencido cinco provas. Em contrapartida, ele tinha abandonado outras cinco etapas e chegado em duas fora da zona de pontuação.

Contudo, ainda havia esperança para o brasileiro. E na volta 46, na entrada da chicane que antecede a reta dos boxes, Senna mergulhou para a ultrapassagem. Prost jogou o carro para o lado e os dois colidiram. Teria Alain fechado a porta tarde demais e provocado o acidente deliberadamente, ou estava ele tangenciando para fazer a curva? Acredito piamente na segunda opção. A curva já era do Professor. Acho que Ayrton foi precipitado com a manobra. Pode ser que ele não tivesse outra oportunidade, mas acredito que ele forçou a barra na oportunidade.



Continuando, após a batida, Prost, sem condições de voltar, abandonou. Ele não precisava daquela corrida. Senna, ajudado por fiscais e cortando a chicane voltou, caiu para segundo, caçou Nannini, o ultrapassou e venceu a corrida.

Na pista, parecia que Ayrton tinha conseguido levar a disputa para a Austrália. Mas, fora dela, tudo já estava definido. Segundo o livro "Ayrton: o herói revelado" de Ernesto Rodrigues, ao parar para trocar o bico avariado, a McLaren já havia recebido a ordem para não deixá-lo voltar. O que não foi cumprido obviamente. E o resultado e desdobramentos extra pista, todos já conhecemos, assim como as várias teorias sobre a decisão polêmica que foi tomada.

Mais do que o tricampeonato, Prost teve o gostinho de vencer o desafeto. Sua saída da McLaren era certa, ele já tinha assinado com a Ferrari para 1990. Sendo assim, saiu com o gosto de ter derrotado o rival em sua casa, em seus dominios. Isso foi o que valeu para ele e o que torna aquela corrida tão especial e marcante.

Está aí, uma pequena homenagem ao Professor.

Foto: Google Imagens
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