As várias opiniões sobre a morte de Dan Wheldon


A morte de Dan Wheldon, na derradeira prova da temporada 2011 da Indy, em Las Vegas, trouxe novamente a tona as questões sobre segurança no automobilismo. Sempre que grandes acidentes, com vitimas fatais ou não, acontecem, esse assunto volta. E não seria diferente dessa vez. Muita gente quer dar seu pitaco, sua opinião sobre o que deve ou deveria ser feito.


Assim sendo, questões foram levantadas por pilotos de outras categorias. E algumas me chamaram bastante a atenção, uma delas trazida por Jimmie Johnson, pentacampeão da Nascar, categoria que corre quase que predominantemente em circuitos ovais.

Para Johnson, o ideal seria que a Indy esquecese os circuitos ovais, passando a correr apenas em mistos, assim como acontece nas outras categorias de monopostos ao redor do mundo. Em sua opinião, os riscos de se correr em um monoposto a velocidades que chegam a 340, 350 km/h, são dez vezes maiores do que se correndo no mesmo tipo de pista, mas dentro de um 'stock car' como o da Nascar.

JJ, que admitiu ter tido uma certa vontade de correr as 500 milhas de Indianapolis, ideia abandonada depois de se tornar pai, também lembra que existem outros fatores que facilitam acidentes, como a desproteção das rodas, que facilitam que os carros alcem voo ao se tocarem, e questões aerodinâmicas, que podem tornar os carros instáveis, fazendo com que eles possam decolar. E são nesses pontos, acredita Johnson, que os esforços para que se melhore a segurança da categoria devem ser concentrados.

Nunca é demais lembrar que Mario Andretti, em 2003, sofreu um assustador acidente durante testes em Indianapolis, quando seu carro decolou e girar no ar, ao pegar sujeira na pista. Tudo bem que o acidente aconteceu há oito anos e que algumas coisas foram modificadas. Mas isso sustenta alguns argumentos do piloto da Nascar.

Quem também falou sobre a morte de Wheldon e o 'grande risco' embutido nas corridas da Indy em ovais foi David Coulthard. O escocês sugeriu que a velocidade dos carros diminuisse, uma vez que para ele, não é necessário que os carros corram lado a lado em velocidades tão grandes.

Coulthard revelou que sonhava pilotar um carro da Indy durante as 500 milhas de Indianapolis, no início de sua carreira. No entanto, esse sonho acabou assim que ele viu o acidente grave que Nelson Piquet, de quem o escocês é fã, em 1992. Na oportunidade, o brasileiro, durante os treinos, bateu sua Menard de frente, acabando com a parte frontal de seu carro. A batida causou sérios ferimentos em Piquet, que teve de ter seus pés reconstruídos. Foi um choque para muita gente.

Quem também opinou sobre o ocorrido foi Mark Webber, que conviveu com Wheldon e que é um amigo bem próximo de Will Power, vice campeão da temporada e que por muita sorte, não teve um destino semelhante ao do inglês. Em sua coluna na BBC, o australiano demonstrou preocupação com a questão de segurança na Indy, especialmente se tratando das altas velocidades e da possibilidade de três carros andarem lado a lado.

Webber também relembrou seu acidente no GP da Europa, em Valência, no ano passado, quando acertou a traseira da Lótus de Heikki Kovalainen e alçou voo, girando no ar e caindo da forma certa na pista, e disse que a F1 é mais segura do que outras categorias. O piloto da Red Bull também afirmou que a categoria americana pode aprender algumas lições com essa tragédia.
Carro de Will Power levantou voo após choque. Australiano teve sorte de sair sem ferimentos do acidente
É bom frisar que, apesar de correr em ovais, Johnson nunca pilotou um monoposto nessas condições. Já Coulthard e Webber, que fizeram boa parte de suas carreiras em monopostos, nunca andaram em ovais. São profissionais, é claro, que sabem dos riscos que correm e que tem uma ideia sobre o que acontece em outras categorias. Mas eles não estão ou estiveram dentro delas. É um ponto que precisa ficar claro.

