Corridas Inesquecíveis - F1 - Suzuka, 1991


E pela segunda vez nesta semana, a seção Corridas Inesquecíveis dá as caras neste blog. E se na segunda-feira comemoramos o aniversário de 30 anos do primeiro título de Nelson Piquet na F1, hoje é dia de comemorarmos os 20 anos do tricampeonato de Ayrton Senna, último título de um brasileiro na categoria e uma conquista que nos mostra hoje, como foram dourados os anos 1980 e o início da década de 1990 para o automobilismo brasileiro. Foram seis taças em onze temporadas. E poderiam ter sido mais...

Porém, o sucesso brasileiro terminava ali, naquela tarde de domingo (madrugada no Brasil) no circuito de Suzuka, palco que viu Senna conquistar seus três títulos mundiais. E o brasileiro não precisou de muito para se consagrar tricampeão mundial.

Ayrton chegava ao Japão com uma bela vantagem na liderança do mundial. Com 85 pontos contra 69 de Mansell, com um segundo lugar o brasileiro conquistava o título, independente da posição em que o 'Leão' chegasse. Ou seja, tinha uma chance enorme de conquistar a taça.

A boa vantagem de Ayrton tinha sido construída nas primeiras provas do ano, com quatro vitórias consecutivas (EUA, Brasil, Imola e Mônaco). Com 40 pontos, Senna disparava na liderança do mundial, enquanto Mansell marcava apenas seis pontos, tendo um segundo lugar em Mônaco e três abandonos, nas provas anteriores. Era um domínio esmagador. Mas que começou a mudar quando Mansell encaixou, nas seis provas seguintes, três vitórias dois segundos lugares e um sexto, enquanto Ayrton venceu uma, terminou duas vezes em terceiro, uma em quarto, outra em sétimo e ficou sem pontuar em uma.

Nigel Mansell cumprimenta Ayrton Senna após a corrida. Inglês errou e brasileiro conquistou o título
A vantagem continuava grande para Ayrton em relação a Nigel após dez provas. Porém, o inglês tinha se recuperado e endurecido a batalha. Nas quatro provas que antecederam o GP do Japão, Senna marcou 24 pontos enquanto Mansell marcou 20. Prova do equilíbrio que ambos viviam e da melhora da Williams durante o ano, antecedendo o que viria nos anos posteriores.

Em Suzuka, a McLaren dominou. Mas com Berger, que largaria em primeiro, ao lado de Senna, o segundo. Era apenas a segunda vez que o austríaco andava a frente do brasileiro no ano. Mansell, desesperado por uma vitória para levar a decisão para Adelaide, largava em terceiro. Era parte do plano de Senna.

Largando em segundo, ele liberaria o companheiro para garantir um primeiro lugar enquanto segurava Mansell o quanto pudesse. Dessa forma, ou o Leão terminaria em segundo, diminuindo suas chances de título, uma vez que Senna não poderia completar a prova, ou ele poderia cometer um erro, abandonando a prova, o que garantiria o título de Ayrton. E a segunda opção foi a que aconteceu.

Dez voltas depois da largada e desesperado para ultrapassar Senna e ter uma chance de alcançar Berger, o 'Leão' escapou na primeira curva e ficou pela caixa de brita. Acabava ali o sonho do inglês de conquistar seu primeiro título na categoria e quebrar um jejum de títulos britânicos na categoria, que perdurava 15 anos. Em 1992 isso acabaria, mas essa já é outra história...

Pensam que com o título garantido Ayrton sossegou na pista? Nada disso. O brasileiro partiu então para uma busca furiosa a Berger. E bastaram oito voltas para ele alcançar e ultrapassar o companheiro sem dificuldades. A missão agora era vencer a prova para coroar mais uma conquista. E tudo se encaminhava para isso, não fosse Ron Dennis, que, pelo rádio, lembrou a Ayrton que ele e Berger tinham um acordo de que o austríaco venceria a corrida, caso o título já estivesse garantido.
Certamente contrariado, Senna cumpriu a ordem, deixando Gerhard passar apenas após a chicane que leva a reta dos boxes, na última volta. Um pequeno recado de que ele deixaria o companheiro vencer, mas que ele é que ganharia a prova. Situação que deixou seu melhor amigo na F1 um pouco constrangido, como o próprio revelou depois.

Esse foi o último título brasileiro na F1. Em 1992 Senna nada pôde fazer diante da superioridade da Williams. Em 1993, o filme se repetiu, mesmo que de maneira menos avassaladora. E em 1994, todos já sabemos o que aconteceu.

Fica então o registro de mais uma data histórica no automobilismo nacional.

Fonte: Wikipédia e Livro "Ayrton - O Herói Revelado" de Ernesto Rodrigues
Foto: Photobucket
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