Com conhecimento da Indy e de outras categorias, o 'Leão' Nigel Mansell também deu sua opinião sobre a morte de Wheldon. Para ele, campeão da F1 em 1992 e da Indy no ano seguinte, a categoria norte-americana ainda está muito atrás da F1 no quesito segurança e deveria tomar certas providências. O 'Leão' também tocou em dois pontos que causaram criticas: o número de pilotos que não participavam da temporada regular (Wheldon inclusive) e o excesso de carro em um circuito de uma milha e meia.

Outro critico da situação foi Jody Scheckter, campeão da F1 em 1979 e pai de Thomas Scheckter, um dos envolvidos no acidente, amigo de Dan Wheldon e que disse que preferia ter morrido no lugar do amigo. Para o sul-africano, a Indy é a categoria mais perigosa do automobilismo. Além disso, ele pediu para que o ilho deixasse a Indy.

Por outro lado, os pilotos ou pessoas que estão diretamente envolvidos com a Indy, defendem a categoria.

Lenda do automobilismo americano e campeão tanto da F1 quanto da Indy, Mario Andretti atribuiu ao azar a morte de Wheldon, já que o inglês bateu com a parte de cima de seu cockpit no muro, após alçar voo. Um tipo de acidente bastante raro e que geralmente traz consequências graves. Andretti também rebateu as criticas de Jimmie Johnson, afirmando que a Indy tem de rever os conceitos sobre alguns ovais, mas que a categoria tem de seguir competindo nesse tipo de circuito.
Dan Wheldon (carro 77) também alçou voo ao bater de frente com outro carro, indo direto para o muro
Em entrevista à revista Warm Up, Tony Kanaan, amigo muito próximo de Wheldon, também defendeu a segurança dos carros da Indy, afirmando que 'é muito fácil falar agora', depois que um piloto morreu. O baiano lembra que em 2009 sofreu um forte acidente em Indianapolis, a cerca de 220 km/h, do qual saiu 'apenas' com uma costela fraturada. Tony também recorda de que Ralf Schumacher teve de ficar de fora de algumas corridas em 2003, quando se acidentou em Indianapolis, durante uma corrida da F1.

Há várias e várias opiniões de pilotos, jornalistas, fãs e pessoas envolvidas com o automobilismo. Alguns defendendo a categoria, outros cobrando mais segurança. Particularmente, acredito é que a morte de Dan Wheldon foi mais uma questão de fatalidade do que outra coisa. São raros os acidentes como esse.

Acho que o principal ponto de discussão é que houve um erro ao se colocar 34 carros em um oval curto como o de Las Vegas, onde a inclinação de 20º da pista mais a aderência maior do asfalto permitiram que três carros andassem lado a lado. Por mais segura que a pista seja, criaram riscos desnecessários para esta prova. E isso acabou culminando com a tragédia.

Sim, creio também que algumas medidas de segurança devam ser tomadas para diminuir ainda mais as chances de vermos acidentes como esse, uma vez que é praticamente impossível eliminar em 100% o risco de morte no automobilismo. Mas sempre é possível melhorar. Uma dessas medidas é a adoção desse novo chassi as próximas temporadas, que não deixam as rodas expostas, diminuindo o risco de carros alçarem voo ao tocarem rodas. Uma ideia que, se já estivesse em vigor, poderia ter ajudado a diminuir as proporções do acidente de domingo.
Wheldon era o piloto de testes da Dallara e já havia andado com o novo chassi, que será adotado em 2012
Porém, não vejo necessidade de se abolir os circuitos ovais do calendário da categoria. O que deve haver é um maior bom senso nas decisões, como limitar o número de carros por tipo de pista, ver quais pilotos têm condições de competir em um bom nível, sem apresentar risco os demais e não se tomar decisões estapafúrdias como aconteceu no oval de New Hampshire, quando foi dada uma relargada com pista úmida. Esse já seria um bom passo.

Uma morte nas pistas sempre choca, sempre deixa a todos muito preocupados e traz reflexões sobre aquilo que pode evoluir, melhorar. Acho que a Indy é sim uma categoria segura, tanto que vimos nos últimos anos vários acidentes fortes sem consequências mais graves. Creio que temos de saber separar as coisas, pois fatalidades como a que vitimou Dan Wheldon acontecem, infelizmente.

Fotos: Motorpasion.com.br e GrandePrêmio.com.br
